Investigação
Família de funcionário morto em empresa naval cobra respostas
Alessandro Henrique pode ter inalado gás tóxico, diz esposa
A morte do encanador Alessandro Henrique da Silveira, de 41 anos, dentro de uma empresa de construção naval, em Itaguaí, na última segunda-feira (6), é investigada pela Polícia Civil. Segundo a família, a vítima teria inalado gás e acabou passando mal. Ele trabalhava há 7 anos na empresa e deixa mulher e três filhos.
Um outro funcionário, Jadson Santos, de 30 anos, está internado no Niterói D'Or, supostamente pela mesma causa. Ele foi transferido para a unidade no sábado (11), após passar quatro dias no Hospital Geral de Itaguaí - Cemeru. Jadson também trabalhava na empresa como encanador e estava junto de Alessandro no dia do incidente.
O caso foi registrado na 50ª DP (Itaguaí). Os agentes disseram ao ENFOCO que ouviram o responsável pela segurança da empresa e a unidade aguarda o resultado do laudo para concluir as investigações.
A expectativa é que a viúva de Alessandro, Juliana de Castro Pereira, de 36 anos, seja ouvida nesta terça-feira (14) na sede da empresa. Ela também prestará queixa na delegacia, alegando suspeita do marido ter inalado gás.
De acordo com funcionários da ICN Itaguaí Construções Navais, a diretoria da empresa alegou no mesmo dia que o mal estar das vítimas poderia ter origem da ingestão de uma barra de cereal. Na ocasião, os trabalhadores precisaram de atendimento médico de urgência.
Em comunicado interno, inclusive, a empresa pediu que os seus colaboradores não consumam esse tipo de alimento, até que a investigação seja concluída.
Familiares das vítimas, portanto, dizem não confiar nesta versão. É que segundo as queixas, colegas alertaram sobre o ambiente de trabalho com gás altamente tóxico.
A empresa está querendo abafar, soltando nota da tal barra de cereal. Essa história não está batendo. Amigos do trabalho disseram que trocaram eles de setor. Falaram para não engolirmos essa história, porque estão trabalhando com gás altamente tóxico
Após uma semana da morte de Alessandro, a Marinha do Brasil ainda não se posicionou sobre a situação. Procurada pela reportagem, a ICN Itaguaí Construções Navais não retornou.
"Queremos saber o que aconteceu ao certo. O quadro dele é estável, por isso conseguimos a transferência. Agora vão realizar exames mais específicos para o quadro dele, que o Cemeru não tinha estrutura para fazer", diz Bruno Lima, de 28 anos, primo de Jadson. Ele afirma, também, que o exame toxicológico feito em Jadson ainda não foi divulgado pelo hospital.
Segundo Juliana, amigos de trabalho disseram que não viram Alessandro e Jadson ingerindo a tal barra de ceral. Apesar disso, funcionários do ambulatório da empresa afirmaram que as vítimas relataram sobre a barra de cereal.
"Os amigos não viram comendo nada. Foi uma morte muito repentina. No domingo ele passou o dia bem, saiu na segunda bem. O que chocou mais a gente foi que ele estava em contato com a prima por WhatsApp, e conversou com ela até às 11h. Às 14h ele já estava morto. Inexplicável. É contraditório porque as pessoas disseram que eles passaram tanto mal que já deram entrada no hospital desacordados, com dificuldade de respirar", conta.
Já Bruno Lima pontua que a empresa ainda deve explicações às famílias, que segundo ele, estão desassistidas.
"A empresa no início estava prestando boa assistência, pagou passagem dos pais dele [de Jadson] pra vir da Bahia pra cá... mas agora, nada. É como se o colaborador deixasse de existir. Os dois já chegaram em óbito, a verdade é essa. Meu primo conseguiu ser reanimado. A empresa lança essa nota da barra de cereal, mas não tem lógica causar esse estrago".
Tem sido dias difíceis para a família de Alessandro, que acabou perdendo a vida. O trabalhador que morava em Itaboraí, foi enterrado na terça-feira (7) no cemitério Parque da Paz, no Pacheco.
É muito difícil, meu filho mais novo não está legal, estamos pensando em ir para casa de parentes porque ele fala no pai o tempo todo, chora o tempo todo, era muito apegado com o pai
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