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    Transfobia

    ‘Não tenho medo’, diz mulher trans agredida em Niterói

    Natália estava no ponto de ônibus quando levou socos e chutes

    Publicado 27/02/2025 às 17:59 | Autor: André Silva
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    Natália Costa afirma que não teve ajuda de niguém, nem mesmo do Terminal de Niterói
    Natália Costa afirma que não teve ajuda de niguém, nem mesmo do Terminal de Niterói |  Foto: Reprodução / Redes Sociais

    Mulheres trans são agredidas diariamente em diferentes regiões do Brasil. No último domingo (23), Natália Costa, de 30 anos, foi mais uma vítima de agressão. Dessa vez, foi em Niterói, Região Metropolitana do Rio.

    A vítima estava em um ponto de ônibus no Terminal João Goulart, no Centro, quando três homens a atacaram com socos e chutes após uma discussão. Natália afirmou que não tem medo de andar nas ruas e que quem deveria temer são os agressores.

    Natália contou que estava ao telefone quando um dos homens a ofendeu verbalmente. Ao responder em sua defesa, os outros dois se envolveram na situação.

    "Eu automaticamente retruquei, os dois amigos dele se meteram e também me ofenderam. Quando comecei a discutir com eles, um deles puxou meu cabelo e começaram a me agredir com socos e chutes no rosto", disse ao ENFOCO.

    A vítima afirmou que a agressão aconteceu na baia do ônibus 531 e que o terminal estava cheio devido a um bloco de carnaval na Avenida Amaral Peixoto. Apesar da movimentação, ninguém interferiu na situação.

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    Até porque quem defenderia uma travesti, não é mesmo?
    Natália Costa Garçonete
    Aspas da citação

    Natália contou que não recebeu ajuda de imediato e foi para casa, no bairro do Ingá, onde o amigo com quem divide a residência a socorreu e acionou o Samu. Ela foi encaminhada ao Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), no Fonseca, Zona Norte de Niterói.

    "No momento eu não sabia direito qual era a proporção do ferimento no meu rosto, só pensei em ir para casa", disse.

    Com a agressão, o osso da lateral do rosto de Natália foi fraturado. Ela passará por uma cirurgia no próximo dia 6 de março para corrigir a fratura. "O médico falou que só por um pouquinho eu poderia ter ficado cega", afirmou.

    Natália teve parte do rosto fraturado e passará por cirurgia
    Natália teve parte do rosto fraturado e passará por cirurgia |  Foto: Arquivo Pessoal

    Natália afirmou ao ENFOCO, que essa foi a primeira vez que sofreu uma agressão física, mas não a primeira violência. "Transfobia nas pessoas trans sofremos todos os dias, seja agressão verbal ou até física", falou.

    Mesmo com a violência, ela reforça que continuará a ocupar os espaços públicos. 

    Aspas da citação
    Eu nunca vou ter medo de andar na rua, pois o meu direito de ir e vir é garantido. Na minha cabeça, quem deveria ter medo de viver em sociedade são esses agressores
    Natália Costa Garçonete
    Aspas da citação

    A vítima espera que os agressores sejam punidos. "Eu espero que eles sejam legalmente punidos para a sociedade sempre se lembrar que transfobia é crime", deseja a garçonete.

    Até o momento, apenas um dos suspeitos foi identificado, segundo relatos recebidos por Natália.

    O caso foi registrado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e é acompanhado pela Comissão Permanente de Direitos Humanos, da Mulher, da Criança e do Adolescente da Câmara Municipal de Niterói, presidida pela vereadora Benny Briolly (PSOL).

    A comissão também apresentou uma indicação legislativa à prefeitura de Niterói solicitando o reforço da segurança no Terminal João Goulart durante o período de carnaval, com o deslocamento de guardas municipais para o local e seu entorno.

    Aumento da violência contra pessoas trans

    Casos de violência contra pessoas trans vêm crescendo no Brasil. Dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, coletados pelo Disque 100, indicam que o número de denúncias desse tipo aumentou 45% em 2024 em comparação com o ano anterior. O total de violações registradas subiu 73% no mesmo período.

    O Brasil também lidera, pelo 16º ano consecutivo, o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans. Entre setembro de 2023 e outubro de 2024, foram 350 mortes registradas, segundo a ONG Trans Murder Monitoring. Destas, 30% ocorreram em território brasileiro.

    No geral, o Disque 100 recebeu 8.142 denúncias de violência contra a população LGBTQIA+ em 2024, envolvendo 48.475 violações, um aumento de 34% nas denúncias e 46% nas violações em relação a 2023.

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