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Relembre quem é Celsinho da Vila Vintém, solto após 20 anos

Ele foi preso três vezes, sendo a última a mais longa

Celsinho foi encarcerado pela primeira vez em 1990. Seis anos depois, foi novamente preso, mas fugiu em 1998
Celsinho foi encarcerado pela primeira vez em 1990. Seis anos depois, foi novamente preso, mas fugiu em 1998 |  Foto: Marcelo Tavares
  

Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, de 61 anos, um dos fundadores da facção Amigos dos Amigos (ADA), solto nesta quarta-feira (19), após 20 anos preso, já foi condenado pelos crimes de tráfico de drogas, roubo e organização de quadrilha.

Ele agora responde a processos em liberdade. A saída da Penitenciária Lemos Brito, em Bangu VI, no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio, estava prevista para a manhã de terça (18), mas ocorreu um dia depois.

Nos 20 anos de cadeia, o Celsinho passou boa parte no Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Ele retornou ao Rio em 2017, em transferência para o Complexo Penitenciário de Gericinó, onde estava até ser solto
  

Sendo rival do Comando Vermelho (CV) e do Terceiro Comando Puro (TCP) nos anos 1990, a trajetória de Celsinho no comércio ilegal de entorpecentes é extensa: ele foi preso outras duas vezes, antes de passar o terceiro e mais longo período atrás das grades.

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No túnel do tempo da polícia, Celsinho foi encarcerado pela primeira vez em 1990. Seis anos depois, foi novamente preso, mas fugiu em 1998.

Na ocasião, inclusive, o traficante vestia uma roupa de policial militar, quando internado no Hospital Penitenciário Fábio Macedo Soares. Só em 2002, ele foi recapturado.

Ele foi solto nesta terça (19) por conta de uma decisão do juiz Marcello Rubioli, da Vara de Execuções Penais, depois de ser constatado que o criminoso não ordenou uma invasão da facção ADA na Rocinha, em 2017. Essa acusação ainda pesava na ficha criminal.

Celsinnho deixou o presídio a pé junto com seu advogado
Celsinnho deixou o presídio a pé junto com seu advogado |  Foto: Marcelo Tavares
  

A participação dele na ação foi questionada depois que o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) levantou indícios de armação por parte de delegados.

A soltura dele foi possível, também, por conta do cumprimento de parte da pena das principais condenações, desde os anos 90, para além da revogação da prisão, em uma condenação em primeira instância no caso da invasão da Rocinha em 2017.

Nos 20 anos de cadeia, o Celsinho passou boa parte no Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Ele retornou ao Rio em 2017, em transferência para o Complexo Penitenciário de Gericinó, onde estava até ser solto.

Segundo o advogado Max Marques, que defende Celsinho, a causa do atraso na soltura foi um problema nos trâmites da consulta realizada ao Serviço de Arquivo (SARQ) da Polícia Interestadual (Polinter), para saber se o preso se encontra acautelado em razão de outros processos judiciais.

Invasão

Denúncia do MPRJ indicou que os delegados Maurício Demétrio e Antônio Ricardo estariam à frente de um plano para incriminar o traficante pela invasão da Rocinha, para auxiliar o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, na disputa pelo controle da venda de drogas na comunidade.

Com a declaração do MP, a desembargadora entendeu que Celsinho não foi responsável pela organização da invasão na Rocinha.

O ex-titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial da Polícia Civil Maurício Demétrio, que ficou no cargo entre março de 2018 e março de 2021, foi preso em sua casa, em um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde foram apreendidos R$ 240 mil em espécie e três carros de luxo blindados.

A prisão ocorreu no âmbito da Operação Carta de Corso, deflagrada no dia 30 de junho deste ano. Quando estava sendo levado para a sede da chefia da Polícia Civil, Demétrio disse à imprensa que o dinheiro declarado em seu Imposto de Renda era fruto de herança. Sobre os carros, contou que somente dois eram seus e que a Corregedoria de Polícia tinha conhecimento.

O ex-titular da delegacia da Rocinha, Antônio Ricardo, alvo de mandado de busca e apreensão na mesma operação, negou a participação no plano e responsabilizou Demétrio pelo envolvimento do nome dele na acusação a Celsinho. “Confio na Justiça e na minha absolvição sumária”, disse em vídeo divulgado à imprensa.

Transferência

Em maio de 2017, Celsinho foi transferido do presídio federal de segurança máxima em Porto Velho, Rondônia, para a Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, Bangu I, no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio. O motivo da transferência naquela época foi o vencimento do prazo de permanência dele na unidade federal, onde estava preso desde 2002.

Apontado como fundador de uma grande facção criminosa do Rio, atualmente Celsinho estava preso na Penitenciária Lemos Brito, Bangu VI, no mesmo conjunto prisional.

Em outubro de 2016, participou como testemunha de defesa em processo contra o traficante de uma facção rival, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, julgado por envolvimento em rebelião no Complexo de Gericinó, quando quatro presos aliados de Celsinho foram mortos. Durante o julgamento, o traficante disse que era testemunha para pagar uma dívida por ter sido mantido vivo na rebelião de 2002.

Com Agência Brasil

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