Cidades
UFF se posiciona contra o programa 'Future-se' do MEC
A Universidade Federal Fluminense (UFF) se posicionou unanimemente contra o programa Future-se, anunciado no mês de julho, pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.
A decisão foi confirmada durante o conselho universitário, realizado na quarta-feira (4), e marca um ato político contra a proposta do Governo Federal.
Segundo o MEC, o objetivo do programa é dar autonomia financeira para universidades e institutos federais, a partir do fomento do empreendedorismo e da inovação por meio da captação de recursos privados. No entanto, para o coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFF, João Neto, de 24 anos, o texto atual do programa é, na verdade, uma tentativa de terceirizar a responsabilidade do Governo no investimento para o ambiente acadêmico.
"O Future-se no modelo como está é incompatível com a realidade atual da universidade. Existe há algum tempo um descaso no repasse de recursos e investimentos para as faculdades e agora o corte de bolsas e verbas. Ou seja, lançam um projeto a mais, porém não dão uma solução para problemas antigos. Fora que, do ponto de vista acadêmico, esse tipo de programa prioriza pesquisas de visibilidade do mercado e exclui importantes avanços em áreas como Educação e Sociedade", afirmou João.
O vice-presidente da Associação dos Docentes da UFF (Aduff), Waldyr Lins de Castro, também acredita que o "Future-se" privilegia estudos que visam lucro diretamente. Para o professor, isso distorce o caminho que a universidade vem trilhando, de ser pública e gratuita para todos.
"Hoje a universidade tem autonomia para produzir conhecimento em todas as áreas, seja ele qual for. Isso tem valor imensurável para toda a sociedade, pois não restringe a um pensamento único, a uma linha de produção. A UFF é um local livre para produzir conhecimento independente da força de mercado. Então, o Governo não pode cortar verbas e bolsas para pesquisa e dizer que para captar verba tem que mudar a forma de funcionamento", reitera o docente.
Votação
A decisão acadêmica, no entanto, ainda não tem força concreta porque o texto do programa ainda precisa tramitar em votação nos plenários legislativos federais.
Em resposta ao posicionamento da UFF, o Ministério da Educação apenas comentou que a adesão ao programa é voluntária.
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