Niterói
Assalto em Catedral de São João muda rotina de fiés em Niterói
Padre falou sobre mudança de horário de missa por medo
O assalto à mão armada na Catedral Metropolitana São João Batista, no Centro de Niterói, ainda deixa fiéis e trabalhadores assustados. Na ação, que ocorreu nesta quinta-feira (1º), o assaltante levou mais de R$ 2 mil em dinheiro e um celular da paróquia. Ao todo, três pessoas foram rendidas ao mesmo tempo pelo bandido.
Um dia após o crime, o policiamento foi reforçado nos arredores. Nesta sexta-feira (2) viaturas da Polícia Militar, por meio do Programa de Integração na Segurança (Proeis), foram vistas no local. Agentes seguiram por lá durante toda a manhã.
O caso foi registrado na 76ª DP (Niterói). Os agentes ouviram testemunhas e analisam imagens de câmeras de segurança que registraram o crime.
Testemunhas contaram que o acusado teria 22 anos e não aparentava estar sob efeito de substâncias ilícitas na hora do crime. O bandido contou com o apoio de uma mulher, logo após cometer o assalto. Ainda não há presos.
“Hoje, reforçaram o policiamento aqui e espero que ajude. A gente está com medo, né? A situação foi complicada. Já vi a mulher aqui, ela não me é estranha. A ação dele foi rápida, durou segundos, mas para mim esse tempo foi uma eternidade”, lembrou uma vítima. Com medo, ela optou por anonimato.
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Insegurança
Apesar da presença de policiais, a população ainda se sente insegura na região, tudo por conta do alto índice de usuários de drogas em ruas vizinhas à igreja, como citou a auxiliar de serviços gerais Luciene Lima de Souza, de 55 anos.
Ela frequenta a igreja esporadicamente e mora na região. Diz, ainda, que já sofreu uma tentativa de assalto saindo de casa.
“A sorte é que andando para lugar perto, eu não levo quase nada e aí quando ele [o assaltante] me rendeu eu não tinha nada. É muito ruim quando isso acontece. No caso da igreja, foi falta de respeito com o Senhor, é muita falta de compaixão. Aqui andam muitos usuários de drogas, de noite eu tenho medo de sair de casa”, lamentou.
O promotor de vendas Cristóvão Moura de Castro, de 51 anos, também frequenta a igreja e criticou a ação criminosa que ocorreu nesta quinta (1º).
“Eu acho que tem pouca segurança, aqui está escassa. Esse caso foi uma falta de respeito total com o próximo e, pior ainda, que foi durante a missa. A falta de amor ao próximo é gigantesca, se não tem respeito ao próximo, à igreja, não vai ter a ninguém”, afirmou.
Em nota, a PM informou que “de acordo com o comando do 12° BPM (Niterói), até o momento, não há registro de acionamento para o fato". E que "o comando da unidade segue checando se alguma equipe auxiliou os envolvidos à delegacia após o ocorrido".
O caso
Uma das vítimas do assalto na Catedral São João Batista disse ao ENFOCO, nesta sexta-feira (2), que havia acabado de fechar a porta da secretaria para a missa quando foi rendida pelo criminoso.
“Eu estava indo fechar a porta por causa da missa, para não atrapalhar, quando esse homem chegou agressivamente e me empurrou para a porta da secretaria. Quando a porta abriu e entramos, ele falou para não fazer nada, que ele só queria o dinheiro. Ele foi bem agressivo. Ele mostrava a cintura o tempo todo e lá tinha um volume que ele falava que era a arma", disse.
Na sequência, segundo a vítima, o assaltante fez a limpa no local.
"Ele pegou tudo o que viu de valor: o dinheiro no caixa e o celular da paróquia que ficava em cima de uma mesa. Não aconteceu nada, nenhuma briga. Ele foi embora e vimos que ele estava com uma mulher. Eles conversaram por alguns segundos e fugiram a pé, um em cada direção”, afirmou a vítima.
Adaptações
O padre Wallace Dahan, que atua na igreja há 15 anos, está inseguro por seus funcionários e seus paroquianos. Ele afirma que por conta de ações criminosas, foi necessário realizar adaptação de horário da missa noturna.
“A paróquia é muito exposta e, por ser central, sempre tivemos problemas com pessoas em situação de rua, usuários de drogas e outros. Tivemos um episódio triste dentro da igreja, em que um homem puxou a faca para a outro ali fora. Já tivemos assassinatos aqui na frente e, por causa dessas coisas, percebemos uma diminuição do número de fiéis na missa da noite. No domingo, por exemplo, colocamos a missa para 17h, era 18h30”, disse ele.
Os funcionários da igreja são instruídos a fiscalizar quem entra e sai, mas ainda assim o líder religioso afirma que o clima de tensão em ruas do entorno prejudica a igreja.
“A igreja sofre muito com isso, por mais que a gente procure investir. Depois desse caso, estamos pensando medidas para que isso não se repita. O dinheiro roubado era do nosso caixa do dia, não ficamos com quantidade grande aqui, já é uma medida nossa de segurança”, contou.
Uma viatura da PM foi acionada pelos funcionários da igreja na hora do ocorrido.
“Na hora do assalto tinha uma patrulha da PM na Rua Barão do Amazonas, quando teve a abordagem o ladrão saiu e a funcionária foi gritando que era assalto e a viatura tentou ir atrás, mas não conseguiu. A gente vê patrulhas aqui nas redondezas, mas eu acho essa praça aqui sem segurança, abandonada e isso colabora para o clima de medo e insegurança”, disse o padre Wallace Dahan.
Essa é a primeira vez que uma ameaça armada acontece na igreja.
“Dessa forma foi a primeira vez. Já tivemos caso no Cofre dos Santos, onde as pessoas pescavam as moedas com uma cola no arame na abertura do cofre e pegavam o dinheiro, furtando, mas nunca assim. É um desrespeito com o sagrado e esperamos que isso não se repita e que medidas sejam tomadas”, finalizou o líder religioso.
Outro caso
Em maio de 2022, a paróquia Nossa Senhora das Neves, em São Gonçalo, foi furtada sete vezes em apenas uma semana. A igreja fica ao lado de uma delegacia da Polícia Civil, porém isso não inibiu a ação dos criminosos. Os furtos aconteciam em horários de pouca movimentação na rua, entre às 4h e 5h.
De acordo com o padre Ricardo Dias, os suspeitos pularam o muro lateral da igreja e entraram no almoxarifado. Eles levaram portas, janelas e luminárias de alumínio. O prejuízo girou em torno de R$ 5 mil.
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