Cidades
Saúde de Maricá promove palestras sobre Aids e Mayaro
Cerca de 100 profissionais da área de Saúde de Maricá participaram nesta terça-feira (27) da II Jornada de Infectologia para Atenção Primária, no Rotary Clube da cidade. Temas como aids, zika, dengue, chikungunya, mayaro e sífilis adquirida e congênita fizeram parte do ciclo de palestras desenvolvidas no encontro realizado pela Secretaria de Saúde.
“É fundamental capacitar os profissionais a ter um olhar mais humanizado, técnico e pontual referente a essas arboviroses no atendimento aos usuários de forma a conhecer a história, formas de tratamento e novas abordagens”, frisou a coordenadora do programa DST/AIDS do município, Claudia Rodrigues.
Abordando as diversas arboviroses, o médico, pesquisador e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Amilcar Tanuri, responsável por “descobrir” a urbanização do vírus mayaro, destacou a semelhança com a chikungunya, que também é disseminado por mosquitos e pode provocar dores nas articulações.
“Podemos dizer que eles são primos. O Mayaro surgiu em Trinidad Tobago em 1954 e era encontrado só na Floresta Amazônica. Só que ele se adaptou às condições urbanas e há casos em Goiânia e em Niterói”, destacou.
De acordo com o professor, o Mayaro é endêmico e é normalmente transmitido pelos mosquitos do gênero Haemagogus, que vivem nas matas e também são conhecidos por propagar a febre amarela silvestre.
“É um perfil diferente do Aedes aegypti, vetor da dengue, zika, chikungunya e da febre amarela urbana que vive nas cidades. Nosso interesse é descobrir se em 2019 o vírus continua circulando. Se está circulando, onde? E ele já pode infectar mosquitos urbanizados”, acrescentou.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, de dezembro de 2018 ao início de maio, o Rio de Janeiro foi o Estado com a maior incidência de chikungunya no país – configurando um surto. Já em relação à dengue, zika e febre amarela, um relatório de janeiro do governo estadual mostra que a situação é melhor do que nos anos anteriores.
O médico imunologista, que atua na coordenação do programa DST/AIDS do município, Marcelo Velho falou sobre AIDS.
“A infecção pelo HIV, quando não tratada, leva a um estado de imunodeficiência avançada que resulta no desenvolvimento de infecções graves. Hoje, não esperamos mais o paciente ficar doente para começar com o tratamento. Desde que confirmada a soropositividade para HIV, encaminhamos para o serviço especializado e começamos logo com a terapia antirretroviral. Há medicamentos que atuam em todas as fases do HIV, bloqueando as diferentes etapas”, salientou.
O médico infectologista Gustavo Magalhães, da secretaria de Estado de Saúde, abordou sobre os métodos de Profilaxia Pós Exposição (PEP) e Profilaxia Pré Exposição (PrEP). “Quero destacar que o PrEP reduz o risco de se contaminar pelo HIV antes da exposição ao vírus, mas não é 100% garantido”, explicou.
Já referente ao PEP, o médico disse que é usado em até 72 horas quando a pessoa se expõe ao vírus, como por exemplo, o acidente material biológico ou vítimas de violência sexual. “Estudos comprovam que a chance de transmissão ao profissional de saúde é de 0,003% e não há registro oficial no Brasil que isso tenha ocorrido”, salientou.
Outro dado apresentado foi o alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a epidemia de Doenças Sexualmente Transmissíveis na era dos aplicativos de encontros. “Por isso, é fundamental que vocês que atuem na ponta expliquem isso aos pacientes, que é necessário usar a camisinha”, afirmou.
Sobre o tema “Desafios do Manejo da Infeção pelo HIV”, o infectologista do laboratório GlaxoSmithKlin (GSK), Marcelo Lima, apresentou o relato de um paciente virtual, o Bruno, de 30 anos, com sintomas como febre, náuseas e manchas pelo corpo para abordar a importância do diagnóstico precoce.
“São sintomas comuns de virose. Quase da metade dos casos de HIV são diagnosticados tardiamente. Sempre devemos suspeitar e estar atentos a certos grupos populacionais. Por isso, recomendo que, na dúvida, se oriente o paciente a fazer o teste rápido. Quanto antes tiver o resultado, mais rápido terá início o tratamento e reduzirá o número de novas contaminações”.
Segundo dados da OMS, 36,7 milhões de pessoas vivem com HIV e a organização preconiza para 2020 o método 90/90/90. “A meta é que 90% dos pacientes com HIV sejam diagnosticados, que desses, 90% estão em tratamento, e desses 90% com carga viral indetectável”, apresentou.
“Foi maravilhoso ampliar nossos conhecimentos por meio da troca de experiências desses excelentes profissionais”, salientou.
A enfermeira da unidade de saúde do Barroco, Amanda Soares, de 25 anos, também elogiou a iniciativa. “É bom para aprimorar o atendimento de nós profissionais que atuamos na ponta e lidamos diariamente com esses pacientes”, concluiu o enfermeiro da unidade de saúde de emergência Santa Rita, Thiago Reis, de 35 anos.
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