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    Violência

    Pediatra é agredida por mãe de paciente em hospital do Rio

    Médica sofreu ferimentos no rosto

    Publicado 30/07/2022 às 11:29 | Atualizado em 30/07/2022 às 13:38 | Autor: Tiago Souza
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    Vítima exibiu imagem com ferimentos no rosto e até mesmo em um dos olhos
    Vítima exibiu imagem com ferimentos no rosto e até mesmo em um dos olhos |  Foto: Reprodução

    Uma médica pediatra foi agredida pela mãe de uma criança durante atendimento no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. O insulto resultou em cortes no rosto da profissional de saúde. O caso ocorreu na noite de quarta-feira (27). A vítima fez um desabafo em rede social nesta sexta-feira (29).

    Na publicação, a vítima exibiu fotos com o rosto ensanguentado dentro da clínica. A médica denuncia que as agressões foram motivadas após a prescrição de medicamentos. A situação aconteceu na data em que se comemora o Dia do Pediatra. 

    "Nós profissionais da saúde (médico, enfermeiros e técnicos) que trabalhamos na ponta e somos expostos todos os dias a todos os tipos de agressões sendo físicas ou verbais, precisamos de proteção e segurança para trabalharmos com dignidade", clamou.

    O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informou que recebeu com repúdio a informação de que mais uma médica foi agredida fisicamente durante o exercício profissional. "O Conselho entrou em contato com a médica para prestar solidariedade e colocou à disposição sua assessoria jurídica para oferecer o suporte necessário", disse.

    Procurada, a direção do Hospital Municipal Albert Schweitzer disse que lamenta o ocorrido e informa que conduziu a médica e a mãe da paciente à delegacia, na última quarta-feira (27).

    "[O hospital] segue prestando toda a assistência psicológica, jurídica e institucional à profissional", disse a Secretaria Municipal de Saúde em nota.

    As investigações estão em andamento na 33ª DP ( Realengo), que já ouviu a vítima e aguarda o comparecimento dos outros envolvidos no caso para prestarem depoimento. Segundo a Polícia Civil, diligências seguem em busca de informações que ajudem a esclarecer o caso.

    O caso

    A médica revela que atendeu a criança com "muita atenção" e "cuidado" na manhã de quarta (27). Durante a consulta, que aconteceu por volta de 10h, a profissional de saúde diz que solicitou exame com diagnóstico por imagem ao pai. Inclusive, o procedimento constatou um quadro de pneumonia na paciente.

    "Prescrevi antibióticos genéricos para o tratamento da criança, deixando claro ao pai, que já havia apresentado certa agressividade na fala, a falta de insumos e fabricação de medicações em geral", conta.

    Por volta das 18h50, quase ao fim do plantão médico, diz a pediatra, a mãe da criança foi até ao hospital, quando ocorreu a agressão contra a médica.

    "Fui surpreendida dentro de meu consultório pela mãe dessa criança que havia ficado indignada com o preço e a falta de tal medicamento prescrito, alegando que eu havia receitado os medicamentos com certa maldade, pois de acordo com ela, eu não havia ficado satisfeita com a postura de seu marido", contou a vítima.

    De acordo com a pediatra, após o comportamento agressivo da mãe da criança, ela explicou novamente o problema na falta de insumos. Foi aí que agressão aconteceu. "Ao me virar para recolher minhas coisas e ir embora, fui covardemente agredida pela mesma”, relatou a médica.

    Ainda segundo o relato da vítima, após ter sido agredida, ela foi até a delegacia da região para registrar o caso, mas ao relatar o episódio aos policiais a médica afirma ter sido surpreendida com a informação que recebeu.

    “Fui surpreendida pela lei, alegando que essa mulher só poderia ser presa se tivesse danificado algum patrimônio público, e que mesmo ela tendo ferido minha integridade física e moral, não haveria punição”, contou.

    O advogado Ramon Brito, ouvido pelo ENFOCO, ensina que a médica agredida pode e deve fazer o registro do boletim de ocorrência pelo crime de violência física simples. Ele não tem envolvimento no caso. 

    “Existe uma mentalidade no Brasil, de não encarcerar o acusado quando o tipo de crime é simples. Vale lembrar que, agredir fisicamente e verbalmente um funcionário público também é crime”, informou o assistente jurídico.

    Em 2016, o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 do Código Penal, foi alterado para tipificar de forma mais gravosa os crimes de lesão corporal, contra a honra, ameaça e desacato, quando cometidos contra médicos e demais profissionais da saúde no exercício de sua profissão. 

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