Justiça
Acusado de atropelar e matar mulher em Niterói vai a júri popular
Caso aconteceu há dois anos no Dia das Mães no Engenho do Mato

Marcos Rezende Kita, acusado de atropelar e matar Isabel Cristina de Mendonça Souza, de 49 anos, no Engenho do Mato, Niterói, no Dia das Mães em 2023, vai a júri popular na próxima terça-feira (6). A informação foi repassada, com exclusividade ao ENFOCO,por familiares da vítima e confirmada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio.
O julgamento está marcado para às 13h, na 3ª Vara Criminal de Niterói, no Centro da cidade. Marcos Rezende responde pelo crime de homicídio qualificado.
"Todos os familiares estão ansiosos, porém não será fácil relembrar de todo ocorrido. Esperamos que a justiça seja feita e que ele seja condenado com pena máxima, é o mínimo de conforto que teremos em saber que ele não estará nas ruas", desabafou a irmã da vítima, Cristiane Mendonça.
Ainda de acordo com Cristiane, mesmo quase dois anos após o crime, familiares estão abalados. "Minha mãe que não estava bem de saúde entrou em depressão e no mês seguinte faleceu. Nossa família sofreu e ainda sofre muito, além de perder minha irmã de uma forma tão cruel, acabamos perdendo nossa mãe", contou.
A dor de um pai
Edson Kita, pai do motorista acusado, também se pronunciou sobre o caso. Em contato com o ENFOCO, ele contou que vive dias difíceis nesses dois anos e afirmou que o filho dele está sendo acusado de forma tendenciosa.
"Tenho vivido um tempo de grandes dificuldades, com o meu filho preso, sob a acusação de ter, de forma violenta, assassinado uma senhora de nome Isabel e tentado matar seu filho e outro menor. Hoje olho para as coisas que acontecem no Brasil e fico com muito medo que a justiça mais uma vez seja parcial, não pelos membros dos juri, mas pelas informações noticiadas sobre o caso", desbafou.
Ainda de acordo com Edson, nem todas as provas foram apresentadas, pediu liberdade para o seu filho e que os agressores também sejam punidos.
"Os vídeos apresentados pelas mídias, nenhum deles mostrava o início dos fatos, mostraram apenas a parte final, onde, infelizmente, Isabel, ao se lançar no caminho de fuga, se choca com o veículo. Toda ação tem como consequência uma reação. Os agressores usando de ações violentas levaram Marcos a entrar no carro e fugir. Infelizmente durante a fuga houve um atropelamento e a vítima veio a falecer. Meu filho está preso, mas e os agressores? Por isso, peço liberdade para o Marcos", disse Edson.
Depoimentos contraditórios
O pai de Marcos Kita aproveitou para enfatizar que, segundo as investigações, as testemunhas prestaram depoimentos contraditórios e voltou a afirmar que seu filho estava somente tentando se proteger e fugir para não acontecer o pior.
"Uma testemunha disse que foi chamada na delegacia para ver os vídeos dos fatos e fazer a "correção no seu depoimento”, deixando o seu depoimento de consonante com as filmagens, deixando claro que o depoimento inicial foi mentiroso. A única testemunha que presenciou todos os fatos, disse que, ao ouvir os gritos, foi à janela de seu apartamento, olhou e viu Matheus e o um outro homem agredindo Marcos. Com toda movimentação, agitação e gritos, algumas pessoas surgem para ver o que estava acontecendo. Todas com o mesmo pedido, 'que os agressores parassem que bater no motorista', o Marcos. Ele só queria se defender e lutou pela sua vida", afirmou.
Acusado diz que foi agredido
Marcos Rezende Kita foi preso cinco dias após o crime. Em depoimento, na época, ele afirmou que sofreu agressões na noite do atropelamento. Em documento obtido com exclusividade pelo ENFOCO, o motorista disse aos agentes que, na noite em que crime aconteceu, ele havia ingerido bebida alcoólica, e seguia a caminho de casa para encontrar a namorada.
Ele disse que parou em frente ao bar Bombar e alega ter sido surpreendido por pessoas que começaram a lhe desferir socos e pontapés, sem motivos.
Ainda em depoimento, o suspeito disse que foi arrancado do carro e que não se recorda de quantos agressores eram, mas estipula um número de três ou quatro. Ele afirma então que voltou ao veículo, muito atordoado, e decidiu ir embora.
Logo em seguida, ele alega que percebeu que não poderia seguir em frente, pois o caminho daria para a Praça do Engenho do Mato, que estaria interditada, por isso deu ré para utilizar o desvio.
Os agentes questionaram ainda se ele não teria percebido que passou por cima de algo, mas o acusado alegou que o terreno no local é muito irregular e estava escuro.
Filho da vítima detalha cena
Matheus Henrique de Souza, de 23 anos, estava junto com Isabel e contou o que aconteceu no dia.
"Eu estava junto com a minha mãe no momento. O homem estava dormindo dentro do carro e estava atrapalhando a rua, e então minha mãe se dirigiu até ele e pediu para que saísse do local. Foi aí que ele respondeu de uma maneira muito grossa e levantou empurrando a minha mãe. Nessa hora, eu me meti e fui defendê-la, começando uma confusão. Mas depois algumas pessoas chegaram, e a briga foi apartada. Mais tarde, o homem voltou pro carro e começou a ameaçar a gente, falando que ia pegar uma arma no carro. Quando minha mãe estava saindo daqui, ele engatou a ré e passou por cima dela. Foi proposital", contou.
Relembre o caso
O crime aconteceu próximo a um bar na Rua São Sebastião, no Engenho do Mato, na Região Oceânica de Niterói, na noite do dia 14 de maio de 2023. Segundo testemunhas, a briga começou após o homem, que estava dormindo em seu carro, ter sido interpelado pela vítima para retirar o veículo que estaria obstruindo a circulação no local.
No momento, Isabel estava voltando de um lanche com o filho. Em seguida, uma discussão começou e o acusado passou com o carro diversas vezes sobre o corpo da mulher.
Uma câmera de segurança no local registrou todo o momento. Nas imagens, é possível ver que o homem dá ré com uma certa velocidade e atinge a vítima. Ela cai e o veículo passa por cima dela novamente seguindo para a frente. Em seguida, ele foge.


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