Racismo
Audiência de defensora e entregador termina sem acordo em Niterói
Cláudia apresentou queixa-crime contra Eduardo em setembro
O entregador Eduardo Pessanha Marques, que acusou a defensora pública aposentada Cláudia Alvarim de injúria racial em um condomínio em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, no dia 30 de abril de 2022, foi denunciado por ela em uma queixa-crime por crimes contra a honra em setembro do ano passado. Nesta quarta-feira (15), houve uma audiência de conciliação sobre o caso no Fórum de Niterói, mas terminou sem acordo.
A denúncia apresentada por Cláudia em setembro do ano passado afirma que Eduardo cometeu crimes contra a honra dela. Em seu relato, Cláudia diz que queria sair com o carro da garagem de sua casa para levar sua filha a um ensaio musical, quando percebeu que a van de Eduardo e Jonathan Souza Mendonça, que estavam fazendo entregas na região, estava estacionada na frente da garagem dela. Ela afirma que ele, então, a ofendeu proferindo palavras como: "mulherzinha nervosa", "eu sei como tratar mulherzinha nervosa", "vaca do inferno" e outros xingamentos. Por outro lado, Eduardo denunciou Cláudia por injúria racial depois que gravou um vídeo do mesmo dia no qual Cláudia o chama de 'macaco'.
Ao ENFOCO, Eduardo falou que queria ouvir o que Cláudia tinha a dizer na audiência de hoje, mas nega ter ofendido ela. Ele diz que eles tiveram uma discussão verbal, mas que não proferiu as palavras que ela afirma que ele disse.
"Tanto para mim quanto para o Jonathan foi uma surpresa o que aconteceu, nunca passamos por um caso desse e na hora até rimos, achamos que fosse um filme depois do acontecido. Quando terminamos o trabalho e voltamos para casa, esfriando a cabeça, entendemos o que tinha acontecido. A gente foi até lá fazer uma entrega para a filha dela. Eu errei de ter parado a van na frente da garagem dela, mas nada justifica o que ela fez. A discussão começou com o Jonathan e ela e eu fiquei de longe, quando eu cheguei ela começou a brigar comigo. Não falei nenhuma palavra que ela diz que eu falei", contou ele que denunciou o caso na 81ª DP (Itaipu) na época.
Ele ainda espera que ela pague a acusação de injúria racial feita contra ele. "É crime! Esperamos que ela seja punida mesmo, já vai fazer um ano disso e, desde que comecei a trabalhar como entregador, nada do tipo havia ocorrido comigo", afirmou.
O advogado dele, Dr. Joab Gama de Souza, explicou que, ao fim da audiência, foi proposto um acordo do tipo composição civil, entre Eduardo e Cláudia, que não foi aceito por ele e seu cliente. Também foi proposto que Eduardo pagasse uma cesta básica de R$ 600 ou prestasse serviço à comunidade por dois meses. "Tudo isso foi negado. Eduardo não vai aceitar nenhuma das propostas, ele não cometeu o crime de forma alguma e ele pretende levar isso até ele ser considerado inocente. Então, agora vamos aguardar a audiência de instrução e julgamento. Em momento nenhum ocorreu crime contra a Cláudia, só da Cláudia contra ele, nos vídeos fica claro. Nem depois de ele ser ofendido, ele proferiu palavras de baixo escalão contra ela. Ele nunca teve passagens pela polícia, por outro lado, ela já compareceu à delegacia por outras acusações", disse ele que acredita que essa audiência foi para tirar o foco da acusação de injúria racial contra ela. O Jonathan é testemunha de defesa na acusação feita por Cláudia.
O advogado de Cláudia, Marcello Ramalho, falou com o ENFOCO antes do julgamento e disse esperar uma conciliação. "Eu requeri o prosseguimento do feito com consequente recebimento da queixa pela juíza e que se espera ao final que ele seja devidamente condenado pelos fatos descritos na queixa crime", disse ele.
A acusação contra a honra de Cláudia está correndo no Juizado Especial Criminal, já o processo contra a defensora pública aposentada e na qual Eduardo e Jonathan são vítimas ocorre na 1ª Vara Criminal do Fórum de Niterói. Está agendada para a próxima quinta-feira (16) a audiência de instrução e julgamento do crime de injúria racial.
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