Suborno
Mãe de criança gravada por influenciadoras diz ter sido coagida
Ela também afirma que não deu autorização para as gravações
A mãe da criança que foi filmada recebendo um macaco de pelúcia compareceu à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), nesta quinta-feira (15), para denunciar que está sofrendo coação por parte das influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves.
Segundo o RJ TV 2, da TV Globo, em seu relato à polícia, a catadora de recicláveis reafirmou que em nenhum momento deu autorização para a gravação e que só teve conhecimento do caso quando viu a repercussão na internet. Ela já havia registrado a ocorrência na 74ª DP (Alcântara) em 9 de junho.
A mãe explicou que estava em casa quando a gravação ocorreu, enquanto sua filha de 8 anos saiu com a irmã gêmea e outra irmã de 10 anos para comprar pão. Foi nesse momento que elas foram abordadas pelas influenciadoras.
"Elas estavam indo para a padaria quando foram abordadas. Isso aconteceu a poucos metros da minha casa", lembra a mãe, atualmente desempregada e com 8 filhos.
"Ela parou a minha filha de 10 anos e perguntou se podia gravar. Minha filha achou aquilo estranho e disse que iria me chamar. Mas elas falaram que sempre gravavam com crianças e que não era nada demais. Depois da gravação, a minha filha insistiu e foi me chamar. Como eu não entendo nada disso, elas falaram comigo que minhas filhas eram uma graça e foram embora sem citar a gravação", relembra a mulher.
Ela também mencionou que pensou que o macaquinho de pelúcia fosse um presente de alguém conhecido.
A catadora de recicláveis afirmou que só ficou sabendo do racismo envolvido no caso quando uma sobrinha a informou.
"Foi a minha sobrinha que contou o que tinha acontecido. Contou que a minha filha de 8 anos havia sido vítima de racismo. Aí, depois que veio à tona, a Nancy me procurou dizendo que iria me dar uma cesta básica, me daria dinheiro para eu ir na advogada dela e que tudo estava resolvido. É óbvio que ela estava tentando me subornar", contou a catadora de recicláveis.
A mãe relatou à polícia que foi coagida pela dupla, que ofereceu dinheiro e uma cesta básica para que ela não denunciasse o caso. As influenciadoras ainda teriam dito que, se ela quisesse ir à delegacia, poderia ir acompanhada do advogado delas, afirmando que "tudo estaria resolvido".
Além da mãe, as três crianças também foram ouvidas durante a tarde. Após os depoimentos, a delegada Rita Salim, titular da Decradi, iniciou uma nova investigação para apurar se houve coação por parte das influenciadoras contra a mãe.
Os advogados da Sociedade dos Advogados Criminalistas do Estado do Rio (Sacerj) estão acompanhando o caso.
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