Indignação
'A Justiça nos calou', diz viúva de Durval durante protesto em SG
Militar acusado de matar o repositor foi solto na última sexta
Parentes do repositor Durval Teófilo Filho, assassinado em fevereiro deste ano por um vizinho, que é militar, após ser confundido com um criminoso quando chegava em casa no bairro do Colubandê, em São Gonçalo, estiveram na manhã desta segunda (12) em frente ao Fórum da região para protestar contra a decisão da Justiça que determinou a soltura de Aurélio Bezerra, acusado de atirar em Durval.
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Essa é a Justiça na qual o desembargador abre mão para que esse assassino cometa outros crimes?
Na última sexta-feira (9), o desembargador Cairo Ítalo França David, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, decidiu que o acusado iria passar a responder o processo em liberdade. Aurélio Alves Bezerra confessou o crime e foi preso. Na época, ele disse que acreditava que Durval podia ser um assaltante e atirou como forma de se proteger.
“A Justiça nos calou, pois eu estava confiando cegamente nela e ela nos calou dando liberdade ao Aurélio, que vai responder em liberdade, enquanto o meu marido está lá preso naquele caixão eternamente pelas mãos do Aurélio. É justo isso?”. disse Luziane Teófilo, de 35 anos.
A viúva conta que não consegue contar à filha do casal que o pai foi executado.
“Minha filha, que na época tinha seis anos, viu o pai ser assassinado na frente dela. Até hoje eu não consigo dizer que a ela que ele foi morto. Amanhã [terça] seria o aniversário do Durval e, se o Aurélio não tivesse cometido esse crime, eu não estaria aqui, protestando. Por isso, eu queria falar diretamente ao desembargador Cairo e indagar o motivo de ele ter feito isso. Essa é a Justiça na qual o desembargador abre mão para que esse assassino cometa outros crimes?”, indagou ela.
Luziane teme por ameaças após a soltura do sargento da Marinha. “O Cairo vai se responsabilizar pela vida de cada um de nós? Esse assassino foi covarde, ele só matou o meu marido porque o Durval era negro. O Aurélio sabia muito bem quem o meu marido era quando cometeu o crime", contou ela.
A viúva relatou que a criança comemorou seu primeiro aniversário, no final de agosto, sem o pai. “O presente dela seria a presença do pai dela. Eu tive que fazer uma festinha para tentar amenizar a dor", disse.
Segundo familiares e amigos, Durval era um excelente pai, irmão e marido. Colegas também disseram que o repositor sempre ajudava os outros e evitava se envolver em confusão. O advogado da família, Luiz Carlos de Aguiar Medeiros, disse que vai recorrer da decisão.
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