Elabora Social
Alunas de baixa renda mudam de vida em curso de joalheria no Rio
Exposição das peças autorais ocorrerá em agosto
Ter em mãos uma joia assinada certamente seria um sonho distante para uma mulher com renda mensal de até R$ 2 mil. Graças ao Elabora Social, elas poderão se tornar protagonistas, assinar as próprias joias e expô-las profissionalmente como verdadeiras obras de arte.
O Elabora é um curso – reconhecido pelo MEC – desenvolvido em parceria com a Firjan Senai, com o objetivo de transformar a vida de mulheres de baixa renda através da qualificação profissional em ourivesaria.
Para isso, ele ensina a produção de joias autorais para mulheres com renda per capita de até 1 salário mínimo e meio, sendo 30% das vagas destinadas para cota racial. As aulas têm duração de nove meses e acontecem no Centro de Referência de Joalheria Firjan Senai (RJ), onde também há o apoio de um profissional de Libras, proporcionando um ambiente inclusivo.
A primeira turma de mulheres joalheiras capacitadas pelo programa irá expor suas peças no Centro Cultural Inclusartiz, entre os dias 15 de agosto e 15 de setembro. Logo em seguida, a exposição ocorrerá na ArtRio, uma das feiras de arte mais importantes do Brasil.
Renomados designers fazem parte do projeto, como Andrea Paes de Castro (que atuou como designer por 30 anos na H. Stern e Animale Oro), Tissa Berwanger (joalheira com formação internacional em Design com metais preciosos e ourivesaria). Todos unidos em prol da equidade social, de gênero e de raça no setor joalheiro.
Técnicas
O conteúdo programático inclui não apenas matérias específicas (como História da Joalheria, Técnicas Básicas e Avançadas de Confecção de Joias, Modelagem 3D e Metalurgia Aplicada a Ourivesaria), mas também outros temas importantes para a comercialização das peças, dentre eles, Fotografia Digital, Cravação e Competências Empreendedoras.
Segundo a diretora executiva do Elabora Social, Nathalie Kuperman, a ideia surgiu ao questionar o atual cenário da ourivesaria, um universo masculino e elitista.
“Meu grande sonho sempre foi criar um projeto social em que eu pudesse transmitir para outras mulheres o conhecimento adquirido ao longo dos anos. Assim nasceu o Elabora, com o intuito de proporcionar uma qualificação gratuita e inclusiva de mulheres, para que elas desenvolvam suas habilidades em uma carreira valorizada como a do segmento joalheiro, mas que é predominantemente dominada por homens”, ressalta.
Nathalie Kuperman explica que o Elabora é comprometido com as práticas ESG e, por isso, utiliza matérias-primas recicladas e de reuso, sendo grande parte dos insumos proveniente de doações de empresas parceiras. Dessa forma, a iniciativa busca disseminar a sustentabilidade e as boas práticas na joalheria.
“O Elabora foi criado para trazer transformação às alunas. É emocionante ver esse processo acontecer na sala de aula, com a lapidação dos metais para a criação de novas formas, e principalmente, na vida de cada uma”, finaliza a diretora executiva.
Mudando histórias
Várias alunas já estão colocando em prática os conhecimentos adquiridos, como por exemplo, Thuane de Carvalho Lisboa Rosa, de 27 anos. Ela afirma que começou a se interessar pela criação de peças em 2014, quando lançou uma marca de acessórios inspirados no mar.
“Fiquei sabendo do projeto por indicação de um amigo. Foi uma experiência única e extremamente gratificante, pois aprendi com profissionais de referência e que têm anos de experiência no ramo. Pretendo seguir me especializando em ourivesaria, para confeccionar e vender joias em prata. Dessa forma vou ampliar minha coleção, que hoje tem somente bijuterias”, conclui Thuane.
Já Fátima Aguiar Barbosa Moreira, que tem 32 anos, é formada em Escultura pela UFRJ e mestranda em Artes pela UERJ. Ela explica que costumava usar cimento, asfalto e vidro em suas criações, porém, sempre teve vontade de incluir outros materiais.
“Soube do Projeto Elabora através de uma professora da faculdade e foi uma experiência ótima. Me sinto realizada e animada. Aprender com professores renomados é um privilégio e eu aproveitei cada segundo. Pretendo usar as técnicas de ourivesaria para produzir peças em maior escala. Quero explorar a materialidade escultórica do cobre, do latão, da prata e do ouro. Inclusive meu projeto final do curso é uma joia-escultura”, completa Fátima.
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