Crime

Jovem flagra tatuagem nazista em homem e revela descaso da polícia

Caso aconteceu no último sábado (28) na Zona Sul do Rio

Desenhos fariam alusão a símbolos nazistas
Desenhos fariam alusão a símbolos nazistas |  Foto: Reprodução
  

O estudante Leonardo Guimarães denuncia a Polícia Civil de negligência e descaso no momento em que fazia um registro de um crime em que presenciou um homem com tatuagens nazistas no último sábado (28), em um restaurante do Largo do Machado, na Zona Sul do Rio. 

Leonardo contou ao ENFOCO que viu o acusado andando na rua e viu as três tatuagens que estão desenhadas no corpo do dele: uma suástica, um sol negro e uma cruz gamada com o escrito ‘white pride’ (orgulho branco em inglês) e resolveu denunciar o caso para os policiais militares próximos. 

Segundo ele, percebeu o caso durante um café e fotografou o homem com os desenhos em alusão a supremacistas brancos no local. Ele foi na 9ª DP (Catete) para registrar a denúncia, mas alega que o policial que o atendeu não quis registrar o boletim. O estudante conta ainda que chegou a ser ofendido pelo servidor e que o policial civil chegou, inclusive, a pedir desculpas para o acusado.

O estudante Leonardo conversa com um de seus advogados do caso
O estudante Leonardo conversa com um de seus advogados do caso |  Foto: Marcelo Tavares
  

"Eu cheguei na delegacia e fui maltratado pelo inspetor. Ele pediu desculpas várias vezes ao nazista e, enquanto isso, me atacou falando que eu deveria ser um ‘comunistinha, esquerdista, gayzista’ e que o homem poderia fazer o que quisesse no braço dele e que existia liberdade de expressão e eu disse que não, mostrei a lei para ele, o inspetor continuou debatendo, eu mostrei uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e o inspetor disse que o STF não mandava na delegacia”, contou Leonardo. 

Nesta segunda-feira (30), ele procurou a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) para fazer uma nova denúncia. 

“É uma insegurança absoluta e sinto injustiça, o policial não pode ser militante político e deve entender que existe um crime, uma suástica desenhada. É de desconfiança da justiça. Por isso, viemos nessa delegacia especializada em delitos de intolerância para sair dessa coisa de fato atípico que está no boletim, seja para registrar uma nova ocorrência ou mudar a anterior”, disse ele. 

Segundo Leonardo, o acusado alegou que os símbolos são, na verdade boa sorte ou bem estar e foi usado anos atrás para representar o movimento do sol. Já o sol negro seria um símbolo germânico e que se referia ao dia em que o mundo acabaria. 

Acusado foi à delegacia, mas foi liberado
Acusado foi à delegacia, mas foi liberado |  Foto: Reprodução
  

“O nazismo é uma ideologia que matou muita gente fora e dentro do país. Mata pessoas da comunidade LGBTI, já matou diversos nordestinos e há pouco tempo um jovem que tinha a mesma suástica e o mesmo sol negro usados por esse acusado entrou em escolas e matou pessoas. Houve também o crime de prevaricação por parte do policial civil na delegacia, ele deixou de fazer algo por sua vontade e a gente entende que esse inspetor tem simpatia por esse nazista”, afirmou Rodrigo, que é procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB. 

Na Decradi, o caso foi registrado como ‘Preconceito de Raça, Cor, Etnia, Religião ou Procedência Nacional. 

O ENFOCO procurou a pessoa acusada, mas ainda não obteve um retorno.

O que diz a Polícia Civil

Em nota, a Polícia Civil informou que “de acordo com a 9ª DP (Catete), os envolvidos foram levados pela Polícia Militar à delegacia e o caso foi registrado para apurar a prática de racismo ou apologia ao crime. Na unidade, a pessoa que denunciou o fato se negou a prestar declarações naquele momento. Já o homem com a tatuagem no corpo alegou que “a suástica é um símbolo milenar e existe antes do nazismo".

Segundo a delegacia, um procedimento foi instaurado e serão realizadas diligências para apurar o ocorrido e avaliar com exatidão a verdadeira intenção do acusado. A 9ª DP acrescenta que não foi emitida qualquer opinião ou ofensa por parte de agentes da unidade em relação ao comunicante ou qualquer julgamento prévio acerca dos fatos”.

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