Doçura
Páscoa: chance de negócio e setor aquecido; confira casos de sucesso
Segundo Sebrae, época é a melhor do ramo para faturar
Levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que o número de pequenos negócios que fabricam produtos derivados de chocolate aumentou durante a pandemia de Covid-19. Segundo a entidade, a abertura de novos negócios na área aumentou 57% em 2021 em comparação com o resultado do ano pré-pandemia.
Os dados foram obtidos a partir da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), que é formalizada pelos empreendedores no momento da abertura do negócio. Em relação ao faturamento, a pesquisa mostrou que 42% dos empreendedores venderam mais em 2020, primeiro ano do problema de saúde global, se comparados imediatamente com o ano anterior.
No ano passado, foram registradas 2.397 aberturas e 883 encerramentos. A maioria dos negócios (2.319) foram abertos por microempreendedores individuais (MEIs). Os demais envolvem microempresas (72) e empresas de pequeno porte (6).
O setor de chocolates atrai microempreendedores por ser uma área que não exige formação profissional prévia. Não são necessárias máquinas sofisticadas e a matéria-prima é acessível. Além disso, é um setor caracterizado pela facilidade em empreender, seja por necessidade ou por oportunidade.
Vendas devem aumentar 1,9%, em comparação ao ano passado e ganhos devem ficar 5,7% abaixo do alcançado antes do início da pandemia de Covid-19
A analista de competitividade do Sebrae Mayra Viana avalia que o crescimento do setor está relacionado à falta de barreiras para entrada no mercado.
"Temos um contingente de empreendedores que normalmente elaboram ovos e bombons a partir da barra de chocolate comprada pronta, em sua própria casa, sem grande necessidade de máquinas e equipamentos. Estão incluídos também os doceiros ocasionais, que buscam uma renda extra em determinadas épocas do ano, como a Páscoa”, disse.
Para este ano, o domingo que celebra a ressurreição de Jesus será comemorado no dia 17 de abril e, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas do comércio devem aumentar 1,9%, em comparação ao ano passado, mas ainda assim os ganhos devem ficar 5,7% abaixo do alcançado antes do início da pandemia de Covid-19.
De acordo com professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Gilberto Braga, o início de um novo empreendimento requer um estudo prévio, ainda que básico, para entender se é ou não viável. O levantamento precisa ser feito dos custos da produção; matérias primas, passando pela embalagem e chegando na logística das entregas.
Deve-se estabelecer a margem de lucro e definir o preço a ser praticado, assim como o volume de chocolates a produzir.
O especialista diz ainda que a segunda etapa para quem quer investir é comparar o seu produto com os concorrentes, tanto em qualidade quanto em preço. Pesquisar os preços dos chocolates industrializados e os demais fornecedores caseiros da região ou que acessem o mesmo público que o empreendedor está imaginando alcançar.
A terceira etapa é fazer umas amostras para testar a aceitação junto ao público, principalmente pessoas que podem se tornar formadoras de opinião e fazer propaganda do produto.
casos de sucesso
O ENFOCO buscou profissionais que deram certo no ramo e que investiram pouco, se tornando referências no setor. Empreendedores relataram experiências e detalhes sobre como manter as vendas, inclusive, ao longo do ano.
A empreendedora de Niterói Soraya Miranda, de 33 anos, relata que a confeitaria começou com um hobby, mas hoje se tornou sua principal fonte de renda. Em 2021, ela conta que chegou a faturar cerca de R$ 7 mil com as produções.
"Pensei em fazer chocolate por diversão e comecei , e da aí foi uma surpresa pq tive mais de 70 pedidos na Páscoa e eu nunca tinha feito nada. Fui divulgando em redes sociais todas as fotos dos meus ovos", relatou.
A páscoa é melhor época do ano para vendas, melhor que Natal
Já em Maricá, Carolina Regis, 20 anos, conta que encontrou na confeitaria um modo de fazer doces saudáveis e incentiva que outras pessoas façam algo que gostem e se identifiquem para alcançar o sucesso.
"Trabalho há 4 anos nesse ramo, eu estava em sobrepeso e precisava emagrecer mas minha dificuldade era o doce e não encontrava na nossa cidade produtos assim. Foi quando comecei minha especialização e a estudar sobre técnicas e funcionamento de cada ingrediente. Essa páscoa está sendo ainda mais especial porque eu trouxe pra Maricá um chocolate que foi eleito o melhor chocolate do Brasil que todo mundo pode consumir", comemorou.
Para Rosilene Dias, empreendedora de São Gonçalo de 27 anos, contou que iniciou na atividade fazendo doces para o aniversário da filha. Ela concordou com os colegas de profissão e disse que docinho e brigadeiro são uma ótima opção para começar, por serem fáceis e terem o custo mais em conta.
"Eu não tinha dinheiro para comprar as coisas, então comecei a fazer. A Páscoa é o momento de melhor faturamento para as confeiteiras, minha principal dica é prezar pela qualidade", Rosilene Dias.
Dica mais importante é a qualidade, não vender o que você não compraria
Para o casal Ana Beatriz Patrício e João Victor Mello, ambos com 22 anos, o início no ramo de chocolates e doces tinha a ver com o sonho de subirem altar.
"Sempre fomos apaixonados pela confeitaria. Em 2020, já com o pensamento de juntar as escovas de dentes, nós decidimos nos arriscar vendendo ovos de páscoa." contou o casal.
Custo x Lucro
De acordo com Soraya Miranda, o valor da matéria-prima para produzir chocolates aumentou nos últimos tempos.
"Foi um susto muito grande, aumentou em 70 %, ficou tudo muito caro, mas o cliente que é fiel a mim ele sabe o que tá acontecendo hoje em dia, não só nos produtos referente a confeitaria e hoje eles dão prioridade para as pessoas empreendedoras a comprar esses ovos de mercado".
O casal empreendedor de São Gonçalo, comentou que o leite condensado é o que mais pesa nos aumentos, pois é praticamente a base de todas as preparações.
"Infelizmente nós temos que repassar esse aumento aos nossos clientes. Porém estamos sempre de olho em promoções, optando sempre pelo atacado e montando um estoque de segurança para que esses aumentos repentinos não afete tanto nas nossas vendas", relataram.
Vendas ao longo do ano
De acordo com as profissionais, dá pra manter as vendas ao longo do ano e o principal motivo é através da fidelização de clientes. Elas afirmam ser necessário manter um padrão de qualidade.
"Eu acho que é trazendo novidades para os clientes e ir se aprimorando, o mercado tem muitas tendências, por exemplo, os mini ovos para degustação estão tendência nessa Páscoa e as pessoas querem estar por dentro das tendências, outro fator é não parar de estudar", relata Carolina.
Já Ana Beatriz e João Victor complementaram sobre a aposta em novidades.
"Todo mundo sabe o quão difícil é resistir a um docinho, então não pense que somente na Páscoa você vai conseguir ter boas vendas. Aposte nas épocas do ano, por exemplo, pense em algum doce refrescante para o verão, como sacolés, bolos gelados. Aproveite as épocas das frutas para diversificar o seu cardápio. O importante é estar sempre trazendo coisas novas", concluíram.
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