Crueldade

Paraguaios resgatados de trabalho escravo usavam vendas nos olhos

Eles tiveram os celulares recolhidos durante viagem ao Rio

Ao todo, eram 23 paraguaios e um brasileiro, todos já prestaram depoimento
Ao todo, eram 23 paraguaios e um brasileiro, todos já prestaram depoimento |  Foto: Arquivo / Enfoco
 

Os trabalhadores resgatados de uma fábrica de cigarros no Rio contaram ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que usavam vendas nos olhos e tiveram o celular confiscado ao viajarem de São Paulo até Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

 Ao todo, eram 23 paraguaios e um brasileiro, todos já prestaram depoimento. O MPT confirmou que nõa há dúvida sobre as condições de trabalho no local, em situação análoga à escravidão.

Segundo os Paraguaios, o salário oferecido foi de R$3,5 mil por mês, mas receberam somente R$500 reais. Em depoimento, um deles informou que comprou a própria passagem para o Rio e embarcou em uma van com outros operários, usando vendas nos olhos.

Neste sábado (9), as máquinas dentro da fábrica começaram a ser desmontadas. Segundo a polícia, um gerador funcionava no local para que, mesmo se faltasse luz, o trabalho não fosse interrompido. As investigações continuam para descobrir os donos do local.

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Segundo os operários, a venda só foi retirada ao chegarem no galpão. A porta foi fechada, e ordenado que eles não poderiam sair do local, já que estavam sendo monitorados. Em depoimento, um dos trabalhadores informou que cumpria um horário de trabalho de 19h às 7h, ele recebia comida no galpão, local que, segundo a testemunha, era muito quente.

No galpão, os paraguaios contaram que muitos choravam com saudades da família e pelas condições de trabalho. O consulado do Paraguai informou que vai pagar as passagens para que todos retornem ao país.

A polícia também descobriu que um dos homens possui um mandado de prisão em aberto e estava foragido por crime de tráfico e por associação para o tráfico de drogas. 

Os operários retornaram neste sábado ao local para recolher objetos pessoais que estavam lá. O MPT informou que, diante da situação, vai exigir o pagamento dos direitos trabalhistas e por danos morais. Eles também concluíram que os bens apreendidos na fábrica podem ser leiloados e a venda dos objetos revertida para pagar essa dívida com os operários.

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