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    Denúncia

    Internet do tráfico: moradores são ameaçados em Niterói

    Clientes relatam intimidações de criminosos contra funcionários

    Publicado 10/09/2025 às 16:58 | Atualizado em 11/09/2025 às 15:17 | Autor: André Silva
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    Caso é investigado pela 75ª DP, em Rio D'Ouro
    Caso é investigado pela 75ª DP, em Rio D'Ouro |  Foto: Arquivo Enfoco

    A Polícia Civil investiga cortes deliberados em cabos de internet que deixaram moradores de Várzea das Moças, em Niterói, sem conexão desde a noite de quinta-feira (4). Há relatos que apontam indícios de ligação do provedor responsável com traficantes da facção Comando Vermelho (CV), e técnicos teriam sido intimidados durante a ação.

    De acordo com relatos, funcionários identificados como prestadores de serviço da empresa Family Internet foram vistos instalando fiação entre 21h e 22h em ruas do bairro, incluindo a Avenida Plínio Gomes, uma das principais vias da região.

    Durante a operação, cabos de empresas concorrentes, como Leste Telecom, Gigalink e Vivo, foram cortados. Na manhã seguinte, diversos pontos do bairro amanheceram sem sinal.

    Ameaças

    Testemunhas afirmam que veículos sem identificação circularam pelo local e que mototaxistas abordaram técnicos que tentavam restabelecer o serviço. Em alguns casos, os trabalhadores foram ameaçados de morte e obrigados a interromper os reparos. Em pelo menos um condomínio, equipes de empresas concorrentes foram impedidas de atuar.

    Há também denúncias de que criminosos teriam confiscado o telefone de um funcionário e extraído contatos que depois foram repassados a traficantes. Desde então, os trabalhadores estariam sofrendo ameaças constantes.

    Segundo relatos, cabo de internet é cortado por empresas clandestinas
    Segundo relatos, cabo de internet é cortado por empresas clandestinas |  Foto: Divulgação / Grupo Enfoco

    Panfletos circulam em residências e grupos de mensagens indicando a Family como única fornecedora de internet na região. Segundo moradores, os valores dos planos seriam considerados abusivos.

    O episódio reacendeu a preocupação dos moradores com a segurança, já que a prática não é inédita. Em março deste ano, um veículo da Leste Telecom foi alvo de vandalismo no mesmo bairro.

    O que dizem os envolvidos

    A Leste informou que registrou boletim de ocorrência e classificou os episódios como “sabotagens sistemáticas” contra empresas que atuam legalmente na região. A companhia destacou que "recebeu dezenas de reclamações de clientes em seus canais de atendimento e reforçou que as falhas não têm origem técnica, mas criminosa".

    Ainda segundo a empresa, "o sinal de internet foi restabelecido nesta terça-feira (9) após ação conjunta de todas as operadoras afetadas, que trabalharam em conjunto para reparar os cabos cortados e normalizar os serviços".

    Já a Gigalink não respondeu até a publicação desta matéria. A reportagem também procurou a Family Internet, mas ainda não obteve resposta.

    A Vivo, por meio da Conexis, afirmou que "o furto, roubo, vandalismo e também a receptação de cabos e equipamentos causam prejuízo direto a milhões de consumidores todos os anos, que ficam sem acesso a serviços de utilidade pública como polícia, bombeiros e emergências médicas".

    O setor de telecomunicações também diz que "defende uma ação coordenada de segurança pública envolvendo o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, tanto o federal, quanto os estaduais e municipais, e a aprovação de leis, como a Lei 15.181/2025, que aumenta a punição para o roubo, furto e recepção de cabos e equipamentos, para ajudar a combater essas ações criminosas".

    O que diz a polícia

    A Polícia Militar também confirmou que recebeu denúncias na noite do dia 4 e que equipes do 12º BPM (Niterói) foram acionadas. Uma equipe ligada ao provedor foi conduzida à 81ª DP (Itaipu), e o policiamento na região foi reforçado. O comando do batalhão disse que a ação tem como objetivo coibir novas ocorrências.

    O caso segue sob investigação da 75ª DP, que busca identificar os autores dos cortes e os indivíduos que intimidaram funcionários.

    Informações sobre os criminosos ou sobre o provedor associado a eles podem ser repassadas de forma anônima ao Disque Denúncia, pelo telefone ou WhatsApp no número (21) 2253-1177. 

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    André Silva

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    Jornalista

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