Tragédia

'História não vai ser apagada', diz viúva de Moisés da Vila

Wilson Vieira foi executado com tiros na cabeça no domingo (25)

Wilson foi enterrado com a bandeira do Fluminense
Wilson foi enterrado com a bandeira do Fluminense |  Foto: Lucas Alvarenga
  

O corpo de Wilson Vieira Alves, também conhecido como Moisés, ex-presidente da Unidos de Vila Isabel, foi sepultado nesta terça-feira (27), no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio. Ele foi executado com tiros na cabeça por dois homens que pilotavam uma moto neste domingo (25).

Familiares e amigos estiveram presentes na cerimônia, muito emocionados. Integrantes da velha guarda da azul e branca, no qual Wilson assumiu a presidência em 2006, também marcaram presença.

Sua esposa, Shayene Cesário, que estava no carro junto com ele no momento do crime e testemunhou tudo, preferiu não falar com a imprensa. Contudo, discursou antes do corpo ser sepultado.

"Tem que respeitar a história do meu marido, construtor da quadra da Vila. Tem que ser respeitada a história dele. Hoje a Vila Isabel samba na quadra que você fez", disse Shayene.

A história não vai ser apagada nunca, amor Shayene Cesário, Viúva de Wilson
  

O rei Momo da Vila, Wilson Dias Neto, prestou sua homenagem ao velho amigo de escola. Segundo o mesmo, a escola está de luto, o carnaval perdeu uma grande figura e um bom entendedor da manifestação cultural.

"Venho me despedir com o coração repleto de gratidão a uma pessoa que me ajudou muito, o representante da maior manifestação cultural do mundo, o carnaval carioca. É uma perda lastimável, o carnaval perde um bom entendendor. O carnaval está de luto, a Vila Isabel também está de luto", afirmou.

Wilson Neto, Rei Momo da Vila, prestou homenagem ao amigo
Wilson Neto, Rei Momo da Vila, prestou homenagem ao amigo |  Foto: Lucas Alvarenga
  

O ex-presidente estava a caminho da quadra da Portela, em Madureira, onde sua esposa Shayene é musa, quando ocorreu o crime. No local, um evento para a escolha do samba-enredo da escola acontecia e foi interrompido para anunciar a morte dele. A diretoria da Portela enviou uma coroa de flores em homenagem a Wilson e tia Surica foi até o local prestar homenagem. 

Nilce Fran, que já foi porta-bandeira mirim, passista mirim e rainha de bateria da Portela, também prestou seu último adeus.

"Ele amou a Vila Isabel, dedicou a vida dele junto com a família. Eu, como portelense, sei o que é amar um pavilhão e foi exatamente o que ele fez. Era um cara amigo, irmão, parceiro. Estou muito triste, estou perdendo um grande amigo. Eu conheço a maior dor do mundo, que é perder o único filho, mas o Moisés, realmente, me deu uma dor no peito que a muito tempo eu não sentia", disse emocionada. 

Wilson foi enterrado às 14h. Todos prestaram uma salva de palmas no último cortejo. Sobre o caixão, uma bandeira do Fluminense foi esticada, time pelo qual torcia. Antes de ser enterrado, um samba da Vila foi cantado por todos, sob fortes aplausos.

  • Familiares e amigos se reuniram para a cerimônia
    Familiares e amigos se reuniram para a cerimônia
  • Sepultamento aconteceu no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap
    Sepultamento aconteceu no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap
  • Shayene Cesário, esposa de Wilson, ficou abalada
    Shayene Cesário, esposa de Wilson, ficou abalada
  • Shayene discursou como forma de último adeus
    Shayene discursou como forma de último adeus
  

Nota da Escola

A escola de samba Unidos de Vila Isabel emitiu uma nota de pesar sobre a morte do ex-presidente lamentando o ocorrido e prestando solidariedade à família.

"A Unidos de Vila Isabel lamenta a morte do ex-presidente Wilson Vieira Alves, o Moisés, no último domingo, 25 de setembro. À frente da azul e branca no início dos anos 2000, Moisés teve papel definitivo na conquista da quadra da agremiação e do título de 2006. Por isso, diretoria, segmentos e componentes prestam solidariedade à família, amigos e admiradores do outrora dirigente. E respeitosamente manifestam condolências pela perda", diz a nota.

Passagem pela polícia 

Wilson foi preso pela Polícia Federal em abril de 2010, em sua casa em Copacabana, na Zona Sul do Rio, após ser acusado de envolvimento na máfia dos caças-níqueis, com atuação na região de Niterói e São Gonçalo. Em 2011, a 4ª Vara Federal de Niterói o condenou a 23 anos, um mês e dez dias de prisão. Sua defesa entrou com um pedido de habeas corpus e ele conseguiu deixar a prisão em 2012.

Em sua vida, ele foi acusado de contrabando, formação de quadrilha e corrupção ativa. Segundo denúncias, ele pagava policiais para informarem a ele quando teriam operações. Dessa forma, ele se preparava para que seu esquema de caça-níqueis não fosse prejudicado. 

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