Operação Calígula
Amizade com famosos e luxo: a vida da delegada presa no Rio
Foram encontrados quase R$ 2 milhões em seu apartamento
A Delegada da Polícia Civil Adriana Belém, presa nesta terça-feira (10) como alvo da Operação Calígula, trabalhou por anos como líder de investigações da Delegacia da Barra Tijuca (16ª DP), na Zona Oeste do Rio. No dia que a Polícia Civil completa 214 anos, ela foi detida por ser acusada de participar de um esquema de organização criminosa com a prática de atividade corruptiva na área do jogo do bicho.
Em sua casa, a polícia encontrou quase R$ 2 milhões. De acordo com o juiz Bruno Monteiro Ruliére, o dinheiro encontrado significa um indicativo de que a ré apresenta um envolvimento com a organização criminosa liderada pelo bicheiro Rogério de Andrade com ajuda de Ronnie Lessa, preso acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gome em março de 2018.
Segundo o Ministério Público do Rio (MPRJ), Adriana mentiu sobre a origem dos quase R$ 2 milhões encontrados em seu apartamento de luxo na Barra da Tijuca. De acordo com a promotora Roberta La Place, Adriana entrou em contradição sobre o valor encontrado em sua casa. O dinheiro encontrado seria de parcerias que faz em seu Instagram.
A delegada é conhecida nas redes sociais por participar de vídeos e brincadeiras com seu filho. Inclusive, o jovem ganhou um carro, modelo Jeep Compass blindado, de presente da mãe. O veículo é avaliado em R$ 300 mil. Belém também é bem conhecida no mundo dos famosos. A delegada realiza postagens com jogadores, cantores e atores. Inclusive, foi citada em uma conversa entre participantes do Big Brother Brasil neste ano.
Em seu Instagram, a "delegada pop", como também é conhecida, possui 160 mil seguidores
Em seu Instagram, a "delegada pop", como também é conhecida, possui 160 mil seguidores. Adriana realiza postagens esbanjando o corpo em viagens. No entanto, os posts mais engajados são as gravações com seu próprio filho.
Nas eleições de 2020, Adriana tentou um cargo como vereadora no Rio pelo Partido Social Cristão (PSC), mas não foi eleita. Na campanha, diversos artistas gravaram vídeos a apoiando.
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Saída do cargo de Delegada
A delegada entregou o cargo de chefe da 16ª DP (Barra da Tijuca) em janeiro de 2020 por causa da prisão de agentes que trabalhavam na distrital envolvidos na Operação Intocáveis II. Na época, o chefe de polícia Jorge Luiz Camilo Alves foi detido por envolvimento com a milícia de Rio das Pedras. Adriana foi afastada para não prejudicar as investigações. Contudo, ela é investigada por participar de reuniões entre Camilo e Ronnie Lessa.
No entanto, o portal de transparência do Estado mostra que Adriana consta como ativa no quadro de servidora, com vencimento líquido em torno de R$ 27 mil. Por meio de nota, a Secretaria de Polícia Civil disse que tanto Adriana Belém, quanto o delegado Marcos Cipriano (outro envolvido na Operação Calígula) não estão no quadro da instituição. Ambos estão cedidos em outros órgãos.
A delegada foi cedida à Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro. Os vencimentos, segundo o portal da transparência, eram de R$ 8.345,14. A Prefeitura do Rio anunciou que ela será exonerada ainda nesta terça-feira (10).
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil vai solicitar acesso às investigações para dar andamento aos processos administrativos necessários.
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