Despedida
'Deus quis’, diz sobrinho em enterro de técnico em São Gonçalo
Leonardo Bastos morreu um dia após ser encontrado pela família
“Foi um misto de emoções, desde a notícia que recebemos da aparição dele, até encontrá-lo no hospital e a morte no dia seguinte. Foi como uma despedida. Deus quis assim”. Assim descreveu Yure Laurente, sobrinho do técnico em manutenção Leonardo da Silva Bastos, de 41 anos, que morreu na quarta-feira (18) um dia após ser localizado. Ele estava há um ano desaparecido e estava internado em um hospital em Muriaé, em Minas Gerais.
O corpo de Leonardo foi sepultado no Cemitério de São Gonçalo, no bairro Camarão, na tarde desta sexta (20). Cerca de 70 pessoas compareceram ao local para dar o último adeus a Leonardo. Abalados, a mãe e o irmão de Leonardo precisaram ser amparados por familiares durante o velório.
Por estar longe, familiares realizaram uma campanha virtual para conseguir recursos financeiros que pudessem custear o translado do corpo para São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, onde ele morava com a esposa e os filhos.
Durou um ano até que Leonardo fosse encontrado. Durante todo esse tempo, familiares viveram dias de angústia e desespero. O sobrinho Yure revelou ao ENFOCO como eles receberam a informação que o tio havia sido encontrado.
“Tudo começou quando uma mulher encontrou ele caído no acostamento de uma estrada em Além Paraíba. Ela acionou o Samu e ele foi encaminhado ao hospital. Mas como a situação dele estava debilitada, ele teve que ser transferido para um hospital em Muriaé. Lá, ele deu entrada como desconhecido, mas em um lapso, ele conseguiu falar o nome dele. A sorte é que meu tio carregava um cartão do SUS no momento. A partir daí, uma pessoa da assistência social começou a procurar pelo nome dele e viu sobre o caso. Foi assim que eles conseguiram entrar em contato comigo”, contou.
A partir daí, os familiares começaram toda a logística para conseguir ir até Muriaé finalmente encontrar Leonardo.
“Desde o desaparecimento dele recebemos muitos trotes. Mas quando recebemos a ligação da assistência social, pedi para que ela pudesse de alguma forma tentar confirmar que era ele, já que moramos longe do hospital em que estava. Então, ela mandou uma foto do braço dele mostrando a tatuagem, com o símbolo do infinito e os nomes dos filhos, aí tivemos certeza que era ele e fui até o hospital”, disse.
Eu vi a situação em que ele se encontrava, estava entubado, sem conseguir falar, mas era ele ali. Consegui ver o meu tio depois de mais de um ano, consegui falar com ele e me despedi. Teve uma hora que até escorreu lágrimas dos seus olhos. Horas depois ele se foi. Mas Deus sabe o que faz. Conseguimos encontrá-lo e me despedir a tempo, dando alívio à toda família.
Mistério sobre ferimentos
A causa da morte de Leonardo foi traumatismo craniano e choque séptico. No entanto, o que causou tudo isso ainda é um mistério para a família.
“Até agora não sabemos exatamente o que causou esse traumatismo. Pelo o que soubemos, a polícia não está investigando este caso. Ele se encontrava em situação de rua quando foi encontrado. Está traumatismo, segundo o IML, pode ter sido causado por diversos motivos. Queda, alguma briga, e até mesmo coisas que ele comia e bebia enquanto estava na rua”, completou Yure.
Maria Conceição, de 67 anos, contou que conhecia Leonardo de longa data e que após a aparição de Leonardo, esse não era o final que todos queriam.
“Depois desse tempo todo de busca e agonia, não era o final que queríamos. Mas pelo menos ele foi encontrado e a família pôde se despedir. Léo era a alegria em pessoa, uma pessoa do bem. Não sabemos o que aconteceu exatamente, mas ele devia estar sofrendo. Isso que me dói. É triste, mas agora todos vão descansar”, disse.
Renan Laurente também sobrinho de Leonardo, falou sobre o legado do tio para a família. "Digno de um profissional, um pai, um esposo, um tio. Enfim, difícil a gente descrever. E aí, realmente, parece que estava esperando, sabe? E a esposa e alguns familiares para poder se despedir e ele descansar em paz" descreveu.
Durante o sepultamento, os sobrinhos Yure e Renan realizaram um longo e emocionante discurso. Depois, todos os presentes entoaram uma longa salva de palmas e uma reza. Leonardo era casado há 20 anos e deixa dois filhos. Ele trabalhava em uma empresa terceirizada da Petrobras.
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