Intolerância
Passageira é alvo de racismo em ônibus no trajeto Rio-Niterói
'Não sou chegado à sua cor', teria dito o acusado
Uma mulher alega que foi vítima de injúria racial dentro de um ônibus intermunicipal, que faz a linha Niterói x Rio, enquanto retornava do trabalho na última terça-feira (9).
A operadora de telemarketing, Michely Braga Pereira, de 30 anos, contou ao ENFOCO que entrou no ônibus 771 (Candelária - Rio do Ouro) para voltar para casa em Maria Paula, São Gonçalo.
Ela conta que o acusado, um homem branco, de 84 anos, não havia dado espaço para que ela pudesse se sentar e, por isso, ela precisou passar de forma abrupta. Em seguida, o homem passou a xingá-la e falar palavras com teor racista.
Atendente contou que mesmo após ter sido retirado do ônibus por policiais, o homem continuou com postura arrogante e debochou de um dos agentes, também negro
Depois de uma breve discussão, o idoso disse 'não ser chegado' a pessoas negras, além de tirar conclusões precipitadas por conta da cor da pele de Michely.
Ele disse que tinha um carro e que eu não tinha. Depois disse que não era 'chegado à minha cor ou à minha raça', naquele momento eu me senti a pior pessoa do mundo
Ela contou ainda que disse que iria chamar a polícia após as declarações. Logo em seguida, o homem teria puxado uma identificação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dito que não se preocupava porque sabia de seus direitos.
"Segui viagem ao lado dele enquanto tentava ligar para a polícia. Ele foi me prensando durante o caminho. Pedi ajuda ao motorista e ele me tratou com muita frieza", revelou.
Em seguida, a atendente conta que conseguiu falar com a polícia através do 190, que recomendou que ela pegasse o nome do motorista e do homem que disse a ofendeu.
Segundo Michely, o motorista do ônibus se negou a dar o nome e teria dito que o problema deveria ser resolvido entre os dois passageiros. Depois de se sentir humilhada, ela disse também ter pedido ajuda a um despachante, que também estava dentro do ônibus, mas ele não se dispôs a ajudá-la, assim como os outros cerca de 20 passageiros que estavam no ônibus no momento do ocorrido.
Alívio
Após o coletivo chegar a Niterói, Michely chamou três policiais, ainda de dentro do ônibus, para pedir ajuda. No mesmo momento, o veículo havia parado para deixar que alguns passageiros.
Segundo a operadora de telemarketing, ela gritou pedindo socorro aos policiais, que entraram no veículo. Os envolvidos foram conduzidos para a 77ª DP (Icaraí). Além de Michele e do acusado, uma mulher de 19 anos e um jovem, de 18, também foram como testemunhas do caso.
Michely contou que, mesmo após ter sido retirado do ônibus por policiais, o homem continuou com uma postura arrogante e debochou de um dos agentes, também negro. Depois de prestar depoimento, o homem acabou liberado.
O caso foi registrado como injúria por preconceito. A Polícia Civil informou que após diligências e depoimentos da vítima do autor e de testemunhas, o inquérito foi encaminhado para o Ministério Público.
Resposta da Pendotiba
No caso em específico, os motoristas são orientados fortemente a tentar solucionar o impasse gerado no interior do coletivo, sem constrangimentos, usando do critério do bom senso e, caso a situação fuja da normalidade, a orientação passada aos prepostos é para que busquem o auxílio policial.
No momento do ocorrido a passageira relatou os fatos em alto e bom tom, gritando no coletivo, quando então o motorista procurou uma viatura para que pudesse parar o coletivo e pedir o auxílio policial e quando, na Rua Gavião Peixoto altura do Campo de São Bento, desembarcavam passageiros, a própria vítima consegue avistar a viatura do Policiais Niterói Presente que, com sua autoridade, conduziram as partes com mais duas testemunhas para a 77ªDP.
Existe treinamento para esse tipo de situação desde a admissão do funcionário e, periodicamente, com reuniões de reciclagens abordando assuntos de segurança veicular e últimos acontecimentos, visando até, se necessário for, realizar atualizações do POP (Procedimento Operacional Padrão da Empresa).
A empresa somente tomou conhecimento dos fatos através do relato pelo Enfoco, uma vez que não foi gerada ocorrência interna, já que o incidente relatado não se deu em razão de qualquer conduta culposa do preposto desta empresa.
Uma atitude plausível seria solidarizar com a possível vítima, adotar as medidas que couberem, sempre com respeito a todos os envolvidos e às Leis.
Diante do exposto, esta empresa agradece o relato e informa estar anotando o incidente para que seja revisto e renovado seu P.O.P (Procedimento Operacional Padrão), visando adequar mais medidas a serem tomadas diante do caso relatado, de modo a propiciar a todos os passageiros uma viagem agradável e segura.
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