Investigações

Família de modelo morto em boate no Rio ainda luta por laudo

Segundo defesa, atraso vem atrapalhando conclusão do caso

Ele estava internado no Hospital municipal Souza Aguiar, mas não resistiu e faleceu
Ele estava internado no Hospital municipal Souza Aguiar, mas não resistiu e faleceu |  Foto: Redes Sociais

A família do modelo Suede de Oliveira, de 44 anos, morto após cair do 3° andar da boate Street Lapa, no Centro do Rio, no dia 7 de agosto, ainda não conseguiu ter acesso ao laudo necroscópico do corpo do rapaz.

Segundo o advogado Júlio César Mendes, que representa a família, a demora para a saída do resultado vem atrapalhando o seguimento das investigações. 

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"A gente precisa ter a resposta de fato do que aconteceu. A mãe do Suede está sofrendo muito, foi uma perda inesperada de alguém saudável, em pleno gozo de suas atividades físicas e mentais. A boate não tinha alvará para funcionamento desde 2021, não tinha equipamentos em condições mínimas de segurança", acusa. 

O caso aconteceu no dia 7 de agosto deste ano, Suede chegou a ser socorrido, mas morreu três dias depois no Hospital Souza Aguiar, no Centro. O modelo era o mais velho de três irmãos e não deixa filhos.

A boate Street Lapa, local onde o modelo Suede morreu após sofrer uma queda, funciona de forma irregular, segundo o Corpo de Bombeiros.

"Isso acaba sendo muito prejudicial para o processo, principalmente para as investigações da polícia. Depois que teve o óbito, eu tive informações de que o local teve uma reforma, ou seja, para descaracterizar justamente a falta de segurança e estrutura do local. A boate está fechada, mas o dono tem uma segunda, que está em funcionamento", afirma.

De acordo com testemunhas, Suede estaria dançando quando teria se desequilibrado e caído, batendo a cabeça contra o chão. Ele desmaiou em seguida. 

A boate Street Lapa, local onde o modelo Suede morreu após sofrer uma queda, funciona de forma irregular, segundo o Corpo de Bombeiros. Localizada na Avenida Gomes Freire, na Lapa, Região Central do Rio, o estabelecimento já tinha sido fechado durante a pandemia por irregularidades sanitárias.

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, a casa noturna não está regularizada junto à corporação e foi interditada "em 2 de janeiro de 2021, quando foi emitido um auto de interdição pelo Grupamento Operacional do Comando Geral (GOCG), quartel que cobre a área do estabelecimento e, até hoje, o local se encontra interditado".

Mesmo com a confirmação da interdição, o local continuou funcionando nos últimos dois anos sem o alvará e sem fiscalização. Atualmente, nas redes sociais, a seguinte mensagem aparece na biografia do espaço: "Funcionamento temporariamente suspenso".

No mês passado, o advogado Fernando Santana, que representava a família do modelo, chegou a ter acesso a um trecho do laudo, que apontava morte em decorrência de traumatismo craniano, lesões no abdômen e no coração com ação contundente. Mas o documento nunca foi entregue a família, como alegam.

Dor da espera

Fachada Boate Street Lapa - Péricles Cutrim
Fachada Boate Street Lapa - Péricles Cutrim |  Foto: Péricles Cutrim

Para a mãe do rapaz, Ednalda Oliveira, de 63 anos, os dias vem sendo angustiantes. Ela afirma que a boate nunca prestou qualquer suporte à família.

"Eles alegaram que nos ajudaram financeiramente, mas não teve nenhum tipo de ajuda, nem financeira e nem psicológica. O IML ainda não liberou o laudo dele para que as investigações tenham conclusão. E eles não tinham liberação para funcionar, não tinha sinalização nas portas, nas escadas, eram ambientes completamente escuros! Não tinham nem como estar funcionando e estavam", diz.

Procurada, a Polícia Civil informou que, de acordo com a 5ª DP (Mem de Sá), o laudo de local já está pronto. A delegacia aguarda o resultado do laudo de necropsia e realiza outras diligências para concluir o caso. A boate Street Lapa também foi procurada, mas ainda não respondeu aos questionamentos. 

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