Cadê?
Na seca! Moradores de SG estão sem água há cinco meses
População local diz que já não sabe mais o que fazer

A falta de abastecimento de água no bairro Rocha, em São Gonçalo, tem gerado uma série de problemas para os moradores da região, que estão sem saber a quem recorrer desde outubro de 2024. Na manhã desta quarta-feira (5), moradores de diferentes ruas realizaram um protesto com baldes e cartazes, buscando chamar a atenção da concessionária Águas do Rio, que ainda não forneceu uma solução definitiva para o problema.
Jeicikelly Rosário, moradora da Rua Ari Barroso, vive uma situação angustiante com seu filho de 4 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo ela, a falta de água tem agravado as crises do filho, já que a água é um dos principais elementos que acalmam a criança.

“A situação está horrível, porque justamente o hiperfoco dele é água. Ele entra até em crise, porque quando ele está em crise, o que acalma ele é a água, é a piscininha dele, ou então um balde de água, um banho, e nem isso eu consigo dar para o meu filho. Aqui na rua só conseguimos água quando ficamos revezando com os vizinhos. Inclusive, eu estou comprando água, porque nem água para beber tem. Lavar um arroz também não tem nada. Está assim desde outubro”, desabafou Jeicikelly.
Bruna Carvalho, residente há 18 anos da Rua Ari Barroso, afirmou que nunca tinha vivido uma falta de água tão prolongada e intensa na região. Para ela, a situação piorou desde a troca da concessionária de água, quando a Cedae foi substituída pela Águas do Rio.

“Nunca ficamos sem água com a Cedae. Desde que entrou a Águas do Rio, a gente está tendo falta de água constante. Estou tendo que dar banho na minha filha de 8 anos na casa de outras pessoas”, relatou Bruna, que também tem um outro filho, visivelmente preocupada.
Hélio Moreira de Moraes, que mora há 30 anos na região, afirmou que até hoje não recebeu nenhuma justificativa por parte da Águas do Rio sobre a falta de abastecimento no local.
“Até agora não sabemos o que está acontecendo, pois não foi passado nada pra gente”, disse Hélio, evidenciando a frustração dos moradores diante da falta de respostas da empresa.
A advogada Adriana Magalhães, que também reside no bairro Rocha e representa algumas das famílias afetadas pela falta d'água, destacou que, embora tenham ganhado liminares em processos judiciais, a solução fornecida pela Águas do Rio tem sido um paliativo, com a entrega de água por caminhões-pipa. Ela criticou a ação da concessionária, que, segundo ela, não resolve o problema a longo prazo.

“Não adianta ingressar com ação, porque a gente tem ingressado com ação, o pessoal aqui está com falta d'água desde outubro de 2024, nós já estamos em 2025. E aí a gente entra com ação. O que acontece? A gente ganha a liminar. A liminar para quê? A liminar não é para resolver o problema. A liminar é o paliativo para trazer o quê? O caminhão pipa d'água. Só que o caminhão pipa d'água a gente tem que esperar cinco dias para a água vir. E detalhe: a maioria das pessoas aqui não tem cisterna, elas têm caixa d'água de 2 mil litros. A gente quer que resolva o problema agora, de imediato. A gente não quer o paliativo. O paliativo não resolve”, desabafou a advogada.
Além da Rua Ari Barroso, outras vias do bairro Rocha, como as ruas Américo Salvatori, Tiaga Fiori e João Agapito, também estão sem abastecimento de água. A situação se estende, ainda, para ruas do bairro vizinho Galo Branco. A falta de soluções concretas tem gerado uma onda de insatisfação e desespero entre os moradores.
O que diz a Águas do Rio
A Águas do Rio informou que "enviou equipes ao local nesta quarta-feira (5) e identificou que o abastecimento tem apresentado oscilações devido ao alto consumo, impulsionado por um dos verões mais quentes e secos da história". A concessionária disse ainda que "está realizando ajustes operacionais para regularizar a situação".
Além disso, ressaltou que, "na última segunda-feira (3), equipes atuaram em uma manutenção emergencial para reparar um vazamento na Rua Salvatori, no Colubandê, o que exigiu a interrupção temporária do sistema, afetando o fornecimento de água na região. O serviço foi concluído no fim do dia, e o abastecimento está sendo retomado gradativamente".


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