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    ENFOCO entra na casa do filme 'Ainda estou aqui'; veja fotos

    Imóvel cinematográfico fica na Urca, na Zona Sul do Rio

    Publicado 08/01/2025 às 14:57 | Autor: Sofia Miranda
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    Casa de locação do filme virou ponto turístico
    Casa de locação do filme virou ponto turístico |  Foto: Péricles Cutrim

    Entre as casas coloniais do bairro da Urca, na Zona Sul do Rio, fica a famosa residência onde foi gravado o sucesso ‘’Ainda Estou Aqui’’, lançado em novembro de 2024 nos cinemas brasileiros. De uma esquina a outra da Rua Roquette Pinto com a Avenida João Luís Alves, é possível notar a charmosa casa de muros baixos. Três meses após a estreia do filme, o local tem sido procurado por espectadores do filme. 

    A ida até a casa, localizada de frente para a famosa mureta da Urca, é um complemento da experiência cinematográfica movida pela obra de Walter Salles. O local foi escolhido ainda em 2021, quando o longa começou a sair do papel. Na ocasião, o imóvel estava disponível para locações. Atualmente, foi anunciado à venda pelo valor de 3 milhões de dólares, o que equivale a quase R$ 18 milhões, de acordo com a cotação desta quarta-feira (8). 

    Segundo o corretor do imóvel, Marcelo Dias, a casa lembrou, desde o primeiro momento, a residência onde viveu a família de Rubens Breyodt Paiva, retratada na obra. A família real viveu no Leblon, também na Zona Sul carioca, no entanto, a casa foi destruída ainda no início da década de 1980, para dar espaço a um prédio residencial. 

    • Casa foi construída em 1937
      Casa foi construída em 1937 | Foto: Péricles Cutrim
    • Local já teve diferentes proprietários e está a venda atualmente
      Local já teve diferentes proprietários e está a venda atualmente | Foto: Péricles Cutrim
    • Local chamou atenção dos produtores pelo estilo colonial e muros baixos
      Local chamou atenção dos produtores pelo estilo colonial e muros baixos | Foto: Péricles Cutrim
    • Imóvel tem quatro suítes e três salas
      Imóvel tem quatro suítes e três salas | Foto: Péricles Cutrim
    • ENFOCO entra na casa do filme 'Ainda estou aqui'; veja fotos
      | Foto: Péricles Cutrim
    • Residência tem recebido fãs curiosos
      Residência tem recebido fãs curiosos | Foto: Péricles Cutrim
    • ENFOCO entra na casa do filme 'Ainda estou aqui'; veja fotos
      | Foto: Péricles Cutrim
    • Local fica de frente para mureta da Urca
      Local fica de frente para mureta da Urca | Foto: Péricles Cutrim

    ‘’Na época das gravações, os atuais proprietários tinham intenção de fazer uma reforma. Em seguida, a produção veio, nos procurou, eles ficaram meio aluga-não aluga, mas como eles tem o Departamento de Arte, resolveram e fizeram a locação para casa do filme’’, explicou. 

    Marcelo Dias, corretor responsável pela locação da casa para as gravações
    Marcelo Dias, corretor responsável pela locação da casa para as gravações |  Foto: Péricles Cutrim

    Após o fechamento do contrato de locação, foi iniciado o processo de reforma e adaptação do local para se tornar o máximo parecido com a casa original. Todo o processo de ambientação e gravação durou cerca de um ano e quatro meses, conta o corretor.

    Aspas da citação
    Quando os proprietários passaram em frente à casa, tomaram um susto. Eles (produção) tinham feito adaptações em relação ao filme. As paredes mudaram. Aquele amarelo envelhecido ficou interessante. Ela (dona) colocou a mão na cabeça: ’Minha casa!’ Eu falei: ‘Não, fica tranquilo que vai ficar como estava no original. Isso é só uma gravação.
    Marcelo Dias corretor do imóvel
    Aspas da citação

    O resultado tornou a Rua Roquette Pinto um pedaço da década de 1970 em 2023. ‘’Bom, todo mundo ficou encantado, perguntando o que estava acontecendo aqui. De repente, viam que estava sendo gravado um filme que o pessoal não tinha ideia de qual seria, viam carros antigos, a casa toda modificada. Foi muito bacana'', afirmou o profissional, que faz a corretagem do imóvel há 40 anos. 

    Ponto turístico 

    Três meses após a estreia do filme, o local tornou-se um ponto turístico, procurado por espectadores desejosos de ver o local onde ‘’moraram os Paiva’’. É o caso da estudante Joana Carvalho, de 32 anos, que foi com a família até o local. 

    ‘’Eu tinha visto o filme e aí depois saíram as notícias dizendo que eles tinham gravado aqui na Urca. Agora que a Fernanda Torres também ganhou a premiação, eu vim aqui atrás da casinha para tirar fotos. Eu achei bacana. Ela é bem bonitinha e eu estava vendo as fotos da casa no Leblon e é bem parecida com a que eles realmente moravam’’, afirmou a acreana. 

    Gravações duraram cerca de oito meses
    Gravações duraram cerca de oito meses |  Foto: Péricles Cutrim

    Sucesso de bilheteria 

    O longa concorreu na categoria de Melhor Filme em Língua Não Inglesa, na premiação Globo de Ouro. Já Fernanda Torres, que interpretou a esposa de Rubens, se destacou com a atuação fidedigna à existência de Eunice Paiva e garantiu o Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz de Drama. A artista concorreu ao lado de outros nomes de peso, como Kate Winslet, Nicole Kidman, Pamela Anderson, Angelina Jolie e Tilda Swinton. 

    O sucesso de bilheteria e de reconhecimento nacional tornou comum a ida de fãs até a residência. Da calçada, com câmeras apontadas para dentro da casa, a curiosidade varre todo o imóvel, na esperança de prolongar a experiência cinematográfica. 

    ‘’Eu gostei mais da parte de dentro porque era onde eles dançavam. Também tem as janelas, acho que tudo. E também essa rua aqui, onde eles estavam indo embora, a Vera grava na câmera, eles indo embora, mostrando a casa, os amigos’’, destacou a jovem Elisa Tavares de Souza, de 13 anos. 

    A família visitou o local a passeio, na última terça-feira (7)
    A família visitou o local a passeio, na última terça-feira (7) |  Foto: Péricles Cutrim

    A estudante fez questão de levar a família para assistir ao filme. Na última segunda-feira (8), de passeio na cidade, a fã também garantiu que os pais Leonardo e Luciana conhecessem o cenário que ajudou dar vida à obra.

    ‘’Saímos emocionadíssimos da sessão. E aí, chegando ao Rio ontem, o primeiro passeio que ela (filha) quis fazer já foi vir aqui’’, explicou a mãe, Luciana Diniz. 

    O longa retrata a vida da família Paiva, composta por Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello, a esposa, Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, e seus quatro filhos. O filme se passa no ano de 1971, quando o regime militar brasileiro explorava suas facetas mais repressivas. 

    Adaptado do livro de Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado federal, a obra capta os momentos de resiliência e sofrimento vividos pela família na ausência de Rubens, perseguido e executado nas dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do 1º Exército, localizado na Rua Barão de Mesquita, na Zona Norte do Rio. 

    Niuceli mora numa casa ao lado da residência onde ocorreram as gravações
    Niuceli mora numa casa ao lado da residência onde ocorreram as gravações |  Foto: Péricles Cutrim

    Para a moradora da região, Niuceli Magalhães, de 81 anos, as gravações foram uma experiência única. ‘’A comunidade toda participou intensamente das gravações porque é uma rua pequena. Então eles tinham que fazer interdições e tal. Então, teve um envolvimento muito forte e foi uma experiência única também. O Walter Salles é um iluminado. Ele trabalhando parece ser um Buda, com aquela calma, aquela paz e fez um trabalho magnífico’’, elogiou. 

    Juventude atropelada pela ditadura

    Ainda de acordo com a moradora, assistir às gravações e posteriormente ao filme foi a oportunidade de revisitar um momento emblemático de sua vida. Na época do regime, aos 20 anos, ela conta que chegou a perder colegas de classe. 

    ‘’Minha consciência política só brotou na universidade, onde eu soube de um colega meu, que era uma paz, o Yuri. Os pais eram comunistas. Um belo dia, a gente abre o jornal e tem a notícia que ele teria morrido em confronto com a polícia. Aquilo me deu um choque de realidade forte e minha consciência brotou aí’’, lembrou nostálgica. 

    Segundo a mulher, a movimentação no bairro é intensa após o filme, um resultado que a surpreende positivamente.

    ‘’Teve um fluxo muito grande de pessoas, de jovens de todas as idades, de todos os lugares do Rio de Janeiro vindo. Eu achei muito importante o pós-filme, o pós-gravação porque tocou todas as consciências’’, afirmou.

    Após o término da gravação, a casa foi devolvida em seu estado original e não preserva mais nenhum elemento de cenografia, uma dúvida recorrente de quem passa pelo local. Mas o corretor conclui: ‘’A casa continua com seu charme e sua beleza’’. 

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