Magé
Pacientes recebiam drogas em clínica de reabilitação na Baixada
Espaço foi fechado após denúncias de abusos sexuais
As mulheres resgatadas de uma comunidade terapêutica clandestina, localizada em um sítio de Magé, na Baixada Fluminense, nesta segunda-feira (27), recebiam drogas dos responsáveis pelo local. Além disso, as vítimas eram dopadas e sofriam abusos sexuais, psicológicos e físicos. Supostamente, o local oferecia tratamento para dependentes químicos. Após as denúncias, o espaço foi interditado.
De acordo com a Prefeitura de Magé, 13 mulheres foram encontradas após uma delas conseguir fugir do local e informar aos moradores da região sobre o que acontecia na clínica. A denúncia foi repassada às autoridades locais.
A ação contou com a participação das polícias Militar e Civil, além da Vigilância Sanitária Municipal, e das secretarias de Segurança e Ordem Pública, e Assistência Social.
Ao chegarem ao local, no bairro Barão de Iriri, os policiais encontraram o ambiente em estado insalubre, com mulheres de idades entre 22 e 62 anos apresentando comportamentos considerados "estranhos" pelos agentes. No local, as vítimas relataram ter sofrido violência sexual e psicológica.
Segundo informações, as famílias das vítimas pagavam pelo suposto tratamento, mas não tinham conhecimento do que acontecia no local.
De acordo com a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos de Magé, Flávia Gomes, as vítimas relataram que eram dopadas com medicamentos administrados pelos responsáveis da clínica. A maioria dos medicamentos não possuía receita nem acompanhamento médico. No entanto, não há confirmação sobre quais medicamentos seriam.
Ainda de acordo com informações das próprias mulheres, algumas delas recebiam drogas, mesmo estando em suposto tratamento. Uma das mulheres foi resgatada com marcas de agressões físicas e relatou que era tratada de forma agressiva sempre que discordava de algumas situações que ocorriam na clínica.
A comunidade oferecia atendimento exclusivo para mulheres, conforme informado pela prefeitura, que também revelou que o local estava em funcionamento há cerca de cinco meses. Durante a ação, foi constatado que duas das vítimas estavam fortemente sedadas, embora ainda responsivas.
As mulheres foram retiradas do local e encaminhadas ao Hospital Municipal de Magé, onde receberam atendimento médico. O Centro Especializado de Atendimento à Mulher Mageense Vítima de Violência (CEAM) também prestou acolhimento e cuidados às vítimas.
Procurada pelo ENFOCO, a Polícia Civil informou que todos os envolvidos serão ouvidos e as mulheres ainda serão encaminhadas para exame de corpo de delito. A investigação está em andamento para esclarecer os fatos.
Já a Polícia Militar, acionada para dar apoio à ação, confirmou que policiais do 34º BPM (Magé) foram chamados para verificar a denúncia da casa de recuperação funcionando sem alvará e sem autorização da vigilância sanitária. A casa, localizada na Rua Aputera, em Barão do Iriri, foi interditada.
Sem alvará para o funcionamento
A Vigilância Sanitária Municipal constatou que a clínica não tinha alvará nem licença de qualquer órgão público de saúde para o funcionamento. O espaço foi fechado.
Dois homens responsáveis pela clínica foram encaminhados para a Delegacia 65ª DP (Magé) e, posteriormente, foram liberados. Os responsáveis podem ser acusados de sequestro, cárcere privado, abuso sexual e prática ilegal de medicina.
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