Impotência
Órfã de agricultora morta em Silva Jardim clama por justiça: 'Dói'
Responsáveis pela morte de Marta Guimarães seguem foragidos
Familiares da agricultora Marta Guimarães, assassinada aos 50 anos por dois homens enquanto estava dentro de casa, em Silva Jardim, na Baixada Litorânea do Rio, clamam por justiça e prisão dos criminosos acusados de praticar o crime. Dois anos e meio após o caso, ocorrido em janeiro de 2022, os executores continuam foragidos.
Na noite do dia 5 de janeiro, dois homens, identificados como Luiz Henrique da Silva Martins e Jorge Luiz Rosa Novaes, invadiram a casa de Marta por volta das 22h30 e a executaram a tiros. A vítima residia no bairro Horto.
A investigação, na época conduzida pela 120ª DP (Silva Jardim), descartou a hipótese de latrocínio, uma vez que nada foi roubado, e seguiu a linha de feminicídio.
Até o momento, apenas um dos acusados, Luiz Henrique da Silva Martins, foi capturado. Jorge Luiz Rosa Novaes, conhecido como “Bigu”, e Adriano Dias da Silva, apontado como mandante, ainda estão foragidos.
Uma outra mulher, identificada como Mariléia Soares Figueiredo também foi apontada como acusada durante a investigação, mas teve sua prisão revogada até o julgamento.
Conforme a família, o assassinato de Marta teria sido motivado por uma disputa de terras. Os motivos foram considerados como fútil pelos investigadores, uma vez que se demonstrou de mínima importância e desproporcional à gravidade do fato.
Dor
A captura de Luiz Henrique foi um progresso nas investigações, mas a ausência dos outros envolvidos impede a conclusão do caso. Enquanto isso, a família de Marta Guimarães - que faria 53 anos este ano - sofre com o sentimento de impotência.
"Nesses dois anos e oito meses a gente se sente impotente, sabe? Passaram dois anos e meio e nada ainda. O mandante continua foragido, a pessoa que disparou os tiros também está solta. Então a gente fica impotente. O coração a mil querendo respostas e vários pensamentos", desabafou Carla Célia Guimarães, a filha mais velha da vítima.
Segundo Carla, ela e a irmã, Natalie Guimarães, chegaram a desenvolver um quadro depressivo após a perda da mãe.
É difícil a gente melhorar psicologicamente porque o tempo todo a cabeça pensa nisso. É o tempo todo matutando o que podemos fazer para que a justiça seja feita. Eu prometi a ela no enterro que a gente ia descobrir e que a justiça seria feita porque foi uma covardia
Câncer
Na ocasião, Marta estava se recuperando de um câncer quando foi assassinada. "Minha mãe estava se recuperando de um câncer no intestino, ela estava fazendo quimioterapia. Ela era uma mulher tão amada pela cidade de Silva Jardim. Era uma pessoa boníssima que ajudava toda a gente", contou uma das filhas, Natalie Guimarães.
Marta era agricultora e também atuava como presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Vale do Rio São João, o que tornou-a conhecida por muitas pessoas da cidade.
Ela chegou a ser homenageada no evento ''Mulheres que brilham'', organizado pela Prefeitura de Silva Jardim.
"Perder uma mãe dói a alma, dói para sempre. É isso que a gente precisa para seguir em frente: que a justiça seja feita. Não vai mudar o que houve, não vai trazê-la de volta, mas o coração da gente vai estar mais tranquilo", expressou a primogênita.
Investigação
Segundo a Polícia Civil, a investigação está em andamento e sendo acompanhada pelo Ministério Público.
Questionado, o Ministério Público do Rio (MPRJ) disse que já houve denúncia oferecida pela Promotoria de Justiça de Silva Jardim.
Conforme o Tribunal de Justiça (TJRJ), o processo está em trâmite na Vara Única de Silva Jardim. Nos últimos movimentos do processo, em abril deste ano, foi realizada uma audiência de instrução. Durante a sessão, foi manifestado pedido de revogação da prisão de Adriano Dias. O pedido foi negado pelo Ministério Público, que alegou que ‘’o réu encontra-se foragido há quase 02 (dois) anos, o que reforça a necessidade da prisão cautelar’’.
Não há informações quanto ao paradeiro de Jorge Luiz, o ‘’Bigu’’.
Foragidos da Justiça podem ser denunciados ao Disque Denúncia na central de atendimento (21) 2253 1177 ou no aplicativo para denúncias "Disque Denúncia RJ".
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