Acusado de atropelar e matar mulher em Niterói vai a júri popular

A juíza Nearis Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, decidiu que Marcos Rezende Kita, acusado de atropelar e matar Isabel Cristina de Mendonça Souza, de 49 anos, no Engenho do Mato, Região Oceânica da cidade, vai a júri popular. O caso aconteceu em maio deste ano, mais precisamente dia 14, no "Dia das Mães".

Segundo o documento, nove pessoas foram ouvidas como testemunhas durante uma audiência realizada no dia 4 de setembro, sendo quatro de acusação e cinco de defesa do acusado. Além disso, câmeras de segurança de estabelecimentos próximos ao local foram analisadas pela polícia.

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O crime teria sido cometido, segundo descrito, por "motivo fútil, decorrente de uma discussão e um desentendimento pontual entre pessoas desconhecidas". Ainda segundo a juíza, o acusado "demostrou descontrole e conduta desproporcional a atingir a vítima de forma fatal, tendo dirigido o veículo contra Isabel e as demais vítimas".

Na ocasião, a confusão começou após Isabel, junto com seu filho Matheus Henrique de Mendonça, e seu sobrinho Shelton Almeida de Mendonça, estarem saindo de um bar e voltando para casa na madrugada do dia 14 de maio, na Rua São Sebastião, no Engenho do Mato, e encontrarem o acusado aparentemente dormindo dentro do carro.

Em seguida, as vítimas foram até Marcos solicitando que ele retirasse o carro da rua, pois estaria atrapalhando a passagem. Em dado momento, o acusado teria se mostrado alterado, e começou um bate-boca. Foi quando Marcos, ainda dentro do veículo, puxou os cabelos de Isabel, dando início a uma troca de agressões entre ele, Matheus e Shelton.

Quando parecia que as agressões haviam cessado, Marcos acelerou o carro em marcha a ré e atropelou Isabel de forma proposital, segundo consta no despacho da juíza. Por outro lado, Matheus e Shelton não foram atingidos pois conseguiram desviar do veículo. 

Isabel ficou presa debaixo do carro e foi arrasada por cerca de 39 metros

Segundo consta no laudo pericial, Isabel ficou presa debaixo do carro e ainda foi arrastada por cerca de 39 metros. Em seguida, Marcou fugiu sem prestar ajuda à vítima. Isabel foi socorrida e encaminhada para o Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, em São Gonçalo, com politraumatismo, mas já chegou à unidade de saúde sem vida.

Apesar da Justiça já ter determinado que Marcos Rezende Kita será julgado em júri popular, ainda não há data definida para isso. Ele foi indiciado por homicídio triplamente qualificado pela morte de Isabel Cristina de Mendonça e também por duas tentativas de homicídio também triplamente qualificado por tentar atropelar Matheus Henrique de Mendonça e Shelton Almeida de Mendonça.

Defesa do acusado contesta

O advogado Reinaldo Máximo, responsável pela defesa de Marcos Rezende Kita, contesta decisão da juíza. Segundo Reinaldo, o acusado não teve a intenção de atropelar a vítima, já que, devido às agressões praticadas por Mathues Mendinça e Shelton Mendonça, Marcos ficou desorientado e estava tentando fugir para evitar ser brutalmente espancado.

Ainda de acordo com o advogado, a vítima estava saindo de trás de uma barra de ferro quando foi atingida e Marcos dava a marcha a ré com o carro. Além disso, o advogado disse que a aceleração repentina se deu por uma falha mecânica constante no veículo, como consta em laudo.

Com isso, a defesa alega que o acusado deve ser julgado por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) e não por homicídio triplamente qualificado. Além disso, o advogado também pediu que Marcos responda em liberdade.

Depoimento do acusado

Quando foi preso, no dia 19 de maio, Marcos Rezende Kita prestou depoimento na 81ª DP (Itaipu), afirmando que sofreu agressões na noite do atropelamento. Em documento obtido com exclusividade pelo ENFOCO, o motorista disse aos agentes que, na noite em que crime aconteceu, ele havia ingerido bebida alcoólica, e seguia a caminho de casa para encontrar a namorada. Ele parou em frente ao bar Bombar e alega ter sido surpreendido por pessoas que começaram a lhe desferir socos e pontapés, sem motivos.

Ainda em depoimento, o suspeito disse que foi arrancado do carro e que não se recorda de quantos agressores eram, mas estipula um número de três ou quatro. Ele afirma então que voltou ao veículo, muito atordoado, e decidiu ir embora. Logo em seguida, ele alega que percebeu que não poderia seguir em frente, pois o caminho daria para a Praça do Engenho do Mato, que estaria interditada, por isso deu ré para utilizar o desvio.

Os agentes questionaram ainda se ele não teria percebido que passou por cima de algo, mas o suspeito alegou que o terreno no local é muito irregular e estava escuro.

Relembre o caso 

Segundo testemunhas, a briga começou após o homem, que estava dormindo em seu carro, ter sido interpelado pela vítima para retirar o veículo que estaria obstruindo a circulação no local. Isabel estava voltando de um lanche com o filho. 

A Polícia Militar informou apenas que agentes do 12ºBPM (Niterói) foram verificar a ocorrência no local, e uma equipe do Corpo de Bombeiros acionada para prestar socorro à vítima, que foi encaminhada com politraumatismo ao Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), no Fonseca, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. 

Outras testemunhas ouvidas pelo ENFOCO próximo ao bar onde tudo aconteceu contaram que uma confusão generalizada começou na rua próximo ao bar e que o homem que estava dentro de um carro foi agredido por cerca de cinco pessoas, após a discussão com Isabel Cristina. Assim que conseguiu escapar das agressões, o suspeito teria entrado nervoso em seu veículo e acabou atropelando a vítima após dar ré no carro.