Violência
Câmeras podem esclarecer morte de jovem em comunidade do Rio
Família alega que Alex Souza não era envolvido com o tráfico
O sonho de Alex Souza Araújo dos Santos, de 19 anos, foi interrompido depois que o rapaz foi baleado e morto com um tiro nas costas durante um confronto entre PMs e criminosos na tarde deste sábado (4), na Favela Kelson's, na Penha, Zona Norte do Rio.
De acordo com a Polícia Militar, os agentes que participaram da ação possuíam câmeras portáteis, que estão sendo analisadas pela corregedoria da corporação.
Os policiais afirmam que no local foi encontrado um simulacro de pistola, dois radiocomunicadores e drogas. Já a família afirma que o menino não era envolvido e que o sonho dele era ingressar na carreira militar e ser paraquedista. Ele jogava no Galáticos Futebol Clube, time de futebol da comunidade, e estava no terceiro ano do ensino médio.
A Polícia Militar contou que a ação que causou a morte do jovem começou na tarde de sábado (4) quando policiais foram atacados a tiros por criminosos armados no local.
Os policiais revidaram e houve confronto. Alex foi encontrado ferido depois do cessar fogo e, segundo a corporação, ele "portava um simulacro de pistola, dois radiocomunicadores e drogas". A PM ainda disse que teria tentado socorrer o homem, mas populares "atiraram pedras e outros objetos na equipe, que foi atacada novamente por criminosos armados". Alex foi socorrido por amigos da comunidade, mas morreu a caminho do Hospital Estadual Getúlio Vargas.
O pai de Alex, Robson Araújo dos Santos, de 41 anos, desmente a versão da PM. Ele diz que o filho não era do tráfico, jogava bola e tinha o sonho de seguir uma carreira. Ainda em seu depoimento, ele chegou a dizer que foi ameaçado pelos policiais no momento do ocorrido.
"Tem se dito muito que ele é bandido, como eles (os policiais) falam, mas cadê as provas? Quantos Alexs mais vão precisar morrer? Um jovem de 19 anos com um futuro pela frente, né? Eu fico sem palavras. Ele tinha muita coisa ainda pela frente, mas foi morto ao ser alvejado pelas costas. Uma execução. Estão falando sobre mochilas, armas, um radiotransmissor e até agora nada. Conforme eu falei ontem, ele foi socorrido pelos moradores da comunidade. Tudo o que está sendo falado é mentira, não tem prova nenhuma. Quantos Alexs mais vão ter que morrer para o Estado dar alguma resposta?", contou ele.
Robson ainda relatou o que aconteceu no momento em que seu filho foi alvejado. "A Polícia é covarde! Me ameaçaram lá na hora, apontando um fuzil. A comunidade sabe da minha índole e da minha família, a gente não deve nada para a Justiça e acontecer um caso desse, um garoto de 19 anos morrendo alvejado pelas costas. Eles falaram que acharam isso e aquilo e nada foi comprovado", completou.
Ainda neste fim de semana, Robson publicou em suas redes sociais o seguinte pronunciamento: "Sofremos a covardia, mas não participamos dela. Pode esperar que justiça vai ser feita. Vou lutar até o final por essa execução que você sofreu. Quero uma resposta do estado".
Alex era meio-campista do Galáticos Futebol Clube, time do Kelson. Em diversas fotos, o jovem se diverte com a bola no pé. Ele também já teria atuado no Macaé, Audax e Duque de Caxias. Em todos esses clubes ele era da categoria sub-17.
Após a morte de Alex, houve um ato por parte dos amigos e familiares da vítima. Sobre isso, a PM disse que reforçou o policiamento no local, incluindo equipes de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) e Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE).
Os policiais do 16º BPM (Olaria) foram ouvidos e será aberto um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias do fato. A morte do rapaz está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que informou que a investigação está em andamento e que policiais militares que participaram da ação foram ouvidos. As testemunhas foram intimadas a prestar depoimento. Diligências estão sendo realizadas para esclarecer todos os fatos.
O velório de Alex será nesta segunda-feira (6) às 12h, no Cemitério do Irajá. O velório dele será no mesmo local às 15h30.
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