Crime

'Respeito nestes espaços', pede cientista vítima de racismo em livraria

Nina da Hora criou uma vaquinha online para arrecadar livros

A pesquisadora tinha o hábito de frequentar a livraria rotineiramente.
A pesquisadora tinha o hábito de frequentar a livraria rotineiramente. |  Foto: rede social
 

Apaixonada por leitura, a pesquisadora carioca e cientista da computação , Nina da Hora, criou uma vaquinha online para arrecadar livros, depois de alegar ter sido vítima de racismo, na livraria da Travessa, no Leblon, na Zona Sul do Rio. O caso aconteceu nesta sexta-feira (4), depois que ela e sua irmã foram, como de costume, até a unidade para comprar livros.

Segundo Nina, um dos seguranças da unidade se aproximou e parou em frente à pilha de livros no momento em que a pesquisadora escolhia. 

“O segurança se sentiu no direito de me seguir e parar em cima dos livros que eu estava olhando. O que me deixou com mais raiva foi ele ter se debruçado nos livros que eu estava vendo na bancada a ponto de eu ter que pedir licença. Ele entrou na minha frente como se eu fosse pegar algo e correr”, relatou. 

Em seguida, contou ela através das suas redes sociais, uma gerente do estabelecimento veio até eles e disse que iria conversar com o segurança, mas ali ela explica que passou por mais constrangimento. 

“Tive que falar o valor que gastei da outra vez e foi alto. A gerente disse que iria falar com ele. Imagina só me constranger a ponto de não me deixar fazer uma das coisas que mais amo que é ler. A primeira pergunta da gerente foi querer saber onde eu morava. O ponto é que não deixarei de entrar em livrarias, nem deixar de ler por isso. Aconteceu em um dos lugares que mais me sinto bem. O lugar não está preparado para pessoas negras, então é o lugar que tem que se retirar”, relatou o episódio. 

A cientista relatou ainda que o estabelecimento ficou de retornar e prestar assistência, mas que até o momento nada foi feito. Ela já acionou seus advogados e deve processar o local.

O lugar não está preparado para pessoas negras, então é o lugar que tem que se retirar Nina da hora, pesquisadora

Também através das redes sociais, a livraria Travessa informou, em nota, que reforça seu posicionamento de que não compactuar com nenhuma prática discriminatória de qualquer natureza e que sua missão é incluir, divulgar e promover o acesso a todas as manifestações culturais. A livraria disse ainda que está em contato com as clientes.

A Polícia Civil também foi questionada sobre o ocorrido e respondeu que o caso ainda não foi registrado na Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

 Ajuda

 Neste sábado (5), a cientista criou uma vaquinha online com o objetivo de arrecadar livros para criar sua própria livraria. O valor estipulado foi de R$ 500 mil. Em duas horas, já havia a quantia de R$ 2,3 mil.   

“Essa vaquinha pode demorar, mas, por ora, o que eu posso fazer é continuar tendo visão. Eu quero sim ter uma livraria por minha paixão aos livros, mas sobretudo por querer ver respeito nestes espaços. Quando eu disse que a raiva tá me movendo é que é num nível altíssimo. Por outro lado, as providências serão tomadas com o ocorrido”, disse.

Rotina

Na última quarta-feira (2), o dentista e filho do comediante Mussum, Igor Palhano, também postou em suas redes sociais um caso que alega ter sofrido racismo. Segundo ele, um shopping na Zona Oeste do Rio teria o impedido impedido de deixar o estacionamento com sua moto sob a alegação de roubo. 

No estabelecimento, Igor contou que foi solicitado a apresentar a documentação da moto, mas mesmo assim foi impedido de sair do local por meia hora e só foi liberado por não aparecer ninguém da administração do shopping ou do Serviço de Atendimento do Consumidor, e ele mencionar o pai. 

"Em dado momento falei: meu pai era um cara que brincava sempre com esse tipo de situação, levava na brincadeira, e que nunca acreditei que fosse passar por isso. Aí começaram a me tratar melhor", disse. 

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