Assaltantes 'batem ponto' em São Gonçalo e atacam trabalhadores

Uma sequência de assaltos em diferentes ruas, entres elas, Joaquim Cleto, Alzira Vargas e Monsenhor Benedito Marinho, no Pacheco, em São Gonçalo, tem deixado a população refém da violência. Segundo relatos, os criminosos passaram a atuar com mais frequência há cerca de um mês em dois turnos fixos, focando nas rotinas de trabalhadores, das 5h às 7h e a partir das 18h, ou seja, na ida e volta do trabalho.

“Eles começam a agir bem cedo, por volta das 5h, e param por volta das 7h. Esta é a hora que o trabalhador está saindo de casa. Na última segunda-feira (16), um homem foi assaltado bem na minha frente. Liguei várias vezes para o 190, mas a ligação nem completava. Isso foi por volta de 7h, e mesmo tentando depois, não consegui falar com a PM”, contou um advogado que preferiu não se identificar.

E o medo tem mudado a rotina dos trabalhadores. Uma operadora de caixa, que também preferiu não se identificar, passou a esperar companhia na rua para sair de casa com mais segurança.

“Agora eu só saio se tiver alguém passando. A gente trabalha muito para ser assaltada desse jeito”, disse.

Além das abordagens pela manhã, os bandidos retornam ao anoitecer, conforme relatam os moradores.

“Depois das 7h eles somem, mas voltam a assaltar às 18h”, revelou outro morador que também preferiu o anonimato. 

Nos pontos de ônibus, o clima é de vigilância constante, especialmente contra motos, o meio de transporte mais utilizado nos crimes.

“A gente fica mais de olho nas motos do que nos ônibus. A todo momento passa uma, e nunca sabemos se é bandido ou não”, desabafou um passageiro.

O cenário tem transformado o comportamento de toda a vizinhança. Uma aposentada de 74 anos contou que vive praticamente trancada em casa.

“Só varro a calçada depois das 7h, quando já passou o pior horário. Minha casa tem muro alto e fico o dia todo trancada. Não dá para dar mole”, contou.

Diante da escalada da violência, moradores passaram até a investir em segurança. Cerca elétrica, câmeras e muros mais altos já são parte da paisagem de muitas casas.

Policial civil baleado na região 

No último dia 16, o policial civil Lucas Lopes Mourão, que é investigador da 40ª DP (Rocha Miranda), foi baleado na cabeça durante uma tentativa de assalto. Ele, que está internado em estado grave, no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), foi perseguido por 15 minutos por criminosos de motos.

Estatística oficial comprova casos

As delegacias 74ª DP (Alcântara), e 75ª DP (Rio do Ouro), são responsáveis por investigar os crimes no Pacheco.

De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), a 74ª DP registrou aumento de 32% nos roubos em abril deste ano. Foram 103 casos em 2025, contra 78 no mesmo mês de 2024.

Já a 75ª DP registrou cinco casos em abril deste ano e cinco no mesmo mês do ano anterior.

O que dizem as Polícias Militar e Civil 

Procurada, a Polícia Militar informou que, de acordo com o 7° BPM a unidade tem intensificado o policiamento em toda região de São Gonçalo, por meio de rondas realizadas por viaturas e moto patrulhas, inclusive com emprego de policiais do Regime Adicional de Serviço (RAS).

As equipes têm intensificado as abordagens, revistas e checagem de documentos, assim como têm verificado possíveis pontos de esconderijos de criminosos. A região conta com o apoio de policiais militares do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões, que atuam nas rodovias federais e estaduais que cortam o município de São Gonçalo.

A corporação destacou ainda que o 7° BPM efetuou mais de 150 prisões neste ano de 2025. A unidade recuperou 41 veículos roubados e apreendeu mais de 50 armas de fogo, sendo sete fuzis.

Segundo a Polícia Civil, investigações estão em andamento. Os agentes vêm realizando diligências e analisam câmeras de segurança para identificar e prender os criminosos. A polícia destaca que é essencial que as vítimas sempre registrem os casos nas delegacias.