Justiça
Sargento que matou vizinho em São Gonçalo vai a júri popular
Sentença é da juíza Juliana Grillo El-jaick
O sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra vai a júri popular, segundo decidiu a juíza Juliana Grillo El-jaick, titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. A Justiça do Rio ainda não revelou a data. Aurélio é autor dos disparos que mataram o repositor Durval Teófilo Filho, de 38 anos, na porta de casa, em São Gonçalo.
O crime aconteceu em 2 de fevereiro deste ano, na Rua Capitão Juvenal Figueiredo, na entrada do Condomínio Recanto dos Ipês, no bairro Colubandê, quando o militar confundiu o vizinho, negro, com um ladrão.
No Tribunal do Júri, o caso é decidido por cidadãos previamente alistados e sob juramento.
"A questão, desta forma, apresenta-se apta ao julgamento popular, pois, diante da probabilidade de o acusado ser o autor dos fatos em comento, os jurados devem decidir o mérito da causa. Diante do exposto, julgo admissível a pretensão punitiva estatal e pronuncio Aurélio Alves Bezerra como incurso nas penas do artigo 121, §2º, incisos I e IV do CP, a fim de que seja levado a julgamento perante o Tribunal do Júri", decretou a juíza Juliana.
Em maio, a Justiça manteve a prisão preventiva de Aurélio.
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A magistrada diz, na sentença, que o réu agiu “com vontade livre e consciente, assumindo o risco de matar”. El-jaick continua relatando que o crime foi cometido "por motivo torpe, por achar que seria assaltado pela vítima, seu vizinho, um homem negro que apenas chegava ao lar voltando do trabalho”.
A juíza também considerou depoimentos de 11 testemunhas prestados durante audiência de instrução do processo. Na avaliação da magistrada, as declarações foram "coesas e convergentes".
"As testemunhas prestaram depoimentos coesos e convergentes [...] que a viúva prestou declarações à imprensa e teme por sua vida e de sua filha", pontuou.
O crime
O crime ocorreu na noite de 2 de fevereiro deste ano, quando a vítima chegava em sua residência e procurava a chave de casa na mochila. O militar, que estava dentro de seu carro, atirou três vezes, segundo as investigações.
Conforme os autos, Aurélio alegou que o trabalhador se aproximava rapidamente e acreditou se tratar de um assaltante. O acusado chegou a socorrer Durval e levá-lo ao Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, mas a vítima não resistiu. O militar recebeu voz de prisão na unidade de saúde.
Durval deixou a mulher Luziane Teófilo e uma filha de 6 anos. Seu corpo foi enterrado no Cemitério São Miguel, em São Gonçalo, acompanhado por centenas de pessoas. Familiares e amigos protestaram e afirmaram haver racismo por trás do crime. Cartazes com os dizeres “Vidas negras importam” foram levados.
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