Operação Torniquete
Polícia mira empresa por pagamento de resgate de carros roubados
Mandados de busca e apreensão estão sendo realizados nesta sexta

A Polícia Civil realiza, na manhã desta sexta-feira (23), mandados de busca e apreensão contra funcionários de uma empresa investigada por formar uma organização criminosa responsável por aumentar os índices de roubo de veículos no Estado do Rio de Janeiro. Segundo a investigação, o grupo promovia "pagamento de resgate" de veículos produto de roubo e furto.
A "Operação Torniquete" é realizada por agentes da Delegacia de Roubo e Furtos de Automóveis (DRFA) e da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e tem como objetivo apreender celulares, computadores e documentos que comprovem a participação no esquema, além de identificar os responsáveis, do lado dos criminosos, pelas negociações.
A investigação revelou que empresas recuperadoras de veículos, conhecidas como "pronta resposta" ou "pronto emprego", contratadas por associações e cooperativas de proteção veicular, negociavam diretamente com roubadores, traficantes e receptadores o pagamento de valores para a devolução dos veículos.
O objetivo desse esquema é evitar que essas associações precisem indenizar seus clientes com base na tabela Fipe.
Ainda segundo a investigação, este modelo impactou diretamente no aumento do número de roubos de veículos ocorridos no segundo semestre do ano passado e nos dois primeiros meses deste ano em todo o Estado do Rio de Janeiro, principalmente na capital e na Baixada Fluminense.
Durante o esquema, quatro empresas receberam, de apenas duas associações, mais de R$ 11 milhões em menos de um ano. Nesse mesmo tempo, só por essas empresas, mais de 1,6 mil veículos foram recuperados.
O tempo curto entre a data do roubo e a data da recuperação do veículo chamou a atenção da Polícia Civil. Segundo revelado, as empresas conseguiam recuperar em apenas quatro dias.
Como funcionava o esquema?
Quando um veículo protegido por uma associação ou cooperativa era roubado, os funcionários dessas empresas de “pronta resposta” entravam em contato diretamente com criminosos, traficantes ou roubadores para negociar a devolução. Esse contato, muitas vezes, era feito dentro das próprias comunidades dominadas por facções.
Para os criminosos, trata-se de uma forma rápida, segura e altamente rentável de obter dinheiro. O mesmo vale para essas empresas, pois, em média, foram pagos mais de R$ 6 mil por veículo recuperado, sendo que uma parte desses valores era pago pelo resgate e boa parte ficava para a empresa.


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