Crime
Indígenas de aldeia em Paraty denunciam ameaça de morte
'Vou matar índio, vou matar mesmo!', gritou o suspeito
Os indígenas Tekohá Djey, de Paraty, no Sul Fluminense, registraram nesta terça-feira (24), ocorrência na 167ª DP por ameaça de morte que relatam terem sofrido no dia anterior, na Aldeia Rio Pequeno, no bairro Barra Grande, onde moram. Segundo os indígenas, um homem ainda não identificado entrou na aldeia sem autorização, fez vários xingamentos e ainda disse “Vou matar índio, vou matar mesmo!”.
A vice-cacique da Aldeia, Neusa Kunhã Takuá Martine, disse que além de acionar a Polícia Militar, também informou o caso ao Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), ligado ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, à Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) e à Articulação dos Povos Indígenas (Arpin Sudeste). Os indígenas pedem mais proteção e segurança, uma vez que esta teria sido a segunda vez que suas terras foram invadidas este ano.
“Não é de hoje que o nosso povo vem sofrendo ameaças. Nós continuamos resistindo e pedindo proteção às autoridades. Após fazermos o registro oficial sobre mais este fato, vamos informar ao Estado e aguardamos ações concretas. Estamos divulgando as informações, pois apostamos na solidariedade e na ação comum da sociedade. Respeito e dignidade é o que queremos,” disse Neusa Kunhã.
A Articulações dos Povos Indígenas emitiu uma nota em apoio aos Tekohá Djey.
"Viemos a público nos manifestar sobre as invasões e ataques que vem ocorrendo na terra indígena Tekohá Djey. Exigimos das autoridades competentes o respeito à Constituição Federal. É muito importante que as autoridades tenham ciência da gravidade da situação, pois a comunidade necessita urgentemente de resposta e segurança para os conflitos que estão ocorrendo em suas terras, para que nenhum indígena seja mais um número estatístico de indígena assassinado", diz a nota.
O Tekohá Djey é uma comunidade indígena Guarani Mbyá e Nhandeva no Rio Pequeno, município de Paraty, composta por 43 pessoas e que ocupa aproximadamente oito hectares de terra. Os indígenas deste território denunciam ainda constante invasões de suas terras assim como desmatamento e caça ilegal.
Ainda de acordo com Tekohá Dejy, os ataques, invasões e constantes ameaças de morte contra os os indígenas Guarani Mbyá e Nhandéva intensificaram em 2017, quando a ocupação foi reconhecida pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
O fato mais grave foi o assassinato do filho do cacique Demércio, João Mendonça Martins, em 2018, durante conflito com posseiros. Desde então a comunidade vem sofrendo inúmeras ameaças por parte de moradores, madeireiros e posseiros que vivem na região.
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