Feminicídio

'Cavamos até achar o corpo', diz tia de mulher morta pelo marido

Ana Júlia foi morta na última segunda em Nova Iguaçu

Familiares da estudantes Ana Júlia estiveram no IML
Familiares da estudantes Ana Júlia estiveram no IML |  Foto: Lucas Alvarenga
 

Familiares da estudante de pedagogia Ana Júlia Mathias, de 22 anos, estiveram na manhã desta quinta-feira (19) no Instituto Médico Legal (IML) de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para liberar o corpo da jovem. Ela foi morta pelo próprio marido, um engenheiro de 44 anos. Ana Júlia foi enterrada em um cômodo na casa onde morava com o companheiro, depois de ter sido degolada. 

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À imprensa, a família contou que a estudante nunca comentou sobre algum episódio de agressão por parte do marido. Com isso, jamais poderiam imaginar que o relacionamento teria um fim trágico.

Juliana Mathias Torres, tia da vítima, contou que chegou a suspeitar do acusado, após ler uma mensagem enviada, para o celular da irmã, que é mãe da estudante. 

"Na mensagem, ele perguntou se minha irmã sabia do paradeiro da minha sobrinha, pois ela estava desaparecida. Imediatamente eu fiquei sabendo da situação e fui até a residência deles, mas não tinha ninguém lá. Jamais iriámos desconfiar dele. Ele caminhou lado a lado com o sogro fazendo buscas, como ele pode fazer uma coisa dessa?".

Apesar de não relatar agressões, a tia diz que chegou a ver manchas no corpo da sobrinha, porém ela nunca confirmava agressões físicas da parte do companheiro.

"As vezes ela chegava com umas marquinhas roxa no braço. Eu, principalmente, questionava e ela falava que não era nada, que eram coisas intimas. Minha sobrinha era trabalhadora, guerreira, fazia faculdade e iria terminar os estudos ano que vem", contou.

O pai da jovem também esteve no IML, bastante emocionado, preferiu não faltar com a imprensa. Até ás 12hs, o corpo da jovem não havia sido liberado.

Júlia Mathias estava desaparecida desde segunda (16). O corpo foi encontrado por um amigo da família. 

"Os familiares colocaram sacos nas mãos e começaram a cavar a cova até retira o corpo do local", disse a tia.

Segundo as investigações da delegacia da Posse (58° DP), a vítima foi assassinada com requintes de crueldade, ela foi degolada antes de morrer.

"Logo que esse caso foi comunicado ao plantão gerou algumas suspeitas na equipe. Inicialmente eu chamei o pai da vítima novamente e questionei a respeito do dia a dia da filha. Logo ficou claro que ela era uma menina que tinha uma rotina estabelecida, ela estudava e trabalhava em dois locais, um rotina razoável que não teria motivos algum para ela desaparecer de casa. Em seguida, eu conversei com o marido dela, ele apresentou um comportamento muito estranho, aparentando não estar ligando para o sumiço da esposa", disse o delegado Willians Batista, da Delegacia da Posse (58ª DP).

Segundo o delegado, durante depoimento em sede policial, o acusado caiu em contradições. 

"Ele relatou que na segunda-feira chegou em casa e a esposa não estava, ele dormiu e no dia seguinte acordou e Ana Júlia ainda não havia chegado. Ele não fez nada, não tomou nenhuma atitude, disse que ela já havia feito isso outra vez. Consultei a família e fui informado que isso era mentira, com esse questionamento foi tudo muito estranho pra mim. Através do GPS do celular dela, conseguimos ver o deslocamento no dia em que ela desapareceu, inclusive confirmamos que ela pegou um ônibus, como ele sempre fazia após sair da escola onde trabalhava, ao passar o cartão no coletivo. No horário que ele falou que ele estava em casa, a esposa também estava lá. Assim que ele assinou o termo de declaração na delegacia fomos informados que o corpo da jovem foi encontrado na casa, fui até o local e lá questionei o esposo mais uma vez, ele ficou calado. A equipe prendeu ele em seguida", contou o delegado.

O acusado que não tinha histórico policial foi preso pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver. O sepultamento será às 16h45 no cemiterório de Nova iguaçu. Não terá velório e o caixão ficará fechado por conta do estado de decomposição.

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