Alerta

Explosão de casos de dengue em cidades do Rio

Boletim revela Capital com forte tendência de alta

Aumento em mais de 500% no mês de janeiro
Aumento em mais de 500% no mês de janeiro |  Foto: Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas

Com o Carnaval batendo à porta, a alta de números envolvendo casos de dengue no estado do Rio preocupa, principalmente por conta das chuvas das últimas semanas, e portanto, a preocupação com acúmulo de água em áreas castigadas pelas enchentes. Somente na Capital, segundo o Ministério da Saúde, já são 7.831 casos registrados este ano, com quatro mortes, ainda serem confirmadas se foi resultante da doença. O número representa cerca de um terço do número total de 2023, quando houve 22.859 casos e seis óbitos confirmados. 

Levantamento do Boletim Semanal do Centro de Inteligência em Saúde (CIS) mostrou que há forte tendência de alta nos casos de dengue, apresentando números acima da média histórica.

De acordo com o boletim, somente nas três primeiras semanas de janeiro, o estado registrou 9.963 notificações de casos prováveis da doença, representando crescimento de 587% em relação ao mesmo período de 2023.

Os sorotipos 1 e 2 do vírus da dengue estão em circulação no Rio. Embora tenha sido identificado um caso do sorotipo 4, não há evidências de sua disseminação. O sorotipo 3 está em circulação em Minas Gerais e São Paulo, mas não é registrado no Rio desde 2007.

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Plano de combate 

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|  Foto: Arte / Divulgação

Na tentativa de combater o avanço da dengue no estado, na última sexta-feira (23), o governador Cláudio Castro e a secretária estadual de Saúde, Claudia Mello, anunciaram o Plano Estadual de Combate à Dengue. Iniciativa que abrange a implementação de ações diárias, incluindo o uso de tecnologia, qualificação e apoio aos 92 municípios do estado. 

De acordo com o governo do estado, foram adquiridos equipamentos e insumos, destinados às cidades com maior incidência de casos, para estabelecer 80 salas de hidratação. Essas salas terão capacidade para atender até 8 mil pacientes por dia, totalizando um investimento de R$ 3,7 milhões. A Prefeitura do Rio não informou sobre ações de combate à doença na cidade.

São Gonçalo

Em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, a Secretaria Municipal de Saúde contabilizou 109 notificações de casos de dengue, neste ano, até esta terça-feira (30). Destes, 27 casos foram confirmados.

Até o último dia 26, a cidade tinha 96 notificações e 19 casos confirmados. Segundo a pasta, não há casos graves e nem óbitos. Dos bairros inspecionados, 52 ficaram com baixo índice de infestação, 31 com médio risco e três bairros com alto índice (Ieda, Porto Novo e Palmeiras).

Ainda de acordo com a pasta, a Vigilância em Saúde Ambiental realiza vários trabalhos de prevenção e orientação dos moradores durante todo o ano. Os agentes de controle das arboviroses visitam as casas nos bairros, pulverizando larvicida nos locais com acúmulo de água constantemente. 

Qualquer cidadão pode ligar para a Vigilância Ambiental e pedir uma visita nos casos de infestação de qualquer vetor. Os atendimentos são feitos, em média, em uma semana. Os cidadãos podem ligar para os números (21) 3195-5198, ramal 1008, da Coordenação de Vetores (21) 2604-6446 ou ainda pelo aplicativo Colab.

Niterói

A Prefeitura de Niterói informou que, no período de 1 a 29 de janeiro deste ano, foram confirmados apenas três casos de dengue no município e nenhum com óbito. O governo municipal também detalhou as ações preventivas que vêm sendo realizadas.

De acordo com a administração municipal, 'uma equipe de fiscais sanitários que atua exclusivamente em vistorias de imóveis abandonados, que são um risco para a proliferação dos vetores'. A prefeitura informou ainda que, durante todo o ano, agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realizam trabalho de rotina de prevenção e combate ao mosquito transmissor das arboviroses. A cobertura abrange 205 mil imóveis, com planejamento de visita pelos agentes a cada 2 meses.

A prefeitura informou também que há cerca de 300 servidores envolvidos nas atividades de combate ao mosquito transmissor das arboviroses, e 5 mil imóveis são visitados diariamente.

Wolbachia

Em 2023, Niterói se tornou a primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pelo método Wolbachia. No Brasil, ele é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais.

Em Niterói, o trabalho foi iniciado em 2015 com uma ação piloto em Jurujuba. Em 2017, começou uma expansão no município, e o método Wolbachia chegou a 33 bairros das regiões praias da Baía e Oceânica. Em 2021, dados revelaram a eficácia da proteção garantida pela Wolbachia. Os números apontam a redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica. Naquele período, 75 % do território estava coberto".

Maricá

A Prefeitura de Maricá informou que, em dezembro de 2023, foram registrados apenas 21 casos de dengue na cidade, sem nenhum óbito confirmado. Já em janeiro deste ano foram 35 até o momento, mas sem óbitos. De acordo com o último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), o município segue com risco baixo para a doença e os bairros com maiores concentrações são: Centro, São José, Inoã e Itaipuaçu. Não há registros de casos graves.

O governo municipal explicou ainda que 'a vigilância ambiental do município segue realizando um trabalho intenso de rotina de prevenção e combate ao mosquito Aedes Aegypti em toda a cidade. Agentes de combate às endemias realizam fiscalização e vistorias das casas em todas as regiões, combatendo possíveis focos do mosquito e orientando a população. Em 2023, os agentes vistoriaram mais de 80% dos imóveis da cidade, ultrapassando a meta definida pelo Estado'.

Por que essa alta?

De acordo com o infectologisa José Pozza Júnior, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), a dengue é uma doença típica do verão, por conta do calor e da água acumulada.

“É uma doença realmente muito típica do verão porque a combinação de calor extremo com focos de água acumulada, principalmente resultante da chuva de verão, é a combinação perfeita para a proliferação dos mosquitos. Tendo mais mosquitos infectados, essa transmissão aumenta", explica.

Ainda segundo o especialista, os sintomas que mais chamam a atenção, são: febre alta e dores pelo corpo. 

Bem característica da dengue é a dor de cabeça, mas com a impressão que a dor é atrás dos olhos. Podem ter outros sintomas como manchas vermelhas pelo corpo, enjoo, sensação de diarreia e fraqueza" José Pozza Júnior, infectologista da UniRio

O especialista alerta sobre a chegada da vacina, mas ser essencial usar repelente, e mosquiteiro, sempre que possível.

"Agora temos a vacina que é uma prevenção e que por enquanto ainda não está disponível para a população em geral pela rede pública, mas tem uma proposta de chegar uma vacina do Butantan que vai ser liberada para imunizar as pessoas a nível do SUS”, completou.

Vacina

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em 20 de julho de 2023, o uso da vacina contra a dengue no Brasil. Em fevereiro, a vacina estará à disposição para a população.

Segundo o Ministério da Saúde, inicialmente, as doses estarão disponíveis apenas nos municípios de grande porte com alta transmissão do vírus nos últimos dez anos. O público-alvo é formado por crianças e jovens de 10 a 14 anos e o esquema vacinal é de duas doses, com intervalo de três meses.

Casos no Brasil 

O Ministério da Saúde divulgou, nesta terça-feira (30), os números de mortes e casos de mortes no país. de acordo com o órgão, só nas primeiras semanas de 2024, o Brasil já registra um acumulado de 217.841 casos prováveis de dengue. Há ainda 15 mortes confirmadas e 149 em investigação. 

Com base nos números, a incidência da dengue no país é de 107,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto a taxa de letalidade da doença está em 0,9%.

Como prevenir?

A melhor forma de prevenção da dengue, de acordo com especialistas, é eliminar a água armazenada que pode se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas. 

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