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    Mais um caso

    Professor diz que sofreu racismo de segurança de loja em Niterói

    Educadores realizaram manifestação em apoio a colega de trabalho

    Publicado 10/11/2023 às 21:21 | Autor: Lucas Luciano
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    Caso aconteceu dentro do Plaza Shopping Niterói
    Caso aconteceu dentro do Plaza Shopping Niterói |  Foto: Marcelo Eugênio

    No mês dedicado à conscientização negra, o professor Ubanildo Raimundo Pereira, de 72 anos, da rede pública estadual, alega ter sido vítima de um episódio de discriminação racial, na última sexta-feira (3), na loja C&A, no Plaza Shopping Niterói, na Região Metropolitana do estado. Outros dois casos semelhantes praticados em estabelecimentos comerciais contra crianças foram registrados na cidade este ano. 

    Segundo ele, ao entrar no estabelecimento com o intuito de experimentar uma roupa, foi seguido e abordado por um segurança, que, sem justificativas plausíveis, o rotulou como suspeito. Pereira, que leciona Filosofia e Sociologia há mais de 30 anos para estaduantes do ensino médio em Niterói, relatou a situação, destacando a persistência do segurança que o seguiu até o provador. 

    Leia +:Mães pedem justiça em ato contra racismo infantil em Niterói

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    Enquanto eu escolhia as peças, percebi que um segurança estava me observando de perto. No início, pensei que pudesse ser um ex-aluno, mas logo a situação se tornou desconfortável. Na medida em que eu me dirigia ao provador, ele persistiu me vigiando, sem qualquer explicação. Saí da loja com as peças e o rapaz continuou me seguindo. Nesse momento, deduzi que se tratava de um ato de racismo.
    Ubanildo Pereira professor
    Aspas da citação

    De acordo com o professor, a justificativa utilizada pelo segurança para realizar a abordagem foi de que estava apenas fazendo o seu trabalho. Contudo, isso, na visão de Ubanildo, não condiz com a realidade. Ele registrou o caso na Delegacia de Combate aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). 

    Segurança afirmou que só estava realizando o seu trabalho.

    "Isso não é trabalho, é racismo.  Reflete como este é um problema estrutural no Brasil. Ninguém merece viver isso. Ainda mais eu, que sou um professor com uma história dedicada à educação, infelizmente discriminatória. É inaceitável que, nesse estágio da sociedade brasileira, alguém precise ser desrespeitado dessa forma só por causa da sua cor", enfatizou. 

    O caso culminou em um ato contra o racismo, realizado nesta sexta-feira (10), que seguiu da estação até a porta da loja, dentro do Plaza Shopping, em apoio ao professor Pereira. Entre os manifestantes, Josiane Peçanha, de 40 anos, colaboradora do Fórum de Estudos e Ações de Educadores Antirracistas em Niterói e presidente do coletivo Afrodivas, salientou a natureza criminosa do caso.

    Ela destacou a urgência de uma mudança estrutural
    Ela destacou a urgência de uma mudança estrutural |  Foto: Marcelo Eugênio
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    Racismo é algo sistêmico e estrutural e está presente em todas as áreas da sociedade brasileira. Isso não pode acontecer. Ainda mais em um mês que debate exatamente a questão de como somos tratados no Brasil. Racismo é crime.
    Josiane Peçanha ativista social
    Aspas da citação

    Além disso, Josiane também denunciou casos de racismo que, em sua perspectiva, ocorrem frequentemente nas áreas comuns do Plaza Shopping. Ela destacou a urgência de uma mudança estrutural para lidar efetivamente com o problema.

    "É essencial promover uma formação abrangente de conscientização racial para os seguranças não apenas das lojas, mas de todo o shopping. Essas ações não apenas contribuirão para a diversidade, mas também para a construção de um ambiente inclusivo, combatendo efetivamente a discriminação racial em todas as instâncias", afirmou ela durante o ato.

    Manifestantes levaram a denúncia para dentro do Plaza Shopping

    O que dizem as empresas envolvidas 

    Em resposta, A C&A disse que apura o caso para tomar medidas cabíveis,

    "Em relação ao caso relatado, a companhia apura minuciosamente o ocorrido para o rápido esclarecimento dos fatos e tomará as medidas cabíveis, caso seja necessário", disse a empresa em nota informando ainda que "tem um compromisso público e atua diariamente para combater a discriminação e o preconceito seja ele racial, homoafetivo, de gênero, etário ou contra qualquer outro grupo. Como sabem que o racismo é uma questão estrutural, a C&A e o Instituto C&A trabalham com organizações sociais para promover ações afirmativas, que colaborem para mudar esse cenário. Como o respeito às pessoas e à diversidade fazem parte dos nossos valores, realizamos frequentemente treinamentos com nossos funcionários para um atendimento adequado a todos os clientes", diz a nota na íntegra. 

    O Plaza Shopping também se pronunciou, afirmando que o ato de racismo não corresponde às práticas da empresa e nem reflete os seus valores. 

    "O Plaza Niterói repudia qualquer ato de discriminação e informa que a abordagem relatada não corresponde às práticas do shopping nem reflete seus valores. Ressaltamos que o shopping tem um olhar atento a questões de diversidade e inclusão, promovendo frequentemente ações efetivas em suas operações", diz a nota na íntegra. 

    A Polícia Civil informou que a "Decradi investiga o caso, e diligências estão em andamento para apurar os fatos".

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