Cidades
Projetos se unem para alfabetizar moradoras do Lixão de Itaoca, em SG
Após notarem que a maioria das mulheres do antigo Lixão de Itaoca, localizado no Salgueiro, em São Gonçalo, não sabiam ler e escrever, dois projetos sociais se uniram para mudar esta realidade. Com alguns cadernos, um quadro branco, lápis, borracha e muita força de vontade 10 ex-catadoras estão tendo a oportunidade de aprender com professores voluntários.
A iniciativa surgiu do projeto de capacitação de mulheres 'Sou Nós', em parceria com o coletivo 'Por Gentileza', que atua desde 2016 no local. A estudante de gestão de políticas públicas Débora Antunes, de 26 anos, que também é coordenadora do 'Sou Nós', conta que sentiu que precisava fazer algo quando percebeu que a maioria dos moradores não sabia ler ou escrever.
"Eu quero mostrar para eles que existe um sistema a qual eles fazem parte e que eles podem mudar isso. Na primeira aula uma aluna falou que quer aprender a ler e a escrever para poder ensinar aos filhos. Fiquei muito emocionada, porque é algo básico, muita gente pode e não quer ajudar os filhos, já ela quer e não pode por não saber. Quero que as próximas gerações consigam driblar o que é imposto a elas".
Débora Antunes, coordenadora do projeto 'Sou Nós'
A articuladora social do coletivo 'Por Gentileza', Thamiris Santos, de 30 anos, explica que não pensou duas vezes quando a ideia foi apresentada a ela.
"Quando fomos mais a fundo nessa conversa com elas [ex-catadoras], vimos que alguns documentos vêm escrito 'impossibilitado de assinar' e isso nos deixou bastante incomodadas. Saber ler e escrever deveria ser uma coisa básica".
Thamiris Santos, articuladora social do coletivo 'Por Gentileza'
A partir dessa ideia, Thamiris propôs que em seu aniversário os seus amigos doassem materiais escolares para que o projeto pudesse sair do papel.
Débora, que também é uma das professoras voluntárias, conta que percebeu que a turma acreditava que não iria conseguir. Ela conta que durante a primeira aula, que aconteceu no dia 1º, muitas alunas se surpreenderam e se emocionaram ao escreverem o próprio nome pela primeira vez.
"Foi a maior felicidade para mim. Eu fui criada em uma família de professores, sei o poder que o estudo tem na vida de uma pessoa. Essa história de que as pessoas não estudam porque não querem é uma mentira, e o nosso projeto está aí para mostrar isso. Nossas alunas são participativas e disciplinadas", afirmou.
As aulas acontecem todas as terças e quintas durante a tarde, no antigo lixão de Itaoca, localizado no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
Segundo a organização, agora o projeto está precisando da doação de lanches para as alunas e ajuda de custo para o deslocamento dos voluntários. Quem quiser conhecer mais as duas iniciativas e doar, pode entrar em contato através das redes sociais: @sounosoficial e @porgentilezaoficial.
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