Bloqueio
Alunos e professores da UFRJ são ameaçados por bolsonaristas
Segundo relatos, o grupo ameaçou atear fogo nos estudantes
Alunos e professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) denunciam que foram ameaçados e impedidos de seguir viagem por um bloqueio de bolsonaristas, nesta segunda-feira (31), na Rodovia Presidente Dutra, em Barra Mansa, Zona Norte do Rio.
Um ônibus e uma van levavam 30 estudantes de geologia, cerca de três docentes, e quatro motoristas. Eles se dirigiam a Uberaba, Minas Gerais, para um trabalho de campo.
No ida para um hotel mais próximo, os professores orientaram os estudantes a se dividirem em grupos, portando apenas as roupas do corpo e documentos. Segundo relatos, durante o caminho os estudantes foram xingados, filmados, hostilizados, e até ameaçados pelos manifestantes de serem queimados.
De acordo com a universidade, o grupo de estudantes e motoristas estão bem e devem desistir de seguir para a aula que aconteceria em Uberaba, retornando ao Rio ainda nesta terça-feira (1º).
Em nota, a Reitoria da UFRJ confirmou a situação e lamentou a postura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que "não se esmerou" para que o grupo pudesse seguir a viagem.
"Os estudantes, professores e motoristas estão bem e devem desistir de seguir a aula que aconteceria em Uberaba (MG), infelizmente, retornando ao Rio. A Reitoria espera que eles cheguem o mais rápido possível e em segurança, dado o estado de apreensão da comunidade acadêmica e, principalmente, de suas famílias.
A Reitoria repudia veementemente o bloqueio e a hostilização protagonizados pelos manifestantes que impossibilitaram os estudantes de prosseguir viagem de pesquisa acadêmica. Além disso, nos solidarizamos com cada discente, docente, motorista e seus familiares. Além dos sucessivos bloqueios orçamentários que a UFRJ atravessou por todo o ano de 2022 levando a um estado de penúria financeira, ter, agora, que encarar bloqueios terrestres que impedem o livre tráfego para produzir pesquisas é surpreendente para uma instituição centenária como a UFRJ.
A Reitoria da UFRJ lamenta, ainda, a postura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que, para não criar conflito com os caminhoneiros manifestantes, não se esmerou inicialmente para que a comunidade acadêmica da UFRJ ali representada pudesse ter o direito a estudar e prosseguisse com sua viagem de trabalho de campo.
A UFRJ não permitirá que seus estudantes, professores e funcionários sejam ultrajados e hostilizados e com anuência de outros entes do Poder Executivo. Vivemos em uma República. A Universidade não se calará e não permitirá que ataques sucessivos à comunidade acadêmica continuem em marcha contra a educação e a democracia, nem tampouco compactuaremos com discursos de ódio e ataques antidemocráticos. Seguimos lutando e acreditando na ciência e na educação de qualidade como rota para um Brasil melhor, como acontece em todo país verdadeiramente independente e desenvolvido."
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