Execução
MP investiga se Rogério Andrade mandou matar Marielle Franco
Relação com ex-pm Ronnie Lessa chamou a atenção dos promotores
Rio - O contraventor Rogério de Andrade pode estar envolvido na morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018, de acordo com o Ministério Público do Rio.
Segundo relato de Diogo Erthal, promotor de Justiça e integrante do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o autor dos disparos Ronnie Lessa e o bicheiro Rogério de Andrade possuíam uma relação muito próxima no ano de 2018 e por conta da morte da parlamentar, a participação do bicheiro no crime é tratada como uma hipótese.
"A participação de Rogério nesse crime é uma das linhas mais fortes de investigação. Não há elementos para confirmar ou descartar essa possibilidade", explicou.
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Parceria
De acordo com os agentes do Gaeco, os dois tiveram contato frequente no ano de 2018 (mesmo da execução de Marielle). Na ocasião, Andrade estava investindo em uma casa de jogos clandestinos na Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, e chamou Lessa para ajudá-lo a gerenciá-la.
No mesmo dia em que foi inaugurada, a casa foi fechada e o material foi apreendido contudo nela foi levado para a Delegacia da Barra da Tijuca (16ª DP).
A quadrilha, liderada por Andrade com o auxílio de Lessa, conseguiu, com o apoio de policiais corruptos da PM e da Polícia Civil, a liberação de 80 caça-niqueis, em agosto de 2018, que estavam na 16a DP.
A delegada titular da época era Adriana Belém, que foi presa no início da tarde desta terça-feira, na mesma operação. Ela possuía acusação de corrupção passiva e em sua casa foram encontrados quase R$ 2 milhões.
Ainda segundo a investigação, os dois tinham um plano conjunto de expandir negócios ilegais nos bairros do Recreio e da Freguesia, ambos na Zona Oeste do Rio.
Essa proximidade comprovada entre Andrade e Lessa poucos meses após o assassinato de Marielle e Anderson, que aconteceu, em março, coloca o nome de Rogério de Andrade como mais um suspeito de estar envolvido neste crime. Os dois, no entanto, já haviam tido um envolvimento há pelo menos 13 anos.
"Há elementos que provam que os dois têm relação desde 2009, quando Ronnie, indicado como um dos seguranças de Rogério, perdeu uma perna em um atentado de bomba", descrevem os promotores.
Rogério de Andrade é um dos 10 foragidos da Operação Calígula. Ronnie Lessa está preso por ter executado a ex-vereadora Marielle Franco.
Operação Calígula
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciou, nesta terça-feira (10), a Operação Calígula, com objetivo de desmantelar uma organização criminosa liderada pelo contraventor Rogério de Andrade e seu filho Gustavo Andrade.
As investigações apontam que o grupo é responsável por controlar uma rede de jogos ilegais. Entre os investigados está o PM reformado Ronnie Lessa, preso pela morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
A operação visa cumprir 24 mandados de prisão e 119 de busca e apreensão. Até o momento desta publicação, quatorze pessoas foram presas, entre elas os delegados Marcos Cipriano e Andriana Belém.
Foram denunciadas 30 pessoas pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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