Desespero
Comerciante é ameaçado e não consegue trabalhar em Maricá
Tudo começou por causa de uma briga de vizinhos
Um comerciante, morador de Inõa desde os 2 anos de idade, está passando noites na porta da delegacia de Maricá após uma briga com um vizinho. Em seu relato ao G1, a vítima conta que foi expulsa de casa por traficantes, teve sua esposa e filhas ameaçadas e sua casa destruída. Tudo isso por causa de um problema com um cano.
No último mês, teve início a briga entre ele e o vizinho. "Essa confusão começou após o meu vizinho de baixo, a gente morava em uma casa de dois andares, reclamar dos canos de esgoto que estavam aparentes. A tia da minha esposa, que vendeu a casa para ele, perguntou o que ele queria que fosse feito. Fizemos uma modificação no encanamento. No entanto, mesmo assim, ele não gostou e passou a brigar", informou.
Foi aí que traficantes foram até a casa dele em um carro e pediram que ele entrasse no veículo, afirmando que o problema seria resolvido em uma boca de fumo. "Eu disse pra eles que era trabalhador e que não tinha nada para resolver na boca de fumo. Um bandido perguntou se eu queria que ele fosse lá me pegar. Eu disse que não, e eles passaram a atirar na minha casa. Eu consegui fugir correndo por trás da casa. Mas, eles pegaram a minha esposa e as minhas duas filhas (uma menina de 12 e outra de 2 anos)", contou.
A partir daí, o principal pesadelo do comerciante começou: sua família foi ameaçada. A família da vítima só foi resgatada com a ajuda da Polícia Militar, segundo ele.
"Humilharam a minha esposa, atiraram próximo do ouvido da minha filha de 2 anos, que é autista. Obrigaram a minha outra filha a ficar de joelhos. Barbarizaram. Chamei a PM e fui lá resgatá-las durante a madrugada", disse.
A família conseguiu, ainda com a PM, recuperar remédios e alguns eletrodomésticos da casa da vítima, que estava destruída. Desde então, a família já dormiu em um abrigo, depois em uma casa com pouca estrutura e até mesmo na porta do Destacamento de Polícia Ostensiva (DPO) de Inoã.
"Mas, um policial militar disse que a gente não poderia ficar ali porque traria insegurança. Por conta disso, formos para a porta da 82ª. Ficamos lá. Um policial falou que era pra gente abandonar a cidade. Deixar Maricá e procurar outro lugar. Mas, como vou fazer isso? Estamos só com um carro e a roupa do corpo. Não temos nem condições de dar comida para as minhas filhas", afirmou.
O comerciante hoje vive escondido e não consegue trabalhar. Ele também não recebe os aluguéis das casas que aluga por ordem dos traficantes.
"Temos tudo em Maricá, mas o Comando (Vermelho) está tomando conta de tudo. Eu estou aqui, há mais de um mês nessa situação, vivendo na porta da delegacia, vendo minha família ser ameaçada e ninguém faz nada. A cidade está entregue aos vagabundos, e eu, que sou pai de família, estou vivendo como um criminoso", concluiu.
O caso está sendo investigado pela 82ª DP (Maricá) e a família está sendo acompanhada por membros da Alerj.
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