Relato
'Achei que dava pra ajudar, mas são só mortos, mortos e mortos', diz médica na Penha
Profissional está na praça onde corpos foram enfileirados

O relato da médica Maria Sampaio, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ecoa o desespero e o colapso humanitário que tomaram conta da Penha, na Zona Norte do Rio, após a operação mais letal da história do Rio.
“É muito triste, achei que dava pra ajudar alguém, mas são só mortos, mortos emortos... Muitos mortos. Não soube de mulheres nem crianças que morreram, graças a Deus”, disse a médica, com a voz embargada.
A fala, curta e carregada de dor, resume o cenário de destruição que se formou no Complexo da Penha, onde mais de 60 foram recolhidos por moradores e levados até a Praça São Lucas.
Por volta das 10h30 desta quarta-feira (29), o corpo de mais um homem foi retirado de uma área de mata da comunidade. Um pastor voluntário conduziu o veículo que transportou o cadáver até a praça, onde familiares se reuniam em desespero.
Entre lágrimas, uma moradora que preferiu não se identificar desabafou:
“Eles deveriam ser presos e não mortos. É uma mãe, um pai, uma família que chora. A nossa comunidade está de luto, doutor. Uma chacina aconteceu aqui.”
O caso também mobilizou trabalhadores da região. O pedreiro Márcio, que mora na comunidade, ajudou a recolher os corpos e criticou a ausência de representantes de órgãos de defesa dos direitos humanos.

“Cadê os direitos humanos para nos apoiar, para resgatar o restante que está lá na mata? Aqui tem vários familiares sofrendo”, lamentou.
As autoridades ainda não confirmaram o número oficial de mortos.

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