O jogador de futebol Gustavo Luís, de 13 anos, disse nesta terça-feira (31), no enterro do corpo do treinador do Clube Vila Maria Helena, Diogo Coutinho Vilar, de 18 anos, no Cemitério Nossa Senhora de Fátima, em Duque de Caxias, que não consegue esquecer as cenas do acidente com o ônibus em que estava e matou também três atletas, em Além Paraíba, Minas Gerais, na madrugada de segunda-feira (30). O time voltava para casa após ganhar um campeonato.
“Me sinto mal pelos meus amigos, passou muita coisa pela minha cabeça. Tenho tido sonhos repetindo o momento que foi triste. Perdi amigos, meu treinador, que também era meu amigo. Eu estava dormindo e, quando acordei, só lembro do ônibus tombando. Eu desmaiei e só acordei quando já estava lá embaixo com todo mundo gemendo, gritando. Tinha muita água e lama caindo em mim”, disse Gustavo que era lateral direito do time sub-16.
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Os jogadores que morreram foram: Kaylon da Silva Paixão, de 13 anos, Andrey Viana da Costa e Thyago Ramos de Oliveira, ambos de 15.
O pai de Gustavo, o motorista de aplicativo André Luiz Dias, também comentou sobre a sensação de acompanhar outros pais perderem seus filhos ou vê-los internados.
“O coração da gente fica abalado tanto o meu quanto o da mãe dele. Do mesmo jeito que tiramos uma corda que estava nos sufocando, vimos outros pais na mesma situação que a gente e eu não sei o que aconteceu e peço que seja averiguado direitinho porque foram vidas perdidas de meninos excepcionais. Crianças com sonhos, um rapaz com o sonho de fazer as crianças jogarem no clube e todos foram interrompidos. Sei que os familiares querem resposta sobre o que aconteceu”, disse André.
“Demorou um pouco, só conseguimos ter informações dele quando chegamos ao hospital. Eles estavam sem celular, poucos eram os que tinham. Foi um alívio saber que ele estava vivo. Meu filho deu graças a Deus que foi teve uns arranhões, mas tem meninos internados, se recuperando”, contou Aline Santos, mãe de Gustavo.
OUTROS SEPULTAMENTOS
Os corpos de Kaylon e Andrey também foram sepultados nesta terça. O sepultamento de Thyago será nesta quarta-feira (1º de fevereiro), já que seu corpo foi o último a ser liberado no Instituto Médico Legal. O enterro será no Cemitério 51, em Duque de Caxias, às 11h.
DESOLAÇÃO
“Os pais confiavam nele. Ele tinha muita credibilidade mesmo sendo tão novo", disse Alexandre de Souza, tio de Diogo, ao ENFOCO, também durante o enterro. Um ônibus foi alugado por alguns familiares de Diogo para levar quem estava no sepultamento.
Ainda de acordo com Alexandre de Souza, os sobreviventes contaram que pediram, sem sucesso, que o motorista parasse o veículo para que os jogadores comessem alguma coisa.
“Não queremos acusar nada. Vamos esperar as investigações, mas sabemos que alguns jogadores disseram que pediram para motorista parar para que eles pudessem comer. O motorista, porém, disse que queria chegar logo em casa. Eles só iam parar por dois minutos. Hoje (terça) teríamos treino na nossa escolinha, Diogo ia se apresentar para dar aula. Espero que Deus conforte o coração de todos até do professor Rafael que segue se recuperando”, afirmou Alexandre.
O tio de Diogo também expressou a tristeza da família. “É muito difícil. Eu convivia com ele, era praticamente um irmão pros meus filhos. A família está despedaçada. Não queremos acreditar que ele se foi. Muitas vezes não entendemos os planos de Deus, mas espero que ele possa estar lá e brilhar”, disse.
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