“Eu tô um pouco paralisada com tudo, mas estou feliz porque mal ou bem foi o resultado que eu queria”. Foi assim que Jessica Jordão, mãe da bebê de um ano que também é filha de Victor Arthur Possobom, descreveu a emoção que viveu ao conseguir a guarda compartilhada da filha, que completou um ano último dia 25 de agosto. A decisão foi proferida pela juíza Jussara Maria de Abreu Guimarães, da 1ª Vara de Família de Niterói, no Fórum do município na nesta segunda-feira (19).
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Jessica diz que não pode dar detalhes sobre a audiência porque foi determinado sigilo. No entanto, o ENFOCO conseguiu acesso ao resultado que determina que a criança ficará de segunda a quinta com a avó, Estella Possobom, mãe de Victor, e de sexta a segunda a neném ficará com Jessica, que pretende criar a filha junto com o irmão de quatro anos que foi agredido por Victor. O homem de 32 anos, inclusive, está preso pois o caso foi considerado tortura.
Ainda na audiência ficou definido que haverá um estudo psicossocial para análise do local em que Jéssica mora a fim de que a Justiça continue avaliando sobre a guarda da criança.
Mesmo sem conseguir sair da audiência com a filha nos braços, Jessica conseguiu respirar um pouco aliviada.
Já é uma vitória poder dormir com a minha filha e ficar com ela depois desse tempo separadas. Vou poder criar ela junto do irmão Jessica Jordão, chefe de cozinha
A chef de cozinha conta que seu filho mais velho, de 4 anos, sentia saudade da irmã. “Ontem [segunda] ele chorou perguntando por ela, mas conseguimos acalmar falando que sexta ela vai estar com a gente. Já vamos fazer também um bolinho de aniversário pra ela, já que eu não consegui comemorar o aniversário dela com ela, pois ela estava com o Victor”, disse.
A mulher contou ainda que ficou sem ver a menina até o último fim de semana. Elas ficaram dois meses afastadas desde que Jessica fugiu do cárcere privado em que era mantida por Victor Possobom.
O caso
Victor se entregou à polícia na última sexta-feira (16) após aparecer em vídeos publicados na internet em que ele aparece agredindo o enteado, de quatro anos, filho mais velho de Jessica. Depois disso, também foi descoberto que ele mantinha a ex-companheira, no caso Jessica, em cárcere privado.
As agressões à criança foram denunciadas em fevereiro deste ano na 77ª DP (Icaraí) por um síndico do prédio onde a família morava que viu, por imagens de câmeras de segurança, que o acusado agrediu o menino de quatro anos. Depois de descobrir o caso pela denúncia do síndico, Jéssica foi levada para um apartamento na Região Oceânica de Niterói, onde foi mantida em cárcere privado por Victor.
Lá, ela relatou que viveu momentos de tensão e chegou a engravidar novamente do agressor.
“Lá fui agredida, torturada, violentada, tive o uso de celular restrito, fiquei em cárcere privado. Durante esses abusos, eu engravidei e no dia 21 de julho perdi o bebê. A mãe desse agressor me levou para um hospital em São Gonçalo e me vigiou lá para que eu não falasse com ninguém. Retiraram o feto. Voltei para casa e as agressões continuaram. Só consegui fugir no dia 27 de julho”, relatou ela.
A pequena bebê de um ano estava com Victor desde que Jessica fugiu do cárcere. No entanto, nesses últimos dias, a neném estava com a avó. A pequena fez um ano no dia 25 de agosto e estava sem a mãe.
“Eu fui chorando o dia todo do aniversário dela sem ela, olhando o celular, esperando alguém me ligar para que eu pudesse vê-la”, contou Jéssica.
A audiência foi o começo de um novo capítulo na vida de Jessica com seus filhos. Victor segue preso no Presídio Tiago Teles de Castro Domingues, em Santa Luzia, bairro de São Gonçalo.
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