Justiça
Médica presa mentiu sobre procedimento em paciente morta
Investigação apontou divergências em declaração da mulher
A médica Eliana Jimenez Dias estava fazendo uma lipoaspiração em Ingrid Ramos Ferreira, de 41 anos, no dia 15 de junho, quando a vítima morreu. A informação foi confirmada pelo delegado Ângelo Lajes, da 16ª DP (Barra da Tijuca), que investigou o caso.
Inicialmente, Eliana afirmou, em depoimento no dia do ocorrido, que estava realizando o reparo de uma queloide na vítima. Ela foi presa nesta quarta-feira (12) em sua casa em um condomínio em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
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“No dia do fato, a Eliana chegou aqui e alegou que ia fazer o procedimento de retirada de queloide, mas a investigação deixou claro que não, ela estava fazendo uma lipoaspiração, que é um procedimento invasivo e deve ser feito num centro hospitalar, com todo aparato. A Eliana, como cirurgia plástica, tem consciência disso”, afirmou o delegado Ângelo Lajes.
A médica já foi encaminhada para o Instituto Médico Legal (IML) do Centro do Rio, e de lá, ela seguirá para o presídio em Benfica, onde passará por uma audiência de custódia e ficará presa. Contra ela, foi cumprido um mandado de prisão preventiva.
Apreensões
Na prisão de Eliana, foram apreendidos celulares e um notebook, além de seringas e medicamentos. Dois mandados de busca e apreensão serão cumpridos em endereços ligados à médica no Centro do Rio.
Os policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) foram os responsáveis por cumprirem o mandado de prisão preventiva contra a médica, que poderia fugir, segundo a polícia, após ter sido denunciada pelo Ministério Público do Rio por crimes de dolo eventual e fraude processual, já que ela teria tentado esconder provas. A denúncia foi feita nesta terça-feira (11).
Ocultações
Após a morte de Ingrid, a médica Eliana escondeu algumas coisas no consultório do marido, que fica no mesmo prédio da Barra da Tijuca. A investigação, no entanto, não chegou no esposo dela.
“A Justiça decretou a prisão preventiva dela por entender que ela vinha obstruindo a investigação, já que, logo após a morte da paciente, ela passou a retirar todo o material cirúrgico que usou para fazer o procedimento de lipoaspiração e passou a ocultar provas. Representamos pela prisão tendo em vista essa conduta dela. Então, ela foi indicada por fraude processual e vai responder por homicídio doloso com dolo eventual. Além de ela estar ocultando provas, também tínhamos a preocupação de ela voltar pro seu país, já que ela tinha dupla nacionalidade brasileira e colombiana”, revelou o delegado Ângelo Lajes, da 16ª DP.
O filho de Ingrid, um adolescente de 14 anos, viu a mãe sendo morta. De acordo com a Polícia Civil, a causa da morte foi choque cardiogênico em decorrência da anestesia.
"Ela não é anestesista, mas aplicou a anestesia durante o procedimento na paciente”, afirmou o delegado.
A investigação aponta que além de Ingrid, Eliana deixou sequelas em uma paciente e também é acusada de ter causado outro óbito em uma paciente em 2020.
Família de Ingrid cobra por justiça
A família de Ingrid acredita que a justiça está sendo feita, mas eles afirmaram ao ENFOCO que só ficarão felizes quando a médica for condenada e perder seu direito de exercer a profissão.
“A justiça está sendo feita, mas eu só vou ficar aliviada quando ela for condenada. A prisão provisória é só pra ela não fugir do país, mas quando ela for condenada e pagar pela morte da minha irmã, aí sim será feita a justiça. Queremos também que ela não consiga mais exercer a profissão dela e não faça com mais ninguém o que ela fez com a minha irmã”, afirmou Thamires Ramos Ferreira, de 36 anos, técnica de enfermagem e irmã de Ingrid.
Mesmo presa, o CRM da médica segue ativo na data desta quarta-feira (12).
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