Violência
PRF diz que menor morto no Chapadão era do tráfico
Familiares do jovem negam a versão da polícia
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmou que o adolescente de 14 anos morto ao ser baleado no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio, nesta quinta-feira (27), tinha envolvimento com o tráfico.
A família do jovem, no entanto, nega o envolvimento dele com o crime organizado e afirma que ele é entregador de hambúrgueres. Diz, ainda, que no momento da morte, ele estava com R$ 10 no bolso.
Conforme a corporação, o rapaz teria atirado contra a viatura dos policiais rodoviários federais antes de ser atingido. A operação continua na localidade nesta manhã de sexta (28).
Segundo a PRF, homens em dois carros estavam envolvidos na morte do policial rodoviário Bruno Vanzan Nunes, de 41 anos. Criminosos de um dos carros envolvidos ainda trocaram tiros com policiais militares na Vila Kennedy. O segundo carro foi incendiado por traficantes do Chapadão.
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Quando a informação chegou para os policiais rodoviários pelo Disque-Denúncia, uma equipe foi mobilizada. Ainda foi confirmada a informação de que um dos assaltantes do policial havia sido morto pelo tráfico e um outro estava amarrado aguardando o término da reunião da alta cúpula do tráfico, disse a PRF.
No Chapadão, a equipe acionada para verificar o caso foi recebida a tiros por mais de 30 criminosos, conforme a polícia. Foi durante a ação que dois menores foram apreendidos e o terceiro foi morto.
Os dois apreendidos confessaram aos policiais rodoviários federais que a dupla, e o menor que acabou morto, estavam de plantão no comércio de boca de fumo da comunidade.
“O Bruno estava voltando para casa quando tentaram assaltar o carro dele do modelo Jeep Renegade, um carro muito visado pra roubo. Ele reagiu e os criminosos, que estavam em dois carros, atiraram contra ele. Sem chance de defesa, o Bruno tentou fugir pulando o vão da Transolímpica. Ele foi muito baleado, não conseguiu pular e caiu entre o espaço na Avenida Duque de Caxias. Não houve nenhuma operação agendada no Chapadão e na Vila Kennedy, era apenas um estado de flagrância no qual buscávamos prender os responsáveis pela morte do Bruno", afirmou Marcos Aguiar, chefe da Comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Rio de Janeiro.
"Nós fomos ao local depois de informações do setor de Inteligência e do Disque-Denúncia. Já chegamos sendo recebidos a tiros e revidamos. O Lorenzo foi um dos que atirou contra nós. Ele foi baleado, tentamos socorrer ele e levá-lo para o Hospital Carlos Chagas, mas infelizmente ele já chegou morto. Nós não sabíamos que ele era um menor. Ali era um criminoso atirando contra nós. Em suas redes sociais, há informações de que Lorenzo participava do Bonde da Índia, uma organização criminosa que atua no local”, disse Marcos. Nenhuma arma foi apreendida com Lorenzo, essas circunstâncias seguem em investigação.
Com eles, foram apreendidos duas pistolas e drogas, incluindo cocaína, maconha, crack e loló, diz a ocorrência. Os detidos foram encaminhados para a 27º DP (Vila da Penha).
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) está investigando a morte do adolescente de 14 anos.
Marcos também falou sobre o sentimento de perda do policial Bruno. “Ele é mais uma vítima da violência do Rio de Janeiro. Um homem de 41 anos, que morreu no caminho para sua casa, que deixa dois filhos. Ele atuava como chefe substituto de Policiamento e Fiscalização da Delegacia em Resende e passou em primeiro lugar no concurso com mais de quinhentos mil concorrentes. Ele deixa saudade para a corporação, os amigos e os familiares. Bruno é o 45º agente de força de segurança que morreu pelo crime neste ano”, afirmou Marcos.
Bruno será velado nesta sexta-feira (28) no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap a partir das 14h. O sepultamento dele está agendando para as 16h30.
Manifestação
Na manhã desta sexta-feira (28), manifestantes fazem atos contra a morte do jovem. Pneus foram queimados para bloquear a passagem de carros pela Avenida Crisóstomo Pimentel de Oliveira, na altura de Anchieta.
Criminosos também pararam um ônibus e colocaram no meio da via. Bombas de efeito moral, viaturas da PM e correria estão sendo observadas no local.
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