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    Disputa

    Briga por herança pode ter sido motivo da morte de mulher em SG

    Marido da vítima, que é PM, foi preso acusado pelo crime

    Publicado 17/11/2023 às 12:12 | Atualizado em 17/11/2023 às 18:48 | Autor: Ana Carolina Moraes
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    O corpo Mary Cristina foi enterrado no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, nesta sexta-feira (17)
    O corpo Mary Cristina foi enterrado no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, nesta sexta-feira (17) |  Foto: Lucas Alvarenga

    A família de Mary Cristina dos Reis, de 57 anos, acredita que o assassinato da vítima pode ter sido motivado por uma briga de herança, já que a mãe da vítima deixou algumas casas e outros bens para ela.

    O corpo da vendedora foi encontrado nesta quarta-feira (15) dentro de um carro, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio.

    Leia+: PM é preso acusado de matar e esconder corpo da esposa

    Merinha, como era conhecida pelos amigos carinhosamente, foi baleada na cabeça pelo próprio companheiro, o sargento da Polícia Militar Márcio Luiz Moreira de Souza, que atuava no Batalhão de Polícia Turística (BPTur). Ele foi preso.

    Mary foi sepultada nesta sexta-feira (17), no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco, em São Gonçalo.

    Um familiar dela, que preferiu não se identificar, contou que a vendedora foi morta por Márcio, e que o casal estava junto há mais de 20 anos. A relação deles, no entanto, era tóxica, de acordo com pessoas próximas.

    “De uns cinco anos para cá, ele tinha essa questão de controlar ela e controlar o dinheiro que ela tinha, já que ela trabalhava vendendo roupas em Alcântara. Ela trabalhava e dava o dinheiro para ele. Ele controlava até aonde ela ia e com quem ela falava. A Mary só podia ir de casa para o trabalho e do trabalho para casa porque ele controlava. Ela estava num quadro de depressão, bebia muito por causa disso, era do trabalho para casa, não podia ir na minha casa nem na casa do filho mais velho, que era de outro casamento, mesmo a casa dele sendo há duas casas da dela na mesma rua. Era totalmente tóxico”, afirmou.

    O casal tem um filho de 19 anos. Mary é mãe também de um outro rapaz, mais velho, de outro relacionamento. Por conta do seu trabalho como vendedora, ela era conhecida no Alcântara, em São Gonçalo.

    “Ela trabalhava há mais de 30 anos no camelô, não conhecemos ninguém lá no Alcântara que tivesse briga com ela. A Mary sempre ajudava todo mundo, não cobrava as vezes pra quem era necessitado e ajudava quem precisava”, afirmou.

    Márcio conheceu Mary antes de se tornar policial e ela que o ajudou com apoio em todo o processo seletivo. A última vez que a família falou com ela foi na terça-feira (14), por volta das 14h.

    “Ela falava com a gente no grupo da família, no WhatsApp, e falou até 13h da tarde. Depois, ela sumiu. Mas, como ele não deixava ela sair e ela tinha casa em Cabo Frio, achamos que ela pudesse ter ido pra lá também. Além disso, algumas vezes ela ia para Cabo Frio e ele não deixava ela voltar. Foi na quarta que descobriram o corpo dela no carro dela e aí o filho mais novo falou com alguns parentes e descobrimos o que havia ocorrido”, contou ele.

    • Enterro da Mary em São Gonçalo - Lucas Alvarenga
      Enterro da Mary em São Gonçalo - Lucas Alvarenga | Foto: Lucas Alvarenga
    • Enterro da Mary em São Gonçalo - Lucas Alvarenga
      Enterro da Mary em São Gonçalo - Lucas Alvarenga | Foto: Lucas Alvarenga
    • Enterro da Mary em São Gonçalo - Lucas Alvarenga
      Enterro da Mary em São Gonçalo - Lucas Alvarenga | Foto: Lucas Alvarenga
    • Enterro da Mary em São Gonçalo - Lucas Alvarenga
      Enterro da Mary em São Gonçalo - Lucas Alvarenga | Foto: Lucas Alvarenga

    Segundo a família, Márcio teria matado Mary dentro de casa e depois colocou o corpo dela no carro. Ele tentou colocar fogo no veículo para encobrir o crime, segundo a Polícia Civil. O carro foi encontrado em Itaboraí.

    “Ele tinha um caso fora do casamento com ela. O Márcio não queria separar e perder o dinheiro que tinha dela, os bens que ela tinha. A alegria da minha tia era trabalhar, ela adorava. Ele destratava todo mundo que se aproximasse dela. A gente fica frustado, né? Por não termos conseguido tirar ela desse vínculo. Ela falava que ele a agredia. Ela achava que ele ia mudar, ela gostava demais dele, ela fez ele parar até de beber”, contou.

    Merinha foi baleada na cabeça pelo companheiro, segundo a polícia
    Merinha foi baleada na cabeça pelo companheiro, segundo a polícia |  Foto: Rede social

    Ameaças

    Em áudios e prints obtidos pelo ENFOCO, é possível ver que Mary pedia para que o filho mais velho tivesse cuidado com Márcio, pedindo que ele ficasse de boca fechada.

    Em mensagens, Bruno Reis, filho mais velho de Mary Cristina, diz que ele não precisa de nenhum bem dela e pede que ela avise isso ao marido.

    Segundo os familiares, Márcio ainda teria pedido que Bruno assinasse um papel se desfazendo da parte dele da herança da mãe.

    Em um outro áudio de Mary, ela diz a uma parente que se saísse de casa era “ameaça em cima de ameaça. Então, eu fico dentro de casa”.

    No sepultamento de Mary, o filho mais velho dela, Bruno, falou um pouco sobre a mãe.

    “Ela era uma mulher guerreira. Acordava todos os dias cedo para trabalhar e eu nunca vi minha mãe reclamar da vida. Ela sempre estava lá (no trabalho), mesmo doente. Eu acredito na justiça divina, pode demorar, mas ela vem”, afirmou ele.

    Os amigos e familiares da vítima bateram palmas em homenagem a ela.

    A prisão

    O sargento Márcio foi preso por policiais militares do Espírito Santo prenderam, na quarta-feira (15), acusado de assassinar a sua companheira, Mary Cristina dos Reis. A prisão ocorreu após investigação da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), que acionou a polícia capixaba ao descobrir a fuga do PM em direção ao Sul do Espírito Santo.

    Após o crime, os policiais iniciaram as investigações e identificaram o dono do carro e seguiram ao endereço, em São Gonçalo. Após levantamento de informações, a equipe da DHNSG descobriu que o suspeito estaria em outro carro e solicitou apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para localizá-lo.

    Por meio de um trabalho integrado de inteligência e monitoramento, os agentes constataram que o automóvel estava no município de Marataízes, no estado do Espírito Santo. Os investigadores foram informados que o veículo do autor teria sido abordado pela Polícia Militar capixaba em Cachoeiro de Itapemirim, também no Espírito Santo, onde ele detido.

    Com o criminoso, os agentes capixabas encontraram armas e cerca de R$ 160 mil em dinheiro. O homem foi autuado em flagrante pelo crime de feminicídio.

    A Secretaria de Polícia Militar do Rio de Janeiro confirmou a prisão, mas não informou o nome do acusado. "Equipe da 6ª DPJM, unidade da Corregedoria Geral da Corporação, acompanhou a ocorrência", disse a PM em nota.

    A Polícia Civil, procurada, informou que o caso foi registrado como feminicídio. "O filho do casal foi ouvido e a investigação está em andamento para esclarecimento dos fatos", acrescentou em nota.

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