Guerra

Moradores do Jacarezinho fazem ato pelo fim da rotina de violência

Segundo eles, policiais atuam na região há, pelo menos, 3 dias

Moradores levaram cartazes pedindo paz
Moradores levaram cartazes pedindo paz |  Foto: Marcelo Tavares
  

Um grupo de moradores da Comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, realizou uma manifestação pacífica na manhã desta terça-feira (16) na Avenida Dom Hélder Câmara, uma das principais da região, para pedir paz na comunidade por conta de ações policiais na região. Segundo moradores, policiais militares atuam na região há pelo menos três dias.

Entre as mensagens estampadas nos cartazes estavam "Jacarezinho pede Paz", "Paz somente". 

Durante o protesto, uma das moradoras, que preferiu não se identificar, contou que estava há quatro anos desempregada, e recentemente conseguiu um emprego de carteira assinada há uma semana, mas pelo fato de não conseguir ir ao trabalho por conta da operação acabou perdendo o emprego.

"Nós, mães e solteiras, vivemos o drama de ter que deixar os nossos filhos sozinhos em casa. Tem uma semana que eu consegui o emprego de carteira assinada e hoje fui comunicada que perdi o emprego porque não fui ontem (segunda). O horário que eu ia para o trabalho foi o mesmo em que os policiais chegaram atirando. Agora a gente volta a viver a rotina de ficar dependente de bolsa família. Aceitar tudo isso que está acontecendo. Não é porque somos moradores de favela que temos que aceitar isso, queremos ter dignidade." 

Homem morreu durante o confronto na comunidade nesta segunda
  

Maura Martins, comerciante da região, tem um comércio na localidade conhecida como Campo da Abóbora. Ela denuncia que os policiais estão agindo com truculência. 

"Nós temos família, eu tenho um filho especial, tenho um neto. Os policiais estão jogando spray de pimenta nos becos e dentro das casas. Hoje aqui nós somos poucos mas queremos ter voz", disse.

Na noite desta segunda-feira (15), Ruan Campos da Silva, de 25 anos, conhecido como Girino, morreu após ter sido baleado na comunidade. Ele chegou a ser socorrido por moradores para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos, na mesma região, mas não resistiu.

Procurada, a Polícia Militar informou que policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Jacarezinho acompanharam a manifestação. De acordo com o comando da CPP, um grupo de pessoas ocupou parte da via com faixas e cartazes. Não houve registro de interrupção no fluxo de veículos da região.

Sobre a morte de Ruan, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte. Já a Polícia Militar disse que não foi acionada para esta ocorrência.

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