Polícia
Morte de João Pedro em SG completa um ano de impunidade e inércia das autoridades
Há um ano, o adolescente João Pedro Mattos, de 14 anos, era vítima de uma bala perdida durante uma operação conjunta das polícias Civil e Federal no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Nesta terça-feira (18), exatamente um ano depois, o crime permanece sem respostas e atos por justiça são realizados em diferentes pontos do município, já que o responsável pelo disparo que ceifou a vida do jovem nem mesmo foi identificado pela Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), responsável pelo caso.
Um dos atos realizados na manhã desta terça-feira acontece no rodo de Itaúna, em São Gonçalo, a poucos quilômetros da casa em que o jovem foi morto. Com faixas clamando por justiça e desejos de força para a família, os manifestantes se uniram, com máscaras e um único objetivo: cobrar explicações pela demora nas investigações do caso. Quem esteve presente no ato foi o pai da vítima, Neilton Pinto.
“Um ano se passou e nada foi feito. Queremos justiça para pelo menos confortar um pouco o coração de todos nós. Não teremos o João Pedro de volta e isso me dói muito, de verdade. Quem fez isso com um adolescente precisa pagar pela morte do meu filho”
A mãe de João Pedro, a professora Rafaela Coutinho, também esteve presente. Ela ressaltou como o filho era querido pela família e por pessoas próximas.
“Meu filho sempre foi muito querido por todos e isso é notório desde o dia do lamentável ocorrido. Filho, onde quer que você esteja, saiba que estaremos aqui por você e cobraremos justiça até o fim. Eu te amo muito, é muito difícil falar sobre isso”
O ato realizado em Itaúna seguiu pela BR-101 com destino à sede da Polícia Rodoviária Federal, em São Gonçalo.
“Precisamos de uma resposta para esse caso. O João Pedro sempre foi muito querido por todos e não podemos deixar esse caso cair no esquecimento”, disse Jefferson Souza, líder do movimento Voz do Salgueiro.
Além do ato perto da casa do adolescente, outras duas manifestações estão previstas para esta terça-feira em São Gonçalo: No Centro e no Patronato.
Investigações
Trezentos e sessenta cinco dias se passaram e poucas perguntas foram esclarecidas sobre a morte de João Pedro. Durante as investigações, o delegado Bruno Cleuder, titular da DHNISG, afirmou que não restavam dúvidas sobre a “classe” de autoria dos disparos. Quando questionado sobre a participação de policiais na morte do adolescente, ele não titubeou.
“Na minha concepção, não resta dúvidas de que o disparo que matou o João Pedro partiu de um policial”
Entretanto, mais de seis meses após a reprodução simulada da morte do adolescente, nenhum policial ou traficante foi formalmente responsabilizado pela morte do adolescente. Questionada a respeito das investigações, a Polícia Civil tranfere a responsabilidade ao Ministério Público, dependendo de laudo para avançar nas investigações.
Em nota a Civil afirma que 'a reprodução simulada do caso foi realizada de forma conjunta entre peritos da instituição e do Ministério Público. Cada equipe ficou encarregada de elaborar um laudo específico. A Delegacia de Homicídios aguarda o resultado do exame realizado pelo MP para anexar ao inquérito. Além disso, a Defensoria Pública e o MP solicitaram à Polícia Civil de São Paulo uma contraperícia de balística nas armas apreendidas durante a ação. A Polícia Civil do Rio de Janeiro também aguarda este último laudo para a conclusão do procedimento policial'.
Já o MP limitou-se a dizer que espera que as investigações cheguem a responsabilização dos culpados pela morte do adolescente. Entretanto, não citou e nem deu qualquer prazo para a liberação do laudo da reprodução simulada. Também não disse se já houve resultado da balística, encomendada a polícia paulista.
A Defensoria Pública alega, com as investigações parada há meses, que ainda depende da perícia encomendada aos policiais paulistas, que por sua vez sequer respondeu aos questionamentos sobre o atraso.
Quem retornou ao circuito de investigações, nesta semana, foi o Ministério Público Federal (MPF), que, após ter abandonado o caso por não haver suspeitas sobre os policiais federais na operação, voltou atrás e agora investiga se houve desvio de conduta por parte dos agentes.
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