Denúncia

Professora chama aluna de 'encardida' em escola de Niterói

Mãe tirou a menina da unidade após o caso

O caso ocorreu no Colégio Estadual Manuel de Abreu, em Niterói
O caso ocorreu no Colégio Estadual Manuel de Abreu, em Niterói |  Foto: Lucas Alvarenga
 

NITERÓI - A aluna que acusou uma professora de racismo em uma escola pública de Niterói foi transferida de unidade. A estudante, de 13 anos, alegou que foi chamada de "encardida", no início do mês, durante a aula de Educação Física no Colégio Estadual Manuel de Abreu, localizado no bairro de Icaraí. 

A mãe da jovem relatou ao ENFOCO que ficou sabendo do caso por telefone enquanto a filha ainda estava na unidade de ensino. 

Caso aconteceu no início deste mês
  

“Eu estava em casa, aí ela me ligou chorando. Eu lembro que até achei que o colégio estava sendo invadido até eu conseguir entender o ocorrido. Ela me falou por telefone que tinha sido chamada de encardida, e eu fui lá na escola na mesma hora. Na entrada, umas funcionárias da unidade tentaram me acalmar, mas eu queria falar com a minha filha", disse a mãe da menina, que não será identificada para preservar a menor de idade. 

As ofensas, segundo a mãe da jovem, também foram em relação ao cabelo da estudante. 

"Essa professora disse que o cabelo dela era horrível, que ela tinha que tomar conta da vida dela e do cabelo dela. Minha filha perguntou o que esse ato dela ia mudar na aula da professora, e a docente disse que não ia mudar na aula, mas que ia mudar na vida dela por ela ser obrigada a olhar para a minha filha todos os dias. Como educadora, tinha que se colocar no lugar dela e, como mulher, ela não deveria fazer isso com uma criança. Fazer isso com uma mulher mais velha já é horrível, imagina uma criança", avaliou a mãe, que registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil pela internet.

Como educadora, tinha que se colocar no lugar dela e, como mulher, não deveria fazer isso com uma criança Mãe da jovem, que preferiu não se identificar
 

Sindicância é aberta

 

A mãe disse que, depois de denunciar o caso, recebeu outros casos de alunos que também foram vítimas de preconceito na unidade. Um deles foi de uma outra criança que ouviu da professora que tinha o cabelo "duro" e que era para a menina amarrá-lo. 

“É muita coisa, muita gente falou comigo sobre essa mesma professora, mas ninguém tem coragem de denunciar. Não sei a razão disso. Eu tirei minha filha dessa escola, porque ela não queria voltar para o colégio. Ela vai fazer acompanhamento psicológico por causa disso agora. Minha filha sofreu tanto com esse caso que quis até cortar o cabelo. Ela havia acabado de passar pela transição capilar. Até um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) esteve na escola”, afirmou a mãe. 

Segundo informações de testemunhas, alunos relataram que nesta terça-feira (16) a professora segue dando aulas na unidade. 

Procurada, a Secretaria de Estado de Educação informou que 'foi aberto o processo de sindicância para apuração do caso'. 

"No processo, a solicitação de afastamento temporário preventivo do servidor envolvido é uma das ações que visa preservar a apuração da possível irregularidade ocorrida.  Informa, também, que todo o processo está tramitando dentro dos prazos estabelecidos por Lei, respeitando os direitos de todos os envolvidos no mesmo", diz a nota.

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) de Niterói foi procurado, mas afirmou que vai se reunir para analisar a denúncia. A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) disse que não recebeu nenhuma informação sobre o ocorrido. 

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