Constrangimento
Mãe denuncia desrespeito contra criança autista em supermercado de Niterói
Mulher registrou boletim de ocorrência contra o estabelecimento

A manicure e moradora de Jurujuba, em Niterói, Ana Paula Cardoso Crisóstomo, de 40 anos, registrou um boletim de ocorrência contra a filial do supermercado Redeconomia Princesa, que fica na Rua Ator Paulo Gustavo, em Icaraí. A mulher denuncia que uma abordagem inadequada de um segurança desencadeou uma crise em sua filha de 3 anos, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), dentro do estabelecimento comercial.
De acordo com Ana Paula, tudo começou quando ela colocou a criança dentro de um carrinho do supermercado enquanto fazia as compras e foi abordada pelo segurança que solicitou que a manicure a retirasse.
"Ele veio falar que não podia. Eu expliquei que ela gosta de ficar sentada no carrinho e contei que sou mãe atípica, que minha filha tem autismo, toma remédio controlado, faz terapia quase todos os dias e não verbaliza. Mostrei o cordão e mesmo assim não adiantou", contou a manicure.
Apesar de explicar a condição da filha, Ana Paula relatou que o segurança começou a ser mais rude. Neste momento, a menina começou a ficar nervosa e se desregulou, tendo uma crise logo em seguida.
A mãe contou ainda que a criança começou a gritar e, quando Ana Paula foi tirá-la de dentro do carrinho, a menina bateu com a cabeça na boca na mãe provocando um corte, além de arranhá-la e morder seu pulso. A situação deixou Ana Paula constrangida.
O segurança vendo minha filha desregulada, tendo uma crise, e ele não fez nada. Ele não teve compaixão, não demostrou carinho ou qualquer reação em querer me ajudar vendo tudo aquilo acontecer"
O gerente do estabelecimento foi chamado em seguida, segundo a mãe.
"Chorei muito enquanto estava dentro do mercado. O gerente me pediu desculpas e afirmou que o segurança agiu de forma incorreta e que não deveria tratar a gente assim. Mas aí, o problema já estava feito, já era tarde. Minha filha já estava desregulada e passei por esse constrangimento. Só quem é mãe atípica vai entender o que é passar por isso", narrou a manicure.
Indignada com a situação, Ana Paula registrou um boletim de ocorrência online contra o supermercado por ter lhe causado constrangimento público.
"O que custava o segurança deixar ela quieta no carrinho? Ela ia ficar sentada sem atrapalhar ninguém, em um breve momento enquanto fazia as compras", desabafou a mãe.
Ele foi muito insensível. Muitos acham que ter filho autista é frescura. Mas autismo é uma coisa séria e deve ser tratada da maneira correta. Eu fiquei muito abalada"
A Polícia Civil informou, em nota, que "o caso é investigado pela 77ª DP (Icaraí), onde os agentes irão intimar os envolvidos e solicitar imagens de câmeras de segurança", A corporação disse ainda que "outras diligências estão em andamento para apurar os fatos".
O que diz o supermercado
Procurado, o supermercado Redeconomia Princesa negou tratamento ríspido por parte do segurança que o identificou como fiscal da loja mas disse que foi conduzido para receber instruções da gerência. O estabelecimento comercial, que errou o gênero (referiu-se como filho), disse também que o caso foi resolvido sem atritos com a mãe da criança. Segue, abaixo, a nota da empresa na íntegra.
"A abordagem para que a criança não circulasse pela loja dentro do carrinho de compras foi feita de forma amigável e educada. Nossa preocupação é sempre zelar pela segurança e bem-estar dos clientes dentro da loja. Afinal, a criança poderia se machucar no próprio material do carrinho. A lesão na boca da mãe foi causada pelos movimentos bruscos do filho que queria manter-se no carrinho. Foram dispensados todos os cuidados necessários e pedidos de desculpas, tendo a mesma entendido tudo de forma amigável. O fiscal foi conduzido à gerência para um feedback, instruções e como agir da melhor forma possível. O Princesa Supermercados tem treinamentos contínuos junto às suas equipes de loja no intuito de preservar boas práticas de relacionamento entre nossos funcionários e os clientes".


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