Protesto

Família de dançarino morto em Niterói faz ato por câmeras na PM

Matheus Bruno tinha 23 anos e morreu no dia 19 deste mês

O jovem trabalhava cuidando de cachorros, era ator e dançarino
O jovem trabalhava cuidando de cachorros, era ator e dançarino |  Foto: Reprodução/Internet
 

A família do dançarino Matheus Bruno dos Santos Cardoso, de 23 anos, se reuniu próximo à Prefeitura de Niterói, nesta quarta-feira (28), pedindo apoio para que sejam implementadas câmeras nos uniformes da Polícia Militar. O jovem foi morto enquanto retornava para casa na travessa Otto, na Engenhoca, Zona Norte de Niterói, no dia 19 deste mês. 

"Meu Natal foi horrível e queremos Justiça pela morte do amor da minha vida. Pedimos o apoio da Prefeitura de Niterói para que sejam colocadas câmeras nos uniformes dos policiais para que cenas como as que mataram o Matheus não se repitam", disse Adrielle Alexandre, de 23 anos, namorada de Matheus há 8 anos. 

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Até o momento, eles não foram recebidos por ninguém do órgão público. O ato, que começou às 10h30, irá continuar e contará ainda com a presença dos responsáveis pela websérie 'Sem Ocupação', que Matheus participou. 

Foi a partir dessa websérie que teriam sido obtidas imagens do jovem com armas nas mãos. Ele participou das produções interpretando um criminoso. A família afirma, no entanto, que essas imagens são apenas para a série e que as armas são de airsoft. Segundo parentes e amigos, Matheus era inocente e não tinha envolvimento com o crime. 

"As armas que estão nas fotos são todas falsas, de airsoft, algumas pintadas com as pontas laranja e pretas para apresentar realidade, mas todas são falsas. Isso o que fizeram com ele é maldade, crueldade. Colocar armas falsas para livrar eles dos crimes que eles cometeram. As fotos foram postadas na rede social da websérie e do Matheus, são todas da websérie”, afirmou Carlos Marques, de 27 anos, responsável pela série. A Prefeitura de Niterói foi perguntada, mas não enviou resposta até o momento. 

O ato ocorreu próximo da Prefeitura de Niterói
O ato ocorreu próximo da Prefeitura de Niterói |  Foto: Grupo Enfoco
 

Em nota, a Polícia Militar informou que "na noite de segunda-feira (19/12), de acordo com policiais militares do 12ºBPM (Niterói), a equipe da unidade foi à Av. Professor João Brasil, no Fonseca, após receber informação de que criminosos realizariam roubo na região. Chegando ao local, os policiais avistaram indivíduos armados na Travessa Otto. Ao tentar realizar abordagem aos indivíduos, a equipe policial foi atacada a tiros e houve confronto. Após cessarem os disparos, os militares encontraram um homem ferido. Ele foi socorrido ao Hospital Estadual Azevedo Lima. Uma pistola e um rádio comunicador foram apreendidos. Segundo o comando da unidade, foi aberto um procedimento apuratório para averiguar a conduta dos agentes envolvidos na ocorrência. Além disso, a circunstância da ação está sendo apurada pela Polícia Civil e a Corporação colabora integralmente com as investigações. Ocorrência encaminhada para a 76ª DP."

O caso segue em investigação na Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNSG).

STF dá prazo

No último dia 19, o ministro do STF Edson Fachin determinou que o governo do Rio apresentasse em até cinco dias um cronograma para instalação de câmeras nas fardas e em viaturas de agentes de segurança integrantes de unidades especiais, e em batalhões com maiores índices de letalidade policial no estado, entre eles o 12º BPM (Niterói) e 7º BPM (São Gonçalo).

Conforme a Polícia Militar, cerca de 9 mil câmeras portáteis de uso individual já foram entregues à corporação. Elas foram distribuídas aos 39 batalhões operacionais em todo o Estado do Rio. 

Está prevista para o primeiro semestre de 2023 a entrega de mais 4 mil unidades do equipamento. As câmeras são acopladas às fardas dos policiais.

O Governo do Estado informou em nota que encaminhou recurso ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (27) ponderando que o cumprimento do cronograma estabelecido pelo STF para a instalação das câmeras operacionais portáteis e das câmeras nas viaturas policiais têm demandas tecnológicas que requerem prazo maior. Até o momento, cerca de 9 mil bodycans estão em funcionamento em todos os batalhões de área do estado.

Além das câmeras, a PM deve adotar o uso de armamentos não letais para o patrulhamento nas ruas em 2023. As equipes seguirão com as armas de fogo tradicionais. O Supremo não informou se vai conceder o prazo. 

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